Por Carlos Sena.(*)
Aprendi poucas coisas no
exercício existencial. Porque talvez o melhor da vida não seja colocar o que
você aprendeu num Chec-List, mas você ir vivendo e pensando que aprende com
cada experiência. Pensando, isso mesmo. E se enganando que aprende, porque a
gente envelhece e, julgando-se sabedor de tanta coisa, descobre que pouco sabe,
mas que muito se angústia em busca de um saber constante, perene, dosado de
sabedoria.
Talvez no nosso Chec-List da vida
dois ou três itens sejam o bastante para nos manter em paz conosco. Um deles
que muito me conforta é saber que julgar os outros é complexo por demais. Outro
vem na sua consequência que é condenar. Arrisco um terceiro: amar, porque é sempre mais feliz quem mais
ama.
No quesito "julgar"
talvez seja onde mais nos percamos diante dos outros e de nós. Porque a gente
se coloca, não raro, como "palmatória do mundo" e, julgando com base
em nossas medidas, dificilmente não incorreremos em erros. Um erro de
julgamento que, não raro, implica num erro de condenação, se esse for o caso.
A dificuldade maior é porque não
vivemos sem valores. E são eles quem nos dão as medidas da vida e da morte. Por
isso é que o amor é fundamental. Porque vivendo com amor descobriremos a
tolerância, a paciência e o perdão.
Toda balança existencial que tem
julgar num prato e condenar no outro tem que ter como fiel de si mesma o amor.
Como vemos, o nosso Chec List termina
tendo só um item: o amor. Mas aí é que se estabelece as dificuldades do
existir, pois o amor se constrói aos poucos no livre exercício de viver, sofrer,
chorar, compartilhar, perdoar e se consolar, porque o amor nasce dessa complexa
combinação. As relações familiares são um pouco dessa combinação de forças,
como que nos pondo a provas de fogo. Ufa.
--------------
(*) Publicado no Recanto de
Letras em 16/07/2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário