Por Zezinho de Caetés
Hoje estou lendo um jornal de anteontem. É o ESTADO DE SÃO
PAULO, que em seu editorial (“As ‘convicções’
de Dilma”), reflete sobre os disparates que anda dizendo nossa gerenta
presidenta, junta na mesma emoção do lulopetismo para se manter com o “nadegal” nas cadeiras do Planalto e
pelas do Brasil afora.
Reproduzo logo a fala que o jornal cita, da Dilma, gastando
seu dilmês na convenção do PT que a ungiu candidata à reeleição: “A política que aprendi a praticar ao longo
da minha vida desde a minha juventude, que me levou inclusive à prisão, implica
em construir relações que sejam baseadas não em conveniências, mas em
convicções”. Parece até que ela estava falando para marcianos que chegaram
ontem à terra procurando saber qual a cidade em que sua seleção está jogando.
Pois só eles entenderiam tal disparate. Pois isto vindo de uma governante que
há menos de três anos posou como a “faxineira”
do Brasil, mostrando suas convicções em livrar o país dos ratos que o
assolavam, e que agora levanta o tapete e coloca todo lixo debaixo trazendo-os
de volta.
Pior ainda, trouxe o PR ao governo outra vez pela ordem de
um bandido condenado por querer usufruir do dinheiro público, o seu presidente
o Waldemar Costa Neto. Continuando, neste ritmo com a mudança em suas
convicções, e fico até com medo de que ela se batize em algum igreja e aceite
Deus no coração. Aliás, ela já fez isto na campanha passada, agora só falta o
batismo. É muita desfaçatez.
Esta campanha está apenas mostrando a que ponto chegamos no
poço, em direção ao fundo, do ponto de vista eleitoral. Será que ainda temos
uma justiça eleitoral em funcionamento? Ou melhor, será que ela poderá
funcionar sob a batuta do Dias Toffoli? Num país onde existe uma lei em que se
determina datas para campanhas eleitorais, e alguns candidatos começam a
campanha dois anos antes da data e nada acontece, o que esperar dele? Que seja
um pelo menos uma sociedade civilizada e democrática?
No mesmo jornal, do qual reproduzo abaixo o editorial, vejo
já na edição de ontem, que um funcionário da Secretaria de Relações
Institucionais da Presidência da República pretendia elaborar uma lista de
prefeitos do PMDB do Rio de Janeiro que aderiram à candidatura presidencial de
Aécio Neves (PSDB). Isto mostra como os petistas já estão tão convictos que seu
partido se confunde com o governo, que chegam a este ponto. Com medo da dissidência
do PMDB no Rio, o PT agora fabrica listas de pessoas que são contra eles em
termos eleitorais. Não se contentaram em fazer lista com nomes de jornalistas
que não são de seu agrado. Eu só fiquei sentido em não entrar nesta lista, pois
aceitava de bom grado figurar entre aqueles que nelas estão, mesmo sendo apenas
um jornalista bissexto. Aliás, para vencer a eleição a gerenta presidenta
deverá ir até visitar o túmulo do Ademar de Barros em São Paulo e pedir
desculpas públicas por seu cofre ter sido assaltado meio século atrás. É muita
desfaçatez.
Todos sabem que esta atitude foi das menos contundentes em
favor de práticas que não se coadunam com o ambiente republicano, pois nos vem
logo à mente, os “aloprados”, o
dossiê contra a Ruth Cardoso, o mensalão, etc. E piorando ainda, quando
indagado sobre a lista de prefeitos que apoiariam o candidato da oposição, o
Berzoini , disse que a lista seria apenas para convidá-los para um almoço.
Alguém acredita? Eu só acreditaria se soubesse que haveria veneno na comida.
Mas, fiquem com editorial do Estadão, que mostra outras
convicções de nossa gerenta presidenta, mostrando que nesta campanha “mar não está prá peixe”, nem mesmo para
piranhas. Eu voltarei à minha programação normal, vendo os jogos da copa, e, de
vez em quando apresentando, o carnaval político, deste país abençoado por Deus
e bonito por natureza. Pelo menos era, antes do PT.
