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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O AMOR DE UMA MULHER POR UMA GALINHA





Por Carlos Sena (*)

Rafinha era uma galinha que morava na casa de uma senhora na cidade de Patos no interior da Paraíba. Era criada como gente e com toda mordomia. Tinha cama, rede,  mosquiteiro e colo da família o dia inteiro. Belo dia, cadê Rafinha? O ladrão a levou! A dona se desesperou e procurou a imprensa. Todo dia, na mídia,  tinha novidade sobre Rafinha, mas nada dela aparecer. A opinião publica local ficou comovida com o drama da dona de Rafinha. Ela chegou a chorar dizendo que quando chama “Raaaaafiiinnnnnnha” que ela não aparece ela só pensava em morrer. Disse que toda vez que chamava “RAA-FIN-HÁ, lá vinha ela “co-có-có, co-co-ri-có” e isto lhe deixava super feliz.

Após insistentes apelos da televisão local e regional, a polícia entrou no caso. Enquanto não vinha novidade, repetia-se o teipe mostrando a mãe da dona de Rafinha dizendo “Raaaaafiiinnnnnnha” e ela mesma (a dona) imitava a onomatopeia da galinha “co-có-có, co-co-ri-có”, “co-có-có, co-co-ri-có”... De fato a dona de Rafinha, uma jovem de menos de 25 anos, chamada Suzana Oliveira estava internada no hospital Regional por conta da falta que Rafinha estava lhe fazendo.  Sua mãe, portanto, assumiu as entrevistas e tudo mais para ver se Rafinha aparecia. Pra se ter uma ideia da vida dessa galinha, Suzana fez um book dela com fundo musical e tudo. Ela só comia ração e não adiantava jogar comida no chão que ela só aceitava se fosse da mão das suas donas.

Belo dia, a imprensa deu a noticia: “Rafinha foi, de fato, roubada”... O ladrão foi preso, mas não sabe se a galinha estava viva. “Meu Deus, disse a mãe de Suzana pois, a mesma ainda estava internada”. Na delegacia o ladrão disse e a TV mostrou repetidamente: "roubei a galinha e dei como pagamento de uma dívida de drogas", provavelmente, crack. Foi um Deus nos acuda na cidade, pois essa notícia já estava movimentando toda a comunidade. Os vizinhos se pronunciavam, diziam do sentimento das donas de Rafinha, mas Suzana pouco aparecia, quem continuava falando era sua mãe. Depois de todo o suspense que a imprensa gosta, finalmente Rafinha foi encontrada mortinha da silva, mas já na barriga do cara que a recebeu do ladrão.

A BAND, via Pânico na TV foi direto para Patos e fez um quadro com Rafinha, com a velha mãe de Suzana e com a própria. Fizerem um funeral estilizado da galinha e, com isto, tiraram todo tipo de sarro com o ocorrido. Não bastando isto, alguém fez uma música que está na internet acerca da já famosa Rafinha. Não é lá grande coisa, mas hoje em dia não é preciso ser grande coisa pra fazer sucesso, haja vista a própria Rafinha.

Diante disto, a gente fica sem entender certas coisas, mas só nos resta respeitar. Na verdade o mérito da Rafinha foi, no meu entender, desbancar o reinado do GATO e do CACHORRO como clássicos animais de estimação. O pior é que a Rafinha era muito da feia enquanto galinha. Será que os galos a rejeitavam diante de sua feiura? Creio que sim, porque feia como era, ficava difícil para o mais tímido dos galos a encarar. Mesmo que ela conseguisse ser mais “galinha” do que naturalmente fosse, acho difícil ter sido amada. Por isto, talvez tenha optado, a pobre e feia galinha, por abrigar-se no colo de Suzana. Esta, igualmente, não é nenhum primor de estética e deve ter tido vários pontos de vista ( ou de bico) em comum com a penosa que, quem sabe, não pode tipificar o primeiro caso de amor entre uma mulher e uma galinha...

O funeral de Rafinha foi simbólico, pois a mesma já tihha sido comida à cabidela. Duas mil pessoas acompanharam o enterro patrocinado pelo Pânico da BAND... Em todo caso, melhor enterrar uma galinha do que um "frango"... Cocoricó!

(A foto que parece é da própria "em pessoa"... KKKK, digo, cocoricó!

Mas não se assuste. A imprensa pernambucana agora está dando ênfase a ZEBEDEU – um bode criado em igualdade de condições a Rafinha. Ele sumiu e sua dona está chorando de saudades. Se isto prosperar eu escrevo de novo.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 11/09/2012

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