Por Zezinho de Caetés
Meu conterrâneo, o Lula, continua a detestar as “elites”. A grande dúvida que ainda tenho
e parece que é também da maioria da população brasileira, é sobre o que
significa “elite” para ele. Se são os
banqueiros, que ficaram muito ricos durante seu governo e continuam assim, os
intelectuais da “esquerda caviar” que
continuam em greve permanente nas universidades, só ensinando dogmas
ideológicos, os líderes do MST que invadem e descumprem a lei todos os santos
dias, a turma do rolezinho que invade
shoppings e usam brinquinhos de bijuterias, os black blocs, que prometem
infernizar a copa do mundo de futebol, os corruptos petistas que cada dia estão
mais ricos com nosso dinheiro, ou o próprio Lula que constituiu a família mais
vencedora de retirantes nordestinos, em termos financeiros.
Ontem, em uma solenidade no interior da Bahia, onde recebeu
o título de cidadão da cidade de São Francisco do Conde, participando da
inauguração de uma universidade, que operará nos mesmo moldes daquelas
inauguradas em seu governo (universidade de Letras sem livros e de Medicina sem
cadáveres), e que, dentro em breve, provavelmente, lhe outorgará o 1120º título de Doutor Honoris
Causa, disse o seguinte:
“Nunca vi baterem
tanto na presidenta Dilma como estão batendo agora. Eu pensava que o
preconceito era com relação a mim, pelo fato de ser um nordestino. Mas agora
eles batem na Dilma porque ela é mulher. Batem na Dilma porque não acham
possível este país eleger e reeleger uma mulher. Mas essa mulher vai ser
reeleita para a desgraça deles [as elites].”(O Globo – 13/05/2014)
Santo Deus! Nunca vi tantas mentiras numa frase só e também
tanta incitação à violência ao colocar pobres contra ricos e petistas contra
não petistas, que é a divisão que hoje vive a nação até quando o Lula definir o
que quer dizer quando fala de “elites”.
O Lula foi eleito porque era nordestino e Dilma foi eleita porque era mulher e
cria dele. E agora os que são informados e sensatos batem tanto nela quanto
nele porque foram incompetentes no cargo para o qual se apresentaram. O governo
do Lula fez alguma coisa boa pelo país enquanto aproveitou o que vinha do que
eles chamam de “herança maldita” do
governo “neoliberal”, de FHC, que de
liberal não tinha nada a não ser tentar contralar o estado produtor para que
ele não levasse ao fundo do poço a economia brasileira. Foi nele que o país
pôde conhecer, depois de muito tempo, uma moeda estável, e foi onde começou um
processo civilizado de distribuição de renda.
Todos hoje no Brasil, pelo menos os informados (esperando
que até outubro os outros se informem) que o governo Dilma é o pior, não desde
o descobrimento, mas antes dele. Certamente, os índios tratavam esta terra com
mais competência. Se for reeleita, não fará só a desgraça das “elites”, seja lá o que isto for, mas a
desgraça de todos os brasileiros, com exceção de alguns petistas que querem
continuar mamando nas tetas do estado e saindo da cadeia para ir comer hambúrguer
na MacDonald. Dá-lhe, Joaquim Barbosa. Lei neles!
Mas, encontrei um texto hoje, que, como sempre explica
melhor do eu, o que é a desfaçatez das hostes petista em geral e a de Lula em
particular, publicado no Estado de S. Paulo de 12/05/2014, do Carlos Alberto Di
Franco que se intitula: “A Democracia de
Lula” . Leiam e vejam se o título que dei a este meu nariz de cera, não é
mais apropriado. Primeiro eu pensei em “Desfaçatez
sem limites”, mas poderiam pensar que eu fosse escrever sobre o discurso da
Dilma do Dia do Trabalhador ou a declaração do Rui Falcão sobre o fato do
Joaquim Barbosa cumprir a Lei. Então resolvi ser mais explícito para os
leitores viciados em petismo não perderem seu tempo lendo. Mas, aqueles que
gostarem do texto recomendem aos, cada dia em maior número, algum recalcitrante
petista.
“Documento elaborado pelo presidente do PT, Rui Falcão, sobre a
campanha eleitoral deste ano classifica a imprensa como "mídia
monopolizada, que funciona como verdadeiro partido de oposição". Segundo o
texto, "a disputa eleitoral" vem sendo marcada "por um pesado
ataque ao nosso projeto, ao governo e ao PT da parte dos conservadores, de
setores da elite e da mídia monopolizada". O ex-presidente Lula, único
maestro da orquestra ideológica petista, já tinha dado o tom ao afirmar que a
imprensa é o maior "partido de oposição" do País. É a música de
sempre: eles e nós.
Chocam, e muito, o autoritarismo e o cinismo que transparecem nas
declarações que acabo de citar. A imprensa é uma instituição genuinamente
democrática e não sintoniza, por óbvio, com projetos hegemônicos e autoritários
de poder. O próprio Lula é o resultado direto de uma sociedade livre e
democrática. Sua saga pessoal, extraordinária, passou por uma imprensa que
abriu amplos espaços para um jovem sindicalista que, então, transmitia uma
mensagem renovadora.
