Por Zezinho de Caetés
Li, na quarta-feira, um texto do Fernando Rodrigues na Folha
de S. Paulo, intitulado “Haja Prozac”.
De início eu pensei que seria mais uma propaganda da indústria farmacêutica
para incrementar a venda do seu antidepressivo mais conhecido, com todos os
seus efeitos colaterais. Enganei-me feio, porque descobri que o texto versa
sobre o possível aumento de consumo da droga em Brasília, se acontecer o que
todo brasileiro ciente de sua responsabilidade deseja, a retirada em massa dos
petistas do poder.
Apesar do aspecto humorístico do quadro que ele traça,
mostrando as caravanas de ex-assessores petistas, saindo da capital federal,
puxando uma carroça quase vazia mas com as cuecas cheias de dinheiro, o assunto
mais importante que ele toca é a tal da “alternância”
de poder, num regime democrático. Eu até acho que não é nem a participação popular
o mais importante neste regime tão criticado mas ainda o que temos de melhor. O
mais importante é a alternância das bundas que sentam nas cadeiras de onde se
dirigem a nação. O importante do povo no regime democrático é que ele é o
responsável por esta mudança, apesar de todas as imperfeições do sistema.
Nossa democracia, graças, em parte ao instrumento da
reeleição, sobre a qual concordo com o Joaquim Barbosa quando diz que ainda não
estamos pronto para ele, tem uma tendência acentuada em prezar pela
continuidade dos governos, e estes se empenham ao máximo em, mesmo de formas
tortas, permanecer no poder peronia
seculum seculorum. E o PT, nos anos recentes, tenta através deste
instrumento, deixar no poder o meu conterrâneo Lula por 24 anos. Isto se formos
realistas e aceitarmos o fato de que foi ele o governante deste de 2002 e que
Dilma foi apenas um truque para ele lá permanecer.
Infelizmente, para a horda petista, apareceu uma mulher lá
dos cafundós da floresta, magra, pobre e inteligente, a quem o Lula empregou
por um bom tempo, e ameaça o império
petista, seu imperador, o Lula, e sua rainha consorte, a Dilma. Se isto fosse
no século passado, quando não existisse o Prozac, poderia haver até internação
geral nos hospitais psquiátricos, apenas por que hoje a possibilidade de
defenestração do poder dos petistas, é mais provável do que sua permanência no
poder.
Eu só queria dizer, antes de deixar vocês lerem o Fernando
Rodrigues que, pela nossa amizade na infância, eu aguardo Lula na Estação
Rodoviária de Caetés, num pau-de-arara e com uma cachorra no colo, com todas a
pompas e circunstâncias que ele merece. Só tenho a lhe oferecer, isto se os
caeteenses ilustres concordarem, a cadeira número 13 da Academia Caeteense de
Letras, para a qual um belo dia ele me negou ajuda. Seja bem-vindo,
conterrâneo, mas, por vias das dúvidas, traga um caixa de Prozac.
Fiquem com o Fernando Rodrigues que eu acabei de ver agora
uma pesquisa a qual diz que a Dilma parou de cair, e necessito de um Prozac
urgentemente.
“Ouvi uma frase sobre a corrida presidencial que me pareceu perfeita:
"Em 2002, achei que o PT estava despreparado para assumir o governo. Mas
eu não sabia que o PT estaria agora tão despreparado para deixar o
governo".
É uma avaliação tão cruel quanto verdadeira. Revela também o grau de
subdesenvolvimento institucional do país. É claro que não há risco de
disrupção, mas parece um pouco incompatível com a regra democrática que um
partido entre em desespero frenético apenas porque existe a possibilidade de
sair do poder a partir de 1º de janeiro de 2015.
A aparição do ex-presidente Lula, suado e descabelado, fazendo uma
manifestação em frente à Petrobras é a síntese do clima atual no PT. E nem está
claro que Dilma Rousseff perderá a disputa contra Marina Silva (aliás, a
presidente está à frente nas pesquisas). Mas em Brasília é possível respirar um
certo pânico no ar.
Só na capital da República há mais de 20 mil cargos de confiança, todos
ocupados pelo petismo e adjacências. Uma derrota de Dilma Rousseff obrigará
essas pessoas e suas famílias a deixarem a cidade. Por baixo, serão de 40 a 50
mil desamparados. Voltarão a seus Estados para pedir trabalho na iniciativa
privada ou em algum governo, prefeitura ou sindicato sob o comando do PT.
Serão milhares de dramas pessoais. Em Harvard, nos EUA, a universidade
oferece um serviço gratuito de atendimento psicológico a estudantes
estrangeiros que passam um tempo por lá e depois têm de retornar para seus
países. Dilma poderia pensar no assunto. Uma "bolsa psicólogo"
ajudaria a manter mais calmas as pessoas ao seu lado.
Como o problema é estrutural, uma vitória dilmista só atrasará a crise
existencial dos petistas. Até porque, em 2018, 2022 ou em outro momento, o
partido sairá do poder. Quando esse dia chegar, as farmácias de Brasília terão
de reforçar os estoques de Prozac em suas prateleiras.”
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