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terça-feira, 23 de outubro de 2012

A condenação do PT - CADEIA JÁ!





Por Zezinho de Caetés

Pensei até em criar o meu próprio blog. Depois do julgamento do mensalão, com os resultados que agradou a todos aqueles que querem viver numa repúlblica democrática e num estado de direito, para quem acompanha o tema uma forma de comemoração é a escrita. Entretanto, eu fico refém dos eflúvios editoriais da AGD (que reconheço justos) para que meus textos, ou mesmo aqueles que gostaria de divulgar, sejam divulgados. Minha outra alternativa que é o Mural da AGD é limitante quanto ao tamanho dos escritos e é pouco útil nestas horas de comemoração cívica.

De qualquer forma estou enviando um texto do Marco Antonia Villa, do O Globo de 23/10/2012, com o título “A condenação do PT”, junto com este simples nariz de cera, esperando que seja publicado, antes mesmo de prenderem o Zé Dirceu, e minha campanha de CADEIA JÁ, perca todo o sentido.

Leiam o texto e observem com a precisão de um bom escritor e historiador, da qual eu estou ainda longe e me considero aprendiz, a real história do PT. Eu diria que o PT foi pego de calças curtas ou de cuecas (cheias de dinheiro) e isto explica todo o esforço de seus dirigentes em adiar o julgamento e tentar aliciar membros do STF, como foi feito pelo meu conterrâneo Lula. Este deveria vir a público e se declarar o chefe supremo da organização criminosa, se não quiser passar à história como um grande idiota. Minha terra já pediu desculpas demais por ele ter nascido lá. Como dizia a Lucinha Peixoto: “Poupe-nos de mais este vexame”. Dê-me pelo menos o prazer de não ter vergonha de ter nascido e o conhecido na infância e de um dia, por sua influência quase ter entrado para a organização criminosa, digo, PT. Dê-me a oportunidade de defender sua entrada na Academia Caeteense de Letras, pelo menos por sua coragem, já que os discursos que escreveram para você, não seriam suficientes para lá entrar.

O Brasil agora pode ter esperança de que o projeto de “macrodelinquência governamental” ainda em curso, poderá ter um fim. Mas, para que a esperança seja maior, a justiça brasileira não deve deixar solto o núcleo político da organização criminosa. A forma como o Zé Dirceu vem se comportando mostra que ele deve ser preso preventivamente, não por ser possível destruir as provas dos seus crimes, mas porque suas palavras podem enganar os incautos e os não informados. Tenho certeza que nos rincões do Brasil vai aparecer alguém dizendo que a prisão de Dirceu vai acabar com o programa do Bolsa Família, como foi feito durante as campanhas eleitorais. E isto, nós, que somos pelo estado democrático de direito não podemos deixar jamais.

Por isso lanço a campanha CADEIA JÁ, para que esta corja que foi condenada não consiga, com suas artimanhas, fazer o povo brasileiro acreditar em suas mentiras outra vez. Fiquem com o texto do Villas, que mostra com letras mais belas do que as minhas, um pequeno retrato da situação.

“O julgamento do mensalão atingiu duramente o Partido dos Trabalhadores. As revelações acabaram por enterrar definitivamente o figurino construído ao longo de décadas de um partido ético, republicano e defensor dos mais pobres.

Agora é possível entender as razões da sua liderança de tentar, por todos os meios, impedir a realização do julgamento. Não queriam a publicização das práticas criminosas, das reuniões clandestinas, algumas delas ocorridas no interior do próprio Palácio do Planalto, caso único na história brasileira.

Muito distante das pesquisas acadêmicas — instrumentalizadas por petistas — e, portanto, mais próximos da realidade, os ministros do STF acertaram na mosca ao definir a liderança petista, em 2005, como uma sofisticada organização criminosa e que, no entender do ministro Joaquim Barbosa, tinha como chefe José Dirceu, ex-presidente do PT e ministro da Casa Civil de Lula.

Segundo o ministro Celso de Mello: “Este processo criminal revela a face sombria daqueles que, no controle do aparelho de Estado, transformaram a cultura da transgressão em prática ordinária e desonesta de poder.” E concluiu: “É macrodelinquência governamental.” O presidente Ayres Brito foi direto: “É continuísmo governamental. É golpe.”