Luiz Inácio Lula da Silva, sobretudo no seu primeiro mandato, teve
méritos indiscutíveis. Basta pensar nas políticas sociais adotadas por seu
governo. O Bolsa Família, pilotado com competência e seriedade pelo ex-ministro
Patrus Ananias, foi uma importante ferramenta de inclusão. Mas era preciso que
esse instrumento, aos poucos, introduzisse seus destinatários na cidadania.
Isso não ocorreu. Os programas sociais, cuja validade não contesto, renderam
milhões de votos, mas não fizeram cidadãos. Só a educação é capaz de
transformar eleitores cativos em pessoas livres, e a educação não foi um
quesito valorizado no governo petista. E fica patético continuar falando da
"herança maldita do governo neoliberal". Somados Lula e Dilma, são 12
anos de PT no poder. Não dá mais para debitar os problemas em conta alheia.
A última fase do governo Lula, marcada por constantes e crescentes
episódios de corrupção, cumplicidade com oligarquias nefastas e manifestações
de desprezo pelas liberdades públicas, fizeram com que a imprensa apenas
cumprisse o seu dever: informar, apurar, denunciar. O papel fiscalizador da
mídia, algo absolutamente normal em qualquer democracia do mundo, passou a ser
encarado pelos petistas como ação planejada por "setores da elite e da
mídia monopolizada".
Mas, afinal, amigo leitor, o que a imprensa tem feito para provocar
tanto ódio ideológico, tanto rancor, tanta fúria? A resposta é muito simples:
tem informado. A informação independente, profissional, sem cabresto é algo que
incomoda. Nas democracias há sempre uma tensão entre os políticos e a imprensa.
E é bom que seja assim. Nas ditaduras não é assim. Em Cuba, modelo tão louvado
por Lula e matriz do bolivarianismo, um grupelho manda e o resto obedece. Não
há contraponto. Existe apenas o silêncio imposto pelos opressores. Reconheço
que Dilma, não obstante seu viés ideológico radical e seu despreparo como
governante, é diferente. Honrou seu compromisso de não agressão à liberdade de
imprensa.
Irrita-se Lula porque a imprensa não se cala diante do seu
exibicionismo de contradições e desfaçatez. Em recente entrevista à TV
portuguesa, chegou a ponto de interromper a entrevistadora que queria saber o
grau de suas relações com José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares. "Não
se trata de gente da minha confiança." Fantástico!
As denúncias da imprensa sobre os desmandos na Petrobrás, consistentes
e sólidas como uma rocha, não provocam no ex-presidente a autocrítica que se
espera de um estadista. Ao contrário. Sua ordem é "ir para cima" de
quem represente um risco para o projeto de perpetuação do PT no poder.
Incomoda-se Lula porque os jornais desnudam suas aparentes
contradições, que, no fundo, são o resultado lógico da práxis marxista: o fim
justifica os meios. O compromisso com a verdade é absolutamente desimportante.
O que importa é o poder. Em agosto de 2006, quando o escândalo do mensalão
estourou, Lula falava: "Quero dizer, com franqueza, que me sinto traído.
Não tenho vergonha de dizer ao povo brasileiro que nós temos de pedir
desculpas". Agora, na alucinante entrevista à TV portuguesa, Lula afirma
rigorosamente o contrário: "O mensalão teve praticamente 80% de decisão
política e 20% de decisão jurídica". É um ex-presidente da República,
responsável pela nomeação de 8 dos 11 integrantes do Supremo Tribunal Federal,
acusando a Corte de cumplicidade na "maior armação já feita contra o
governo".
Não é de hoje a fina sintonia do petismo com governos autoritários. O
Foro de São Paulo, entidade fundada por Lula e Fidel Castro, entre outros, e
cujas atas podem ser acessadas na internet, mostra que não há acasos.
Assiste-se, de fato, a um processo articulado de socialização do continente de
matriz autoritária. E o ex-presidente da República é um dos líderes - talvez o
mais expressivo - dessa progressiva estratégia de estrangulamento das
liberdades públicas.
Cabe à imprensa, num momento grave da história da democracia, denunciar
a tirania que se tenta armar, mesmo quando camuflada pela legitimidade das
urnas. É preciso denunciar as estratégias gramscianas de tomada do poder. O
papel da imprensa não é estar do lado do poder e, muito menos, aplaudir
unanimidades momentâneas. Nossa função é mostrar o que é verdadeiro e
relevante.
Tentativas de controle dos meios de comunicação, flagrantemente
inconstitucionais, serão repudiadas pela imprensa séria e ética, pelos
formadores de opinião (que não vendem sua consciência em balcões de negócios) e
pela sociedade. Os brasileiros apreciam a democracia. Assim como condenaram os
regimes de exceção, não aceitam projetos autoritários que, sob o manto da
justiça social, anulam um dos maiores bens da vida: a liberdade.”
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