Por Zezinho de Caetés
Hoje transcrevo um texto do imortal Merval Pereira, cujo
título é “Delenda Marina” (09/09/2014
– O Globo). Como defendo que se escreva hoje numa linguagem intelegível até
para os bolsistas familiares, tenho que lidar até com o Latim, que é uma língua
mais morta do que a possibilidade da Dilma ser reeleita, a esta altura do
campeonato.
Hoje não se precisa nem recorrer à memória nem aos velhos
alfarrábios (livros velhos sem muita importância, para ser mais claro e
prolixo, como convém explicar alguma coisa a alguém que tem o mesmo
conhecimento que o Lula) para explicar a frase. Basta ir à Wikipédia (antes que
o Planalto a mude) e verificar:
“"Delenda est Carthago" ("Cartago
deve ser destruída") é uma frase célebre da oratória latina cujo uso
se popularizou na República Romana, no século II a.C., durante os últimos anos
das Guerras Púnicas, travadas por Roma contra Cartago, especialmente pelos
membros do partido político que visava eliminar qualquer ameaça à República
Romana de seus velhos rivais cartaginenses, que haviam sido derrotados
anteriormente por duas vezes e tinham uma tendência a reconstruir rapidamente
suas defesas após cada derrota militar. Simboliza uma política de aniquilação
dos inimigos de Roma que se envolvessem em quaisquer atos de agressão, e a
rejeição de tratados de paz como uma forma de dar um fim a conflitos bélicos.”
Pronto, qualquer pessoa agora saberá do que o imortal Merval
vai tratar. Resumo. Depois da morte do Eduardo Campos e com a candidatura de
Marina à presidência, o mapa eleitoral mudou em direção da eleição de Marina, o
que poderia se dar até no primeiro turno. O que fazer? Perguntaram os seus
adversários. Ora, o mesmo que Roma queria fazer com Cartago: Delenda ela! A Dilma bate de um lado e o
Aécio bate de outro. E a Marina, tão magrinha, coitadinha, ficou mais exprimida
do que cachorro debaixo de pneu de carreta.
Da Dilma, leia-se PT, já era esperada esta reação, e do
Aécio também. A diferença entre os dois é que, se antes, a corrupção já era até
marca d’água nos papeis lidos pela Dilma, agora é a mentira que não sai de seus
lábios. O Aécio não mente tanto, e para um político, ele parece até cumprir um
ritual. Todos querem que a Marina volte para o Xapuri, como eu quero que o Lula
volte para minha querida Caetés.
Mas, isto já é jornal de ontem e a morte do Eduardo já havia
sido absorvida pela população, mas agora, ele ressurgiu para atazanar a vida da
Marina, com o escândalo do Petrolão, que foi o vazamento das entrevistas do
Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobrás, agora preso, e que resolveu,
através da Delação Premiada, colocar não só os pingos nos i,s mas jogá-los,
sujos de petróleo em cima de monte de gente, inclusive do Eduardo. Eu penso
que, mesmo o Eduardo sendo culpado, não se pode envolver a Marina com todos os
imbróglios que seu antigo colega de chapa se meteu em vida. Para não ter alguma culpa é necessário que ela apoie
qualquer tipo de investigação, mesmo que elas possam levar à culpar o Eduardo.
Só assim ela estará livre para merecer minha confiança, apesar de ainda não ter
decidido meu voto.
Já a Dilma e o Lula, estes não têm escapatória. O que eles
deixaram fazer na Petrobrás, segundo eles próprios, o grande patrimônio do povo
brasileiro, não tem perdão. Mas o que vemos? A exemplo de Lula no caso do
mensalão em 2005, a Dilma poderá dizer que foi traída e pedirá desculpas aos
brasileiros pelo escândalo do mar de lama que entope os dutos da Petrobras,
ameaçando tragar a maior empresa do continente, mas, o povo brasileiro já
cansou desta lorota, que Lula usou para se eleger em 2006. Mesmo assim, seria
uma saída melhor do que apelar para o “Não
sabia!”, outra criação do seu criador.
