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terça-feira, 30 de outubro de 2012

SEXO NÃO É OPÇÃO.





Por Carlos Sena (*)

Grupo de risco. Comportamento de risco. Orientação sexual, opção sexual. O que são isto?

No princípio da AIDS no Brasil, as bichas eram todas massacradas. Quem vivia no armário, trancou-se por dentro dele e ainda o fechou de chave. Essa epidemia que teve sua infecção falsamente atribuída aos gays, aos poucos TEVE SEU PERFIL EPIDEMIOLÓGICO MODIFICADO e passou a ser de todos os sexos. O falso moralismo foi, concomitante, se adequando a evolução dessa doença. Na medida em que ela ia acometendo os heteros, novos termos foram se encontrando para suavizar a condição deles.  As bichas que eram “pichadas” de pertencer ao chamado grupo de risco, foram ascendendo a expressões menos preconceituosas. Atualmente não se diz mais “grupo de risco”. Fala-se em comportamento de risco, orientação sexual – expressões de menos danos morais, digamos assim, mas com um teor discriminatório considerável.

A sexualidade humana continua sendo o grande “bicho-papão” das rodas sociais, mesmo diante do falso entendimento de que as coisas melhoraram, as pessoas estão mais modernas e mais tolerantes. Até pode ter alguma tolerância, mas dentro da maioria das pessoas os tabus da sexualidade – não apenas a sexualidade homo, mas da hetero estão residindo cobertos com os mantos do preconceito e do tabu. O cumulo disto é a expressão OPÇÃO SEXUAL tão amplamente difundida pela mídia e pelas pessoas ditas formadoras de opinião. Temos o entendimento de que sexo é uma coisa, sexualidade outra. Ou se nasce homem ou se nasce mulher. Nascendo homem pode se sentir atração por outro homem e, nascendo mulher, por mulher. Isto acontece desde que o ser humano existe na face da terra, inclusive os animais irracionais tem esse tipo de atração. A sexualidade seria, por assim dizer, a parte cultural do processo de ser homem ou mulher em busca do que se convencionou chamar de felicidade. A descoberta do prazer está dentro da sexualidade. Botar filho no mundo, do sexo. Deste modo, o termo “OPÇÃO SEXUAL” se transforma em um grande manto que esconde a falsa moral dos seres humanos que chegaram a lua, estão querendo chegar a Marte; vivem dentro das benesses da eletrônica avançada do celular, da TV LCD/HD/FUL HD, do controle remoto e tudo mais que a tecnologia proporciona de conforto, mas se engasga com o seu próprio sexo.

Dentro do sexo, há opções. Sexo oral ou anal ou vaginal, por exemplo, são opções de prazer que tem que ser bom para quem pratica. Dependem dos parceiros. Ser homem ou ser mulher ou ser gay, jamais seria opções. São “pacotes” prontos que a natureza entrega a quem nasce, mas com a condição de ter a consciência disto anos depois...

Se alguém deseja saber se QUEM É GAY o é por opção, não precisa. O senso prático diz que essa pergunta seja dirigida a si mesmo da seguinte forma: “quando foi que eu fiz a minha opção para ser heterossexual”? Como se vê, sexo e sexualidade que estão dentro e fora de cada pessoa – dentro enquanto sexualidade. Fora enquanto sexo, mas ambos parecem continuar distantes de nós... Quis a ironia que nós chegássemos primeiro à lua... Depois disto nunca mais a lua foi dos namorados... Que pena.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 19/09/2012

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