Por Carlos Sena. (*)
De repente, a gente fica xoxo.
Macambúzio. Como num piscar de olhos a nação pernambuco se cala, entreolha-se
como que a se perguntar "por quê?", "o que de fato
aconteceu"? Por que ontem era tudo e hoje resta muito pouco para este povo
sofrido? Que poderes tem o universo que nos rapta para outras
"galaxias" tantos sonhos em forma de esperanças?
De repente, cai o pano. Como uma
peça de teatro, a platéia inteira fica sem entender o porquê daquele "pano
que cai" no meio do ato de uma peça tão boa e tão cheia de expectativas?
Mas, fato é que o "pano caiu". A plateia ficou esperando por um final
que não veio. Sem respostas, um a um se entreolha se perguntando "por
quê", mas ninguém responde.
O show já terminou - todos pensaram.
Mas, quem foi que definiu o fim do espetáculo? O teatro vazio seguirá em frente
até que um dia u novo espetáculo nos conduza ao teatro de novo. De novo? Haverá
"de novo" para nossos gritos mudos aos quatro ventos? Cai o pano. Por
trás da cortina uma fumaça preta invade as cadeiras vazia... Da coxia, poucos
conseguem ver o que há por trás de tanta nuvem negra misturada a cheiro de
queimado...
A nação Pernambuco chora uma
lágrima sentida no canto do olho. Daquelas lágrimas que, solitárias, caem dos
nossos olhos e, sem maiores estardalhaços, percorrem nossa face e esmorecem,
cambaleantes, nos nossos lábios. E essa nação, perplexa em si, cala. Não porque
quem cala consente. Mas, porque todos se calam diante do destino que, usando
suas armas misteriosas nos roubam um grande ídolo, um grande homem que conduzia
na sua algibeira um sonho de não desistir nunca do Brasil.
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 16/08/2014
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