Se assim ela não proceder, pegando o papel de boba da corte,
em relação a seus subalternos na administração da Petrobrás, o que dirá ela da
lista do Paulinho (como Lula chamava o assessor lavador de dinheiro a jato) que
envolve tantos aliados de primeira, segunda e última hora? Vejam o tamanho da encrenca em que ela se
meteu e como ela saiu de encrencas anteriores, nas palavras do Ricardo Noblat
(em seu blog em 08/09/2014) quando ele fala do “Mar de lama que envolveu a Petrobrás”:
“A auxiliar de mais
largo prestígio nos oito anos de Lula no poder, a presidente eleita sem jamais
ter sido, sequer, síndica de prédio, Dilma foi surpreendida, assim como o seu
mentor, pelo escândalo do mensalão – o pagamento de propina a deputados
federais para que votassem conforme a vontade do governo.
Foi surpreendida de
novo quando chefiou a Casa Civil da presidência da República e ficou sabendo
que um dos seus funcionários confeccionara um dossiê sobre o uso de cartões
corporativos pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua mulher, dona
Ruth.
Dilma pediu desculpas
ao casal. O autor do dossiê conseguiu manter-se na órbita do serviço público.
Outra vez, Dilma foi
surpreendida pela suspeita de malfeitos praticados por Erenice Guerra, seu
braço direito na Casa Civil e, mais tarde, sucessora no comando do ministério.
Na ocasião, Dilma
estava em campanha pela vaga de Lula. Para evitar danos à sua candidatura,
Erenice pediu demissão. Dali a dois anos, a Justiça a inocentou por falta de
provas de que roubara e deixara roubar.
Quase ao término do
seu primeiro ano de governo, batizada por assessores de “a faxineira ética”,
Dilma degolou seis ministros de Estado. Pesaram contra eles acusações de
corrupção publicadas pela imprensa.
De lá para cá,
ministérios e cargos públicos foram entregues por Dilma aos ex-ministros
degolados ou a grupos políticos ligados a eles. A “faxineira ética” baixou à
sepultura.
Por ora, Dilma está
atônita e se recusa a falar sobre o mais novo escândalo que bate à sua porta.
Paulo Roberto Costa,
chamado de Paulinho por Lula, preso em março último pela Polícia Federal como
um dos cérebros da quadrilha acusada de roubar a Petrobras, começou a contar o
que sabe – ou o que diz saber. Em troca, quer o perdão judicial para não ter
que amargar até 50 anos de cadeia.
Dilma sabe muito bem
quem é Paulinho, nomeado por Lula em 2004 para a diretoria de Abastecimento da
Petrobras. Saiu dali só em 2012.
No período,
compartilharam decisões, algumas delas, responsáveis por prejuízos bilionários
causados à Petrobras.
Dilma mandou
diretamente na empresa enquanto foi ministra das Minas e Energia e chefe da
Casa Civil. Manda, hoje, via o ministro Edison Lobão, das Minas e Energia.
Lobão foi citado por
Paulinho como um dos políticos integrantes da mais nova e “sofisticada
organização criminosa” da praça, juntamente com mais seis senadores, 25
deputados federais e três ex-governadores.
A organização
superfaturava licitações da Petrobras e desviava dinheiro para um caixa que
financiava campanhas de políticos da base de apoio ao governo. Por suposto, nem
Lula nem Dilma sabiam disso.
O que é mais notável:
entra campanha e sai campanha da Era PT, e os adversários do governo são
acusados por Lula e Dilma de se valerem da Petrobras como arma política.
Pois bem, debaixo do
nariz deles, camaradas deles usaram a Petrobras como arma para enriquecer.”
Eu não quero me prolongar para não cansar a paciência de
vocês, e transcrevo abaixo o Merval, para vocês meditarem sobre os possíveis
caminhos dos candidatos a presidente. Eu acho que a Dilma só teria uma saída
honrosa: Renunciar e colocar o Michel Temer em seu lugar, porque o Lula também
já era.
“Pois “Delenda Marina” é a frase que move as campanhas de Dilma e Aécio
Neves, com estratégias distintas, mas com o mesmo objetivo. Dilma sabe que hoje
sua principal rival é a ex-senadora petista, e quer, no mínimo, vê-la chegar ao
2º turno debilitada.
