Por Zezinho de Caetés
Ontem, neste mesmo espaço, eu toquei no ponto de que os “idiotas latino-americanos” são chegados
a um salvador da pátria. Vimos a oração que fizeram para o Chávez, na Venezuela,
dando-lhe o lugar de deus entre eles. E disse que temia muito que aqui chegasse
um novo messias, e citando o meu conterrâneo, o Lula, como um dos possíveis
candidatos.
Já hoje, ao dar minha passada pelos blogs, eu vejo um texto
do Sandro Vaia no Blog do Noblat, que tinha como título: “Em busca do messias”. Fui ler então para ver se ele havia
descoberto também a oração de São Lula ou a Salve Marina. Era por aí embora ele
não cite as orações, e quem sou eu para ser citado pelo brilhante jornalista.
Eu transcrevo este texto aí embaixo para que vocês curtam o final de semana, se
o Zé Carlos não tiver algo mais interessante para publicar.
Concordo com ele (o Vaia) que o brasileiro espera um
messias, e isto desde os tempos de Antônio Conselheiro e sua tropa, que
esperavam pela volta de Dom Sebastião. Se este aparecesse e se candidatasse,
não ficaria para ninguém, nem mesmo para o Ente da Floresta, a Marina, que hoje
parece ir ganhar as eleições, sem explicar o que vai fazer. E o que o Vaia
pergunta é: “E precisa?”. Em sã
consciência, quem está interessado mais no que os candidatos dizem, porque eles
simplesmente nada dizem, quando não mentem o tempo todo?
Então, chegamos ao ponto, daqueles que, por preconceito ou
não, não querem votar em branco, terem que votar no menos pior. Antes de vê-lo
falar, eu achava que o menos pior era o Pastor Everaldo, porque ele prometia
explicar como ia diminuir a ação do Estado sobre a economia e iria privatizar a
Petrobrás. Quando ele falou, eu vi que, se eleito, não teria capacidade para
implementar tão boas ideias.
Até agora não tenho um menos pior, mas, dois. A Marina e o
Aécio. A primeira porque acho que terá mais chance de passar ao segundo turno e
derrotar a pior de todas, fura bolo e cata piolho (lembrei dos meus tempos de
criança lá em Caetés, e da brincadeira que existia lá de fazer cócegas nas
crianças: Dedo mindinho, seu vizinho, maior de todos, fura bolo e cata piolho....)
que é a Dilma, que nos atormenta, com o Lula a tiracolo há 12 anos. Quanto ao
Aécio, porque tem um governo que é o mais previsível do ponto de vista
econômico, para levar à frente as reformas que desde o Fernando Henrique
ficaram por fazer, enquanto o PT fazia suas enroladas com os pobres e lavando à
frente a corrupção.
No entanto, cada cabeça é um mundo e a sucessão está aberta
e o medo que os petistas querem criar sobre a candidatura da Marina, não passa
do que tentaram fazer com o Lula anteriormente, embora naquela época, com
razão, antes da Carta aos Brasileiros, da qual ele se arrependeu no segundo
mandato. Marina já está escrevendo, dentro de idas e vindas, sua Carta, e o
Aécio, talvez sua única vantagem, é que não precisa de uma, pois é um livro
aberto.
Mas fiquem com o Sandro Vaio, e, se possível, recitem uma
oração para que, na próxima eleição, o PT esteja, como no seu início, cabendo
num fusca. Afora seria um Fiat Uno.
“Os principais- e também os secundários- candidatos à presidência do
Brasil, encontraram-se pela última vez num debate vespertino na tela do SBT, um
canal de onde você espera que surja a qualquer momento uma pegadinha do Ivo
Holanda, uma velhinha surda da Praça da Alegria, ou o patrão atirando
aviõezinhos de dinheiro para suas “colegas de trabalho”.
Em terceiro lugar na audiência, com 5,4% de Ibope (metade da audiência
do Programa Silvio Santos aos domingos), os três principais candidatos, Dilma,
Marina e Aécio, revezaram-se com os nanicos pastor Everaldo, Levy Fidelix,
Luciana Genro e Eduardo Jorge, num festival de platitudes, obviedades e lugares
comuns de fazer corar um Tocqueville de pedra.
Só o candidato do PV, Eduardo Jorge, pôde exercitar seu recém descoberto
talento histriônico e arrancar algumas gargalhadas com gags que divertiram a
plateia. A adolescente tardia Luciana Genro mostrou apenas a dificuldade que
certa esquerda tem de estabelecer relações causa/efeito.
Os candidatos pra valer, repetiram basicamente o roteiro do debate
anterior, com uma visível mudança de alvo, provocada pela “onda” Marina: foi o
Ente da Floresta que se transformou em vítima dos anacolutos da presidente, que
voltou para ela a artilharia descontruidora do discurso petista.
Marina procurou responder andando sobre as águas, tentando mostrar que
ela paira acima do bem e do mal, pois esse é o papel de quem encarna “a nova
política”, esse ectoplasma que vaga no espaço.
O leve e sorridente candidato Aécio Neves, que na opinião do cientista
político Felipe Borba, da UniRio, parece estar disputando uma “partida
amistosa”, tentou ser o mais propositivo de todos, e explicou pela enésima vez
que, se vitorioso, o grande trunfo de sua gestão, a panaceia para todos os
males em pauta (o baixo crescimento, a inflação em alta, o desarranjo fiscal, o
intervencionismo, etc.), será a “previsibilidade” dos atos do governo.
Uma palavra simpática ao mercado, que não gosta de surpresas, mas quase
ininteligível e impronunciável para o eleitor comum, e até mesmo pernóstica
para os que esperavam do candidato um pouco mais de indignação oposicionista.
O fato é que o debate, como todos aqueles que foram feitos desde que as
emissoras de televisão se viram obrigadas a engessá-los dentro dos parâmetros do
politicamente correto, foi morno, indefinido e tedioso.
O embate passou para as pesquisas, para as ruas, para as redes sociais,
onde surgiu, por sinal, a definição perfeita dos anseios do brasileiro, num
post sobre a onda Marina, do internauta Silas Feitosa:"
Marina Silva é a cara do Brasil. Com ela, ninguém se ressente. Ela é
“gente como a gente”. Brasileiro gosta disso. Não importa o que ela pensa. Isto
basta. Com essa mesma lógica, o povão elegeu Lula. E elegerá quantas Marinas e
Lulas vierem. Afinal, não acreditamos em administradores, gestores. Queremos um
Messias”.
Alguém duvida?
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