O julgamento do mensalão desnudou o PT, daí o ódio dos seus fanáticos militantes com a Suprema Corte e, principalmente, contra o que eles consideram os “ministros traidores”, isto é, aqueles que julgaram segundo os autos do processo e não de acordo com as determinações emanadas da direção partidária.

Como estão acostumados a lotear as funções públicas, até hoje não entenderam o significado da existência de três poderes independentes e, mais ainda, o que é ser ministro do STF.

Para eles, especialmente Lula, ministro da Suprema Corte é cargo de confiança, como os milhares criados pelo partido desde 2003. Daí que já começaram a fazer campanha para que os próximos nomeados, a começar do substituto de Ayres Brito, sejam somente aqueles de absoluta confiança do PT, uma espécie de ministro companheiro. E assim, sucessivamente, até conseguirem ter um STF absolutamente sob controle partidário.

A recepção da liderança às condenações demonstra como os petistas têm uma enorme dificuldade de conviver com a democracia.

Primeiramente, logo após a eclosão do escândalo, Lula pediu desculpas em pronunciamento por rede nacional. No final do governo mudou de opinião: iria investigar o que aconteceu, sem explicar como e com quais instrumentos, pois seria um ex-presidente.

Em 2011 apresentou uma terceira explicação: tudo era uma farsa, não tinha existido o mensalão. Agora apresentou uma quarta versão: disse que foi absolvido pelas urnas — um ato falho, registre-se, pois não eram um dos réus do processo. Ao associar uma simples eleição com um julgamento demonstrou mais uma vez o seu desconhecimento do funcionamento das instituições — registre-se que, em todas estas versões, Lula sempre contou com o beneplácito dos intelectuais chapas-brancas para ecoar sua fala.

As lideranças condenadas pelo STF insistem em dizer que o partido tem que manter seu projeto estratégico. Qual? O socialismo foi abandonado e faz muito tempo. A retórica anticapitalista é reservada para os bate-papos nostálgicos de suas velhas lideranças, assim como fazem parte do passado o uso das indefectíveis bolsas de couro, as sandálias, as roupas desalinhadas e a barba por fazer.

A única revolução petista foi na aparência das suas lideranças. O look guevarista foi abandonado. Ficou reservado somente à base partidária. A direção, como eles próprios diriam em 1980, “se aburguesou”. Vestem roupas caras, fizeram plásticas, aplicam botox a três por quatro. Só frequentam restaurantes caros e a cachaça foi substituída pelo uísque e o vinho, sempre importados, claro.

O único projeto da aristocracia petista — conservadora, oportunista e reacionária — é de se perpetuar no poder. Para isso precisa contar com uma sociedade civil amorfa, invertebrada. Não é acidental que passaram a falar em controle social da imprensa e... do Judiciário. Sabem que a imprensa e o Judiciário acabaram se tornando, mesmo sem o querer, nos maiores obstáculos à ditadura de novo tipo que almejam criar, dada ausência de uma oposição político-partidária.

A estratégia petista conta com o apoio do que há de pior no Brasil. É uma associação entre políticos corruptos, empresários inescrupulosos e oportunistas de todos os tipos. O que os une é o desejo de saquear o Estado.

O PT acabou virando o instrumento de uma burguesia predatória, que sobrevive graças às benesses do Estado. De uma burguesia corrupta que, no fundo, odeia o capitalismo e a concorrência. E que encontrou no partido — depois de um século de desencontros, namorando os militares e setores políticos ultraconservadores — o melhor instrumento para a manutenção e expansão dos seus interesses. Não deram nenhum passo atrás na defesa dos seus interesses de classe. Ficaram onde sempre estiveram. Quem se movimentou em direção a eles foi o PT.

Vivemos uma quadra muito difícil. Remar contra a corrente não é tarefa das mais fáceis. As hordas governistas estão sempre prontas para calar seus adversários.

Mas as decisões do STF dão um alento, uma esperança, de que é possível imaginar uma república em que os valores predominantes não sejam o da malandragem e da corrupção, onde o desrespeito à coisa pública é uma espécie de lema governamental e a mala recheada de dinheiro roubado do Erário tenha se transformado em símbolo nacional.”

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