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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A AGD na América - Indo ás guerras americanas


Catedral do Conhecimento 


Por Zé Carlos

Nossas andanças pela América continuam. O bom de não ser turista num país estrangeiro é não ficar embevecido com tudo que vemos, pois, normalmente, o que é mostrado ao turista é o melhor que existe. Vemos e sentimos o povo e as coisas mais perto de nós, e nem sempre elas nos parecem tão boas, quando nos despimos de nossa fantasia turística.




Já estamos aqui em Pittsburgh, no estado da Pensilvânia, há quase um mês, tempo suficiente para não nos considerarmos mais turistas na cidade, pois estamos começando a descobrir seus defeitos. Até engarrafamentos de trânsito já presenciamos, quando nos primeiros dias esta civilização do automóvel parecia andar com fluidez. Já está quase na hora de visitar outras cidades como turistas para não começarmos a criticar tanto o “way of life” dos americanos.




Enquanto não fazemos isto, tentaremos continuar com a vida de turista, e foi o que fizemos ao visitar mais um museu da cidade. Desta vez não havia nada parecido com a natureza vegetal ou animal, e nem mesmo com artes. Visitamos um museu que poderíamos chamar de Museu das Guerras, e que se chama na realidade de “Soldiers & Sailors Memorial Hall” que numa tradução livre seria “Memorial dos Marinheiros e Soldados”.

Já havíamos notado que este país quase sempre esteve em guerras, e nos últimos tempos, eles raramente viveram sem se envolver nelas. Não sei se os americanos gostam de guerra ou se é uma necessidade social, que os faz manter uma cultura sempre voltada para luta dita patriota. Nós brasileiros, que não estamos habituados a um país em guerra, e minha geração não  viu o país se envolver em guerras externas, até estranhamos.

O que nos fez ir a este museu foi mais sua proximidade e a beleza da arquitetura do prédio que o contém. E também, porque negar?, pela curiosidade atiçada por um panfleto do museu que dizia ser a entrada gratuita para aqueles que foram militar e hoje são aposentados. Eu pensei que minha curta estada no exército e agora aposentado me dava direito à gratuidade, mas, não foi o caso. A moça apenas nos perguntou se tínhamos algum parente que estivesse em uma das guerras que os americanos travam pelo mundo. Pelo nosso sotaque, ela viu que não, e tivemos, já que estávamos lá, que pagar pela nossa entrada. Ainda bem que neste local fomos considerados “seniors”, (tradução livre: velho, idoso, terceira idade, pé na cova, etc.) pois temos mais de 60 anos,  e pagamos um pouco menos.




É muito difícil descrever o que vimos, além do entusiasmo com que o americano trata suas guerras, começando desde as guerras de sua independência, passando pela sua guerra civil, e indo até, como a moça frisou, até a guerra atual do Afeganistão. Por isso, colocamos mais as fotos que tiramos e deixamos os leitores interpretarem melhor o que é este museu.

O que mais nos impressionou foram os objetos mais comuns na vida dos soldados, todos originais e conservados da melhor forma possível. Cartas de baralho, pedras de dominó, bandeiras rasgadas e coladas, mostrando quão é importante para os organizadores a vida, nos seus íntimos detalhes, dos seus combatentes ou guerreiros.





Para nós é a segunda vez que estamos num país em guerra, e nunca no nosso país, e só podemos dar graças a Deus. Embora tenhamos notado que a guerra prepara também o povo para vida de uma forma peculiar. Quando estávamos na Inglaterra, na época da Guerra do Golfo, observamos quanto uma guerra mesmo distante afetava a vida dos seus cidadãos. É como se todos os ingleses estivessem sendo atacados como na II Guerra Mundial. Todos eram voluntários para um esforço de uma guerra quase do outro lado do mundo. Não sabemos se isto é bom ou mau, mas, é diferente.




Então passamos uma tarde em guerra, trabalhando como fotógrafos e registrando diversas guerras em que entraram os americanos. São estas fotos as coisas mais importantes desta postagem. Não as comentaremos todas mas, aquela que escolhemos para dar início a ela, lá em cima, parece ser um resumo da história deste país. Ela retrata um canhão antigo em frente a um prédio que se chama Cathedral of Learning (Catedral do Conhecimento), que, dizem, é o prédio escolar mais alto dos Estados Unidos. Este país vive entre guerras e produção de conhecimento, e parece ser bom em ambas as coisas. E isto não é embevecimento turístico e sim uma lembrança das guerras modernas e dos que ganharam prêmios na área do conhecimento.

Adoraríamos que o Brasil também fosse bom na produção de conhecimento, isto já nos bastaria. O que não sabemos é se podemos ter só uma destas duas que citamos. Quem sabe?

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