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terça-feira, 29 de julho de 2014

Chec-List




Por Carlos Sena.(*)

Aprendi poucas coisas no exercício existencial. Porque talvez o melhor da vida não seja colocar o que você aprendeu num Chec-List, mas você ir vivendo e pensando que aprende com cada experiência. Pensando, isso mesmo. E se enganando que aprende, porque a gente envelhece e, julgando-se sabedor de tanta coisa, descobre que pouco sabe, mas que muito se angústia em busca de um saber constante, perene, dosado de sabedoria.

Talvez no nosso Chec-List da vida dois ou três itens sejam o bastante para nos manter em paz conosco. Um deles que muito me conforta é saber que julgar os outros é complexo por demais. Outro vem na sua consequência que é condenar. Arrisco um terceiro:  amar, porque é sempre mais feliz quem mais ama.

No quesito "julgar" talvez seja onde mais nos percamos diante dos outros e de nós. Porque a gente se coloca, não raro, como "palmatória do mundo" e, julgando com base em nossas medidas, dificilmente não incorreremos em erros. Um erro de julgamento que, não raro, implica num erro de condenação, se esse for o caso.

A dificuldade maior é porque não vivemos sem valores. E são eles quem nos dão as medidas da vida e da morte. Por isso é que o amor é fundamental. Porque vivendo com amor descobriremos a tolerância, a paciência  e o perdão.

Toda balança existencial que tem julgar num prato e condenar no outro tem que ter como fiel de si mesma o amor. Como vemos, o nosso Chec List  termina tendo só um item: o amor. Mas aí é que se estabelece as dificuldades do existir, pois o amor se constrói aos poucos no livre exercício de viver, sofrer, chorar, compartilhar, perdoar e se consolar, porque o amor nasce dessa complexa combinação. As relações familiares são um pouco dessa combinação de forças, como que nos pondo a provas de fogo. Ufa.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 16/07/2014

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