“Amanhã, último dia estabelecido pela legislação eleitoral para a realização
de convenções partidárias destinadas a definir candidatos e deliberar sobre
coligações para o pleito de 5 de outubro, estará se encerrando a mais
despudorada temporada de compra e venda de minutos e segundos da propaganda
eleitoral gratuita, que estará no ar a partir de 19 de agosto, jamais
registrada neste país. E à afronta à Nação representada por esse vergonhoso
espetáculo soma-se o cinismo de quem tem a responsabilidade maior de zelar pela
seriedade na vida pública: "A política que aprendi a praticar ao longo da
minha vida desde a minha juventude, que me levou inclusive à prisão, implica em
construir relações que sejam baseadas não em conveniências, mas em
convicções".
Dilma Rousseff permitiu-se esse cínico rompante ao discursar na
convenção nacional do PSD que na quarta-feira selou o apoio à sua reeleição.
Não explicou a quais "convicções" se referia, mas recomendou a todos
que não aceitassem "provocações que buscam baixar o nível do debate, que
buscam acirrar o antagonismo". E não deixou de se gabar das
"transformações rápidas e profundas" realizadas por seu governo,
garantia, no futuro, de "um ciclo ainda mais rápido e duradouro de
mudanças".
Esqueceu-se, apenas, de que a divisão da Nação entre "eles" e
"nós" e as campanhas de difamação dos adversários fazem parte da obra
política do lulopetismo. Esqueceu-se, ainda, de que seu governo é um continuado
desastre econômico-financeiro, ditado por atrasada ideologia.
Poucas horas antes, Dilma havia promovido uma transformação rápida e
profunda em seu governo ao trocar o titular do Ministério dos Transportes,
feudo do PR, por imposição de um aliado importante, o chefão de fato daquele
partido, o mensaleiro Valdemar Costa Neto, que enviara seu ultimato diretamente
do presídio da Papuda. O ministro defenestrado, César Borges, também é do PR,
mas o sentenciado Costa Neto decidiu trocá-lo por entender que ele "não
ajudava" o PR. É assim que Dilma governa.
Tanta "convicção" que marcou esses recentes movimentos da
campanha eleitoral é o resultado de reunião de que Dilma participou na noite de
terça-feira sob o comando de seu criador, com a indispensável presença do
marqueteiro oficial do PT. Ouviu e cumpriu a ordem de Lula de que não é hora de
contrariar aliados.
Convém repetir o que tem sido reiteradamente afirmado neste espaço:
Lula e os petistas não inventaram o fisiologismo político, o toma lá dá cá na
composição da base de apoio parlamentar ao governo, o aparelhamento partidário
que compromete a eficiência da máquina governamental e tantas outras mazelas
que corrompem a vida pública no Brasil. Na verdade, por mais de 20 anos Lula e
o PT rangeram os dentes contra esses vícios, prometeram mudar "tudo isso
que está aí". Em 2003 chegaram finalmente ao poder e concluíram - aliás,
muito rapidamente, como prova o mensalão - que "é impossível"
governar sem o apoio dos "picaretas" que, como Lula denunciara dez
anos antes, infestam o Congresso. Deu no que deu.
Esse raciocínio da "impossibilidade" só faz sentido quando o
pragmatismo se torna um valor fundamental. Os petistas que hoje argumentam que
os fins justificam os meios - e por isso podem cultivar a incoerência e o
desmando - não consideram que o fim da política é o bem comum. Seu objetivo é a
manutenção do poder - e a qualquer custo, material ou moral. Mas isso tem
consequências.
Em decorrência do aprimoramento das ancestrais práticas de fisiologismo
político a que o PT se vem diligentemente dedicando, a falta de pudor e de
coerência, a mistificação, o populismo mais rasteiro, o apego às
"boquinhas", tudo, enfim, que há de mais condenável na vida pública
ameaça hoje gangrenar irremediavelmente o tecido político do País, tornando o
ato fundamental da cidadania, o de votar, cada vez mais um penoso exercício de
escolha do menos pior.
Não se pode esperar que Lula & Cia., inebriados com as delícias do
poder, reneguem seu ethos. Mas a presidente de todos os brasileiros - que diz
ter "convicções" - poderia pelo menos nos poupar do cínico espetáculo
que acabamos de presenciar.”
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