Por Carlos Sena. (*)
Ser moderno é por e dispor do que
a modernidade oferece. Certo? Até a página dois. Porque em tudo a gente deve
primar pelos limites, pelo centro das coisas que iremos fazer ou se permitir
aos fazeres. Plastificar o rosto é uma dessas coisas. Botoxar o rosto, siliconizar
o rosto, tudo são atrativos que muitos não resistem e se permitem. Ilusão do
rostinho bonito? Da bunda lá em vima, do peito empinado? Sei não. E até sei.
Porque nós temos que aprender com a vida o limite dela, pois não adianta pintar
o cabelo de preto igual uma graúna quando o rosto não tem vigor, nem mais
frescor. A emenda fica pior do que o soneto, pois todos logo veem que aquele
cabelo não combina com o conjunto da face. Mas, se pode pintar o cabelo de uma
forma mais próxima da realidade do rosto e, então, tudo poderá ficar mais ameno
e saudável. Fora do quesito "cabelo" o uso do silicone tem mexido
muito com a cara das mulheres, principalmente as atrizes. Muitas chegam a ficar
com um "Sorriso de Lagarto" e, portanto, rir ou chorar pra elas não
modifica o comportamento do rosto. As pessoas no geral ficam sorrindo como se
estivessem com medo do couro da boca se rasgar. Com isso o angulo facial fica
deformado e, certamente, poderá causar espanto à própria pessoa diante do
espelho. Tonia Carreiro é uma dessas. Elza Soares idem. Claro que não temos
nada a ver com isso, ou não? A partir do momento em que a gente se assusta,
então poderemos dizer que sim.
O Sorriso de Lagarto se nos
afigura como uma derrota das pessoas que não assumem que o tempo passa; que a
Lei da Gravidade chega pra todos; que silicone e botox não recuperam as nossas
musculaturas - apenas espicham o couro que sobra e, se não houver cuidado, o Sorriso de Lagarto se
apropria da cara e a deixa sem limite de chorar e sorrir... Por isso advogo que
nada melhor do que o bom senso em tudo. Quer retocar o rosto, a bunda, os
peitos? Use tudo que a modernidade oferece! Só não se deve esquecer que ainda
não existe o elixir da vida eterna e um dia, ah um dia! A gente vai mesmo para
outros planos na eternidade.
Portanto, melhor assumir que o
tempo passou, mas que que por dentro você não se deixou de si. Assim, melhor
sorrir um sorriso sincero, mas seu, do que sorrir um Sorriso de Lagarto.
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 16/08/2014
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