Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho
Verinha era uma moça muita bonita e cheia de vida. Andava
elegantemente na pequena cidade Varginha. Desde pequena gostava de tratar dos
doentes, quando não era para uma visita para ajudar de alguma forma, aquelas
pessoas que necessitavam de companhia. Estudou. Formou-se em enfermagem,
profissão que desejava, há muito tempo desde menina para ajudar os mais
necessitados. A periferia da cidadezinha era o seu foco. E assim se tornou uma
moça dedicada aos mais fracos e abandonados. Era querida por todos. Trabalhava
no Hospital São Judas Tadeu, onde eram reconhecidas por todos os médicos,
colegas enfermeiras e os enfermos pela sua dedicação. Onde tinha uma pessoa que
precisava de seus serviços, lá estava presente. Certo tempo, depois, casou-se.
O casamento foi realizado na Matriz de Nossa Senhora de Lourdes, a quem devia
sua religiosidade. Passou-se um ano de felicidade, apesar do seu comportamento
violento visto pela família a tempo, alertando a sua filha para fato. Com o
tempo o seu marido, Toninho, tornou-se um homem ciumento e agressivo. Tudo para ele, Verinha, era culpada. Não podia
mais visitar os seus enfermos, principalmente se fossem homens, pois, o marido
sempre a destrava dizendo que ela dava muito carinho nas suas visitas, mesmo aos
pacientes internados no hospital. Assim, cada dia mais acontecia agressões verbal
e muitas das vezes pessoal. Verinha, já não aguentava mais aquela situação. As
pessoas mais chegadas a ela, não se conformava, pois, sempre fora uma boa moça
e agora uma boa esposa, sem mancha, querida por toda população pelos seus
serviços de caridade aos mais pobres. A situação cada dia piorava. Toninho
vivia a turras, principalmente, quando bebia. Chegava a casa sempre tarde. Os
bares passou ser o seu reduto. Os companheiros muitas das vezes o aconselharam
que tudo não passava de um ciúme besta. Mas, ele não aceitava esta opinião.
Sempre dizia que a sua mulher era muito assanhada. Um dia chegando à casa a viu
com um senhor sendo tratado de uma pancada recebida na perna. Zangou-se com
aquela cena. Saiu e voltou para o bar tomando umas e outras. Chegou ao meio da
noite e começou agredir a esposa. Aos gritos foi acudida pelos vizinhos. O pai
que “não era flor que se cheire” e nada sabia do que vinha acontecendo,
socorreu a filha colocando-a em sua casa. Depois de pensar e repensar qual
seria a sua atitude a tomar, tomou a decisão de falar com Toninho. Armou-se e
se dirigiu ao genro que se encontrava na mercearia do Seu Armando, rindo como
se nada tivesse acontecido. A algazarra era grande. Os copos de cerveja
espalhado sobre o balcão e uma garrafa de pinga. O tira gosto era queijo de
coalho arrodeado de mortadela. Tinha um prato sujo de gordura de tacos de
galinha. Seu Belizário entrou na bodega por uma porta sem que ninguém o visse. Se
se encostou ao balcão e começou apreciar aquela cena. O sangue ia subindo a
cabeça. O suor frio escorria pelo rosto. Levantou a aba do chapéu de palha e
fechou os olhos. O dono da mercearia o viu e foi ao seu encontro. O Senhor por
aqui, seu Belizário? Nada respondeu. Pediu uma pinga, que lhe foi servido. Tomou
de um só gole, cuspindo ao lado. Foi notado e o silencio imperou. Toninho tomou
um susto. Empalideceu. Seu Belizário, disse – moço quero ter uma conversa com
você! E logo! Endireitou-se e ficou de pé esperando a reação do genro. Você
ontem bateu em minha filha, quando ela desempenhava o seu trabalho, por quê?
Ela tem pai e tem irmão! E eu vim aqui para tomar as dores, pois somente vim
saber que você batia em minha filha, agora. O que me diz?
E você esta comemorando o que? Tanto risos e seus companheiros achando bonito
esta estória. Tremulo Toninho não sabia o que dizer. Balbuciou alguma coisa
ofendendo o seu Belizário, que não gostou. Porque você não aproveita e bate
neste velho. Estava lívido de raiva. Ia saindo da bodega quando ouviu o genro
gritar “velho safado” e a sua “filha é pior”. O sangue subiu na cabeça deu meia
volta, falando mansamente, como se nada tivesse ouvido, e disse, pois você
agora vai saber quem é o “velho safado”, sacando da arma que tinha na cintura
disparando quatro tiros, e dizendo-lhe e “cabra safado é você e nunca mais você
bate em mulher”. Caiu com a mão no peito e na barriga sangrando junto ao
balcão. Todos saíram correndo. E seu Belizário, desapareceu...
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