Já Aécio busca recuperar o segundo lugar na disputa para ir ao segundo
turno com chances de vitória. Sua campanha está convencida de que quem for para
o segundo turno com Dilma vence a eleição, ainda mais agora com os novos
escândalos na Petrobras.
A campanha de Dilma tem sido de uma agressividade reveladora, pois não
tem pruridos em explorar até mesmo contradições que não existem, como o suposto
menosprezo do programa de Marina pelo pré-sal. Não há nada no programa que
indique isso, mas o PT é especialista em criar fantasmas, tática do medo que
esteve na raiz de campanhas contra o próprio Lula em 1989 e hoje é usada por
seus aliados sem o menor constrangimento.
Collor, hoje aliado político, espalhou boatos contra Lula: ele iria
confiscar a poupança, ideia que o próprio Collor tornou realidade depois de
eleito. Os apartamentos dos ricos seriam divididos com os pobres. E por aí vai.
Hoje, o PT não tem vergonha de comparar Marina ao Collor de 89, embora o Collor
de 2014 seja de sua base de apoio no Congresso. E repete a velha e vil manobra
de acusar Marina de querer privatizar a Petrobras, que já deu certo em 2006
contra Geraldo Alckmin.
Desta vez, o efeito tende a ser menor, pois, além de a acusada ser uma
política oriunda do petismo e da esquerda, os problemas da Petrobras estão
justamente na “privatização” branca da estatal feita pelos petistas e partidos
aliados, que gerou uma série de escândalos de corrupção cuja investigação em
curso ainda deve dar muito o que falar.
Os vazamentos dos depoimentos do ex-diretor Paulo Roberto Costa,
retirado de uma “geladeira” na companhia para, durante 8 anos de gestão petista
com Dilma Rousseff à frente da área de energia, capitanear um mega esquema de
corrupção para financiamentos de partidos políticos, estão reafirmando a face
mais perversa dessa “velha política” que o PT aprofundou ao chegar ao poder.
Por duas vezes, aliás, essa prática foi admitida implicitamente pela
própria presidente Dilma, ontem na entrevista ao “Estadão”, e pelo ministro
Gilberto Carvalho. A presidente disse: “Se houve alguma coisa, e tudo indica
que houve, eu posso te garantir que todas, vamos dizer assim, as sangrias que
eventualmente pudessem existir estão estancadas".
Já o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho,
elaborou uma tese sobre o caixa dois das campanhas: “Enquanto houver
financiamento empresarial de campanha e a campanha se tornar momento de muitos
ganharem dinheiro e movimentar muito recurso, quero dizer que não há quem
controle a corrupção enquanto houver este sistema eleitoral. E isso é com todos
os partidos, não há, infelizmente, nenhuma exceção”.
Os dois, portanto, tentam reduzir a importância do que acontece nas
entranhas do governo, da mesma maneira que Lula tentou relativizar o mensalão
dizendo que era uma prática que “todo mundo faz”.
Já Aécio, que andou batendo forte em Marina a ponto de ter provocado
nas hostes da adversária a advertência de que a possibilidade de acordo num
segundo turno e num futuro governo estava comprometida, vai calibrar a pontaria
mais em Dilma do que em Marina na questão da Petrobras, na certeza de que “esse
escândalo é dela”.
Marina, envolvida nessa trama indiretamente devido à citação do
falecido governador de Pernambuco Eduardo Campos, vai continuar sendo atacada
na alegada inexperiência e nas contradições de seu programa de governo “porque
nós precisamos ganhar a eleição”.
Na avaliação da campanha de Aécio, deixar que só a presidente Dilma
ataque Marina seria abrir mão de disputar a vaga no segundo turno a favor de
Marina, em busca de um acordo futuro.
Mesmo não prescindindo desse eventual acordo, Aécio não pretende abrir
mão da chance que vê de retomar a disputa presidencial, na esperança que um
segundo turno será especialmente difícil para a presidente Dilma, diante das
informações sobre o esquema de corrupção que devem circular nesses próximos 45
dias de campanha.”
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