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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Polarização e voto útil




Por Zezinho de Caetés

Este início de semana foi mais quente, político/eleitoralmente, do que o normal. Logo na segunda feira, um debate e uma entrevista. Vi os dois, por isso estou aqui sonolento, mas, satisfeito com o que vi, embora, com algumas ressalvas. Vamos tentar mostrar tudo o que vimos, levando em conta o meu viés de considerar o PT uma excrescência, como mostram os fatos. E que, se Deus quiser, dará seu último suspiro em  outubro.

Minha satisfação provêm do que hoje é uma expectativa poderosa, de que a Dilma volte para o Sul e vá cuidar do seu netinho Gabriel, que já foi usado até como massa de manobra eleitoral, assim como usou o cachorro do Zé Dirceu, para mostrar que a “vovó” é uma candidata digna do voto das mulheres deste país. E de onde vem esta expectativa?

Se não fosse pela corrupção e bandalheira em quase todos os setores do Estado, hoje totalmente aparelhado até para falsificar a Wikipédia, das mentiras sobre a economia, da enganação dos pobres, seria pelo visual da candidata no debate que mais parecia um pimentão vermelho, mostrando aquela cara de desespero ao manusear os papéis. Ela realmente está perdendo o controle. E a forma mal educada como tratou o Aécio, mostrou visivelmente seu desequilíbrio. No mínimo ela teria, também, que trocar o cabeleiro, para diminuir os tons de loiro.

Enquanto isto, a Marina desfilava confiança, montada nas pesquisas que dizem que ela é a bola da vez. E neste curto debate, em relação ao da Band, o que se viu foi uma contenda entre a Dilma e ela, mostrando que se continuar assim, adeus Dilma, e que já vá tarde. Por outro lado, o Aécio foi brilhante nos poucos instantes em que apareceu. Não deve ser subestimado, porque representa uma grande parte da sociedade brasileira que não quer o PT, mas, também não quer as incertezas que a Marina pode trazer, por ter pertencido a este partido.

E vi também a entrevista da Marina ao Jornal da Globo. Os entrevistadores não pegaram tão pesado quanto os do Jornal Nacional, mas, foram bastante duros. E o que eu vi foi uma Marina fluente e segura nas respostas. É óbvio que nem tudo foram flores, pois não gostei que quando a coisa aperta ela recorra logo à Bíblia, embora eu seja cristão, mas, católico, que só ler a Bíblia quando é citada nos livros do catecismo. Mas, não é por entrevista que ela vai cair da onda.

Eu concordo com algo que o imortal Merval Pereira disse a semana passada, de que deixar o Aécio perecer de forma bárbara nesta eleição, não seria bom para nossa frágil democracia. Ou seja, seria um risco muito grande deixar Marina navegar esta onda sozinha e, não tão lá na frente, ter um acesso de petismo (que ainda está entranhado em sua cabeça, tronco e membros) e voltarmos à estaca zero outra vez, tendo que aturar mais quatro anos de PT, mesmo que com outra mulher.

Por isso mesmo, o texto que eu transcrevo hoje é do imortal, como está no Blog do Noblat (02/09/2014), com o título de “Nova polarização”. Onde ele chega às mesmas conclusões que eu, de que está difícil segurar a onda da Marina, a partir de Dilma, muito menos colocando Aécio para escanteio. Ou seja, o melhor dos mundos para quem quer este Brasil um pouco à direita, com valorização do indivíduo, diminuição da influência do Estado, privatizações e outras importantes metas de um autêntico liberal, seria um segundo turno entre Aécio e Marina, já que o Pastor Everaldo não tem muita chance (e penso, depois dos debates nem muita capacidade).

Mas, fiquem com texto do Merval e meditem. Temos tempo até 5 de outubro para pensar muito, e, quem sabe dar um voto realmente útil para o bem do Brasil.

