Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho
Em Bom Conselho quando
criança os acontecimentos festivos de um ano para o outro, demorava uma
infinidade para acontecer novamente. O Natal, o Carnaval, a Semana Santa, São
João e São Pedro, o Sete de Setembro e o dia de Todos os Santos e Finados, nos
dias 01 e 02 de novembro era uma eternidade. Os dias preguiçosamente passavam
lentamente. Os dias calorentos. As tardes bronzeadas pelo sol se pondo. As
noites longas. Eram assim em meu Bom Conselho de outrora. As vizinhanças conversavam nas calçadas nas
tardes quentes e noites de luar e o céu estrelado nas calçadas de casa. As
crianças brincavam de roda, de pega, de pula corda, de academia, nas calçadas
marcas por carvão. De pega e de esconde-esconde pelas ruas enegrecidas e empoeiradas.
A noite para alguns homens era ouvir o Reporte Esso ou a Hora do Brasil,
ficavam por dentro dos acontecimentos nacionais, sendo assunto para o outro
dia. Os passeios na Praça Pedro II pelos namorados de mãos dadas sob o olhar
rigoroso dos pais. O auto falante com suas musicas que encantava a mocidade. As
aulas nas escolas eram demoradas. O recreio passava rápido e os alunos
novamente entravam na sala suada, depois de um lanche - pão com uma fatia de
doce, ou algumas bolachas sortidas, ou um copo de arroz doce com canela
vendidos nos muros do Ginásio São Geraldo. Ficávamos a espera com uma ansiedade
que somente as brincadeiras de rua amenizavam esta expectativa. O tempo mudou?
Não! As horas marcadas são as mesmas á séculos. É verdade que o trabalho no
tempo atual consome mais tempos nos deslocamento para o trabalho e com isto
gera pensamentos que o dia é mais curto. Os meios de comunicação também
aceleram as nossas vidas, a televisão, a internet, o telefone fixo e celular
hoje faz parte da vida das pessoas. As noticias chegam há minutos ao
conhecimento das pessoas. São noticias de toda espécie, boas e más. Nas grandes
metrópoles este pensamento é comum e se faz presente nas conversas mantidas
pelas pessoas. Quantas se interrogam – já estamos no meio do ano – O ano nem
começou e já estamos no Carnaval – A Semana Santa não é mais semana santa toda
recorre a baladas; O São João logo começa, e o toque da zabumba, da sanfona e
do triangulo e o baião com as saudosas musica de Luiz Gonzaga; O Natal começa
no mês de outubro, com as lojas já enfeitadas com papais Noel, arvores e bolas
coloridas – como pode acontecer tudo isto. O mundo esta prá se acabar! Os mais
velhos assim dizem! A modernidade trouxe
doenças que nunca existiu em tempos passados e hoje são corriqueiras, são
pessoas acometidas de câncer de mama, de próstata, do pulmão. As preocupações
com dia-a-dia levam o individuo a “depressão”, ao Acidente Vascular Cerebral a
famosa “AVC”, ao “enfarte do miocárdio” O transito louco que leva a loucura
para todos os motoristas e ao transeunte. Isto é o fim do mundo, diz a voz do
povo. O que acontece e muita gente nega-se, a saber, é que a distancia do lar
para o local do trabalho e grande e isto consome tempo e angustia ao cidadão. O amigo Geraldo que chegou recentemente de São
Paulo é um dos que afirmam que o tempo mudara. Todo o dia gastava cinco horas
de ida e volta de casa para o trabalho. Começava às 7 horas da manhã e largava às
sete horas da noite, doze horas de trabalho. Somando-se o horário de trabalho e
com o deslocamento era de dezessete horas. Chegava em casa por volta da dez horas da
noite e saia logo cedo as quatro horas da manhã. O tempo dele mudara as horas
não. Não tinha tempo para descansar nem para se distrair com a família. Fora
uma vez ao litoral tomar um banho de mar em um final de semana, para descansar,
se arrependeu pois demorou na viagem mais ou menos cinco horas, já chegando
cansado no local que seria de descanso. O tempo mudara mas as horas não. E
assim é a vida daqueles que vivem nas metrópoles. Não tem descanso. Somente
trabalho. O tempo não mudou, continua o mesmo, o que mudou fomos nós em nossas
atividades.
Olá, Zé Carlos!
ResponderExcluirMuito grato pelas elogiosas palavras referentes à tirada de campo do Agenda Garanhuns. A vida também é isso. Ora se escolhe, ora se desescolhe. Ora se encolhe. Então, eís as escolhas e seus efeitos.
Mas é isso. Sou inquieto e odeio mar manso. Vou encarar novos projetos. Afinal, cada um tem os seus, não é mesmo. Uns mais, outros menos. E outros mesmo, nenhum. Contraditório.
Fique certo que sou um admirador de seu trabalho à frente dessa Gazeta. Bom Conselho ficou mais poética com ela.
Sem blá, blá, blá, deixo aplausos para vc, que justifica os cabelos brancos que tem, e que me fazem inveja. Sinceramente.
Um forte abraço.
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