Washington - DC - Obelisco |
Por Zé Carlos
Hoje continuo a narrar nossa aventura pela capital
americana. Eu poderia até dizer que em termos de poder, Washington seria a
capital do mundo. Posso até ser crítico do que fazem os Estados Unidos no
mundo, mas, não posso deixar de reconhecer seu poderio naquilo que o mundo
chama de poder e riqueza. Embora que, meu “criticismo”
já foi mais aguçado. Talvez estejam certos aqueles que dizem que somos
revolucionários na juventude e conservadores na velhice. Hoje até penso que
nunca fui revolucionário. Talvez, um conservador com ressalvas.
Hoje apresento novas fotos que a AGD tirou da capital
americana. Para mim, ao vivo, esta cidade se resumiu a um retângulo (chamado
Mall) onde se concentram os principais pontos turísticos e os poderes da
república americana. Vejam, que é um bela capital. No entanto, hoje, talvez por
ter ingerido uma comida mais apimentada que o normal daqui, eu citarei alguns
fatos que não são tão edificantes do ponto de vista turístico, os quais nem
sempre aparecem nas fotos.
Ao chegar a Washington, nervoso pela insegurança quanto a
minha capacidade linguística para enfrentar outra região e outro sotaque, quase
entro em pânico, quando vi, da janela do ônibus, um corpo estendido no chão, e
um batalhão de policiais a cercarem o local, com todos os sons de sirenes que
se tem direito. Penso até que o próprio motorista do ônibus, um
africano/americano, também ficou surpreso com a cena. Eu não tive tempo de
sacar minha câmera para registrar o acontecimento, ou, se tive, não saquei por
medo de tirar fotos neste país, em determinadas situações.
Vi apenas um policial se aproximar do ônibus e falar com o
motorista, em seu dialeto particular, que só entendi o mesmo que o matuto do
Jessier Quirino entendeu do filme que foi ver no interior. Para mim ele só
dizia: “num sei o que lá... num sei o que
lá... nun sei o que lá....”. Depois de perguntar a uma colega de viagem,
que falava outro dialeto, mas era da região onde eu estava, entendi que o
ônibus teria que mudar de rota porque estava havendo tiros ainda, pois ainda
não haviam pego o atirador original, ou o matador. Lembraram de filmes
americanos? Eu também!
Fugimos da rota e minha preocupação seria agora, onde
iríamos parar. Felizmente, deixada para lá a cena do crime, conseguimos (quando
eu mudar a pessoa do verbo sempre é para dizer que estava acompanhado pela
Marli na narrativa) escapar para a tal de Station Union, nosso destino. Na
cidade onde estamos, Pittsburgh no estado da Pensilvânia não há metrô, ou pelo
menos, se há, eu nunca andei. Mas, pensei, ora, se há metrô, tudo é a mesma
coisa e posso usar minha experiência para neles andar como qualquer tatu, por
debaixo da terra.
Ao chegar na estação vi apenas que estava sendo otimista
quanto aos meus conhecimentos metroviários, por descobrir que cada país tem
seus metrôs e seus hábitos. E lá fomos nós a treinar outro dialeto para nos
comunicar e tentar chegar ao hotel. Depois de muitas idas e vindas pegamos um
metrô e chegamos ao hotel. Já cansados, e minha mulher reclamando porque que
não veio de avião, e me culpando de tudo. Quem me conhece sabe que só ando de
avião se não tiver pelo menos um carro de boi que me transporte, e, eu tento
sempre explicar que em viagens curtas o tempo que se gasta de avião é quase
sempre maior do que o do ônibus, pois, geralmente, os aeroportos ficam mais
longe do que o local de e para onde nos deslocamos. Mas, a explicação é em vão.
Dormimos para no dia seguinte partirmos para a luta, ou
melhor, para ir ver o centro de poder americano. Em um texto passado contamos
sobre nossa visita à Casa Branca. Hoje, pulo um dia para contar o que nos
aconteceu no dia seguinte, e diz respeito ainda a deslocamentos e fatos
negativos aqui na América.
No primeiro dia decidimos, ao invés de usar o metrô, ônibus ou mesmo os
pés (que é o meio de transporte por mim preferido) ir de taxi, usando o dialeto dos funcionários
do hotel para se comunicarem com as empresas. Para não pensarem que há algum
viés racista na narrativa que se segue digo que não encontrei nenhum motorista
de taxi que não fosse africano/americano.
No primeiro dia foi muito boa a viagem de taxi e o motorista
até nos descreveu alguns pontos que ele achava de interesse, e fingia que
entendia, e pagamos um preço razoável pela corrida, descobrindo que era muito
mais barato, para duas pessoas, usar um taxi do que o metrô. E, diante disto,
não podíamos no dia seguinte deixar de usar este meio de transporte. Procedemos
da mesma maneira e lá fomos nós continuar nossa visita.
Desde o início, notei uma diferença no motorista. Mais,
jovem barba desenhada e bem feita, touca de frio, silêncio completo, inclusive
no taxímetro que não foi ligado. Ora, pensei, deve ser porque é domingo, dia de
missa e o gajo é católico, estando preparado para o rito religioso. Engano
completo. Começamos a desconfiar, eu e a mulher, e esperando que ele não
entendesse português, e vendo o Capitólio, aquela cúpula que já vimos milhões de
vezes mas é mais bonita ao vivo, pedimos para parar. E aí veio o assalto à mão
desarmada. Ele cobrou mais de duas vezes o que pagamos no dia anterior. Eu
confesso que pensei chamar a polícia, mas, qual seria o dialeto da polícia? Não
sabendo, resolvemos pagar e ficar calados, pois com nossa deficiência
linguística, poderíamos terminar indo presos, aos invés do motorista. A única
vingança nossa foi não dar gorjeta, a grande instituição nacional.
Foi com este trauma que continuamos nosso passeio por esta
bela capital, cujos encantos continuarei narrando depois. Sei que hoje foram só
quase fatores negativos, e para encerrar tenho que dizer ter descoberto,
casualmente, que além de esquilos e pombos, o que mais alimentei em Washington
foram ratos. Eu não sei se é normal em todos os lugares, mas, o que vi de rato
vindo comer de nossas mãos foi um absurdo. Penso ser normal pois até os meninos
jogavam pão para ver a briga entre ratos, esquilos e pombos. Vai ver rato
americano e rato brasileiro também são diferentes. Sei lá, mas, que achei
estranho, achei....
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