“A candidata Marina Silva atravessa talvez o melhor momento de sua campanha, apesar de ter passado a ser o alvo dos adversários. Acontece que é muito difícil atacá-la por seus supostos defeitos, como tomar decisões com base na religião, e ela pode prometer tudo, como qualquer candidato de oposição faz. O fato de estar em ascensão nas pesquisas permite a Marina posar de vítima quando lhe interessa, e partir para o ataque quando e como quiser.

A presidente Dilma bem que tentou mostrar que as promessas de Marina não fecham as contas, mas para quem está à frente de um governo desastroso não é tarefa banal ensinar como as coisas devem ser feitas. Quando tentou mostrar que as promessas não cabiam no Orçamento do país, a presidente Dilma teve que ouvir que o corte de desperdícios e a racionalização dos gastos públicos dariam conta do recado.

A questão do petróleo, que poderia ser para Dilma o que foram as privatizações para o presidente Lula na disputa pela reeleição em 2006, é de difícil exploração desta vez, pois a situação caótica da empresa brasileira, com perda de valor na Bolsa, diretores presos e várias acusações de corrupção, não permite à presidente mostrar o erro da falta de prioridade que o programa de Marina dá ao pré-sal.

Também o abuso do uso político do pré-sal e da autossuficiência brasileira do petróleo, desmentida pela conta de importação, não permite a Dilma reagir com o rigor que deveria merecer o assunto. Os especialistas apontam que o programa da Marina tem nitidamente preconceito em relação ao petróleo e gás natural, o que, para o consultor Adriano Pires, um dos assessores do candidato do PSDB, é “uma visão míope e que poderá trazer grandes prejuízos ao país”.

Marina até que corrigiu o rumo de seu discurso falando que o pré-sal deverá ser usado para desenvolvimento de novas tecnologias, mas colocou de lado, e a presidente Dilma não rebateu, os royalties para estados e municípios e a geração de empregos. Não fica claro na proposta de Marina se teremos continuidade nos leilões de petróleo, e sob que marco regulatório, mas o governo petista também perdeu um tempo enorme sem realizar leilões de blocos de petróleo.

Na realidade, diz Adriano Pires, o pré-sal é um bem necessário e qualquer país gostaria de ter reservas de petróleo como as brasileiras. O pré-sal e as fontes renováveis não são excludentes, mas nos governos petistas caímos no erro de dar destaque absoluto ao petróleo, tudo pré-sal, inclusive estimulando o uso de automóveis, dando subsídios às montadoras e controlando o preço da gasolina para conter a inflação, o que foi criticado por Marina no debate de ontem.

Mas se não for pressionada, podemos trocar de erro, dando prioridade para as energias renováveis e execrando o petróleo e o gás natural. A presidente Dilma ainda tentou vender a ideia de que investiu em alternativas energéticas como a eólica, afirmando que somos hoje o segundo país do mundo mais preparado para aproveitá-la, mas Marina nem deu bola.

O fato é que, como ressalta Adriano Pires, as energias renováveis não terão condições de sozinhas garantirem a segurança energética do país. E até o momento ninguém acusou Marina pela redução da capacidade das usinas hidrelétricas, pelo fato de as novas serem a fio de água, sem os grandes reservatórios que prejudicariam o meio ambiente, segundo critério imposto por Marina quando no Ministério do Meio Ambiente.

Isso obriga necessariamente a construção de térmicas, já que eólicas e solares são energias intermitentes. O segundo motivo pelo qual as energias alternativas não podem ter prioridade hoje é preço. As fontes renováveis de energia ainda são mais caras e, portanto, a sua entrada de maneira consistente tem de ser feita através de programas que não penalizam o consumidor nem tirem a competitividade da indústria, nem criem dificuldades e problemas na operação do sistema elétrico.


Mas nada disso foi discutido nos debates até o momento, e tudo indica que não será pois Marina paira acima dessas dúvidas técnicas, vendendo sonhos e vontade de mudança. Justamente o que 80% dos eleitores querem. Ela polarizou o debate com a presidente Dilma, como apontam as pesquisas, e deixou o candidato do PSDB em segundo plano.”

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