Por Zé Carlos
Hoje é Dia do Trabalho. Pensei até em não escrever hoje pelo
feriado. No entanto, como a coluna é de humor,
e já tivemos uma manifestação sindical no último dia 28 para homenagear
o não trabalho, resolvi escrever. Afinal de contas não existiu piada maior na
semana, do que se fazer um “greve geral”
da qual só participou o pessoal que não trabalha, que são os dirigentes
sindicais. Mas, para ser justo, como sempre tento ser, outros trabalhadores
apareceram e foram logo embora. A mortadela que eles queriam não chegou devido
à Operação Carne Fraca, que confiscou a maioria do estoque. Só no Brasil
poderia ocorrer algo assim.
Vocês, meus parcos 15 leitores, podem pensar num Tribunal de
Justiça do Trabalho participando de uma greve geral? Pois foi o que aconteceu
com o Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região lá em Minas Gerais. E a
decisão foi do desembargador presidente e do corregedor que mandaram uma
circular para os funcionários, onde devem ter explicado o motivo não real que
era a greve geral, e também o real: feriadão de quatro dias. Só no Brasil
mesmo.
Se me dissessem que o Temer também dispensou os funcionários
na sexta-feira, só me restaria acreditar, pois se lá em Brasília, no Congresso
Nacional, alguém tentasse entrar não conseguiria porque nem o porteiro
apareceu. Por que trabalhar-se-ia no Planalto? E viva o Dia do Trabalho!
Mas, nem só de trabalho viveu a semana que passou. O
Congresso Nacional meteu a mão na massa. Foi votada, na Câmara, a Reforma
Trabalhista, e foi aprovada. Se vocês não se lembram, o Brasil, tem uma
legislação trabalhista que fundamentalmente vem desde 1943. Ela foi feita para
regulamentar o trabalho de pessoas que nem tinham celulares. Já pensaram em
alguém sem celular? Pois é, houve tempo que ele não existia. Imaginem, não
existia nem computadores. O que? Vá explicar hoje ao meu neto que existiu um
tempo que eles não existiam. Pois é. E nossas relações trabalhistas vêm daquele
tempo, quando se pensava que o bom era um Estado forte controlando patrões e
trabalhadores como o fez Mussolini lá na Itália. Lá foi preciso uma guerra
mundial para mudá-la, aqui bastou um espirro do Temer. Pensam que isto é uma
crítica? Não. É que naquela época não existia nem “telemarketing”.
E no Senado, votaram dois projetos de lei que são de suma
importância e influência no humor nacional. No primeiro, os senadores aprovaram
uma lei para acabar com o abuso de autoridade. Dizem que o projeto principal
era do Renan, e quando se viu, pelo seu comportamento que ele estava legislando
em causa própria, mudaram o texto. O que o projeto original dizia era, trocado
em miúdos, que o sisudo Sérgio Moro não poderia prender ninguém, pois prender
alguém era abuso de autoridade. Este artigo caiu, e já se admite que ele pode
prender o Lula, mas, o resto ele tem que esperar que passe o outro projeto, que
é o do Fim do Foro Privilegiado.
Este também foi aprovado e diz, até agora, que os únicos que
serão preservados da justiça comum são os chefes dos poderes federais, ou seja,
só o presidente da república, o presidente do STF, e os presidentes da Câmara e
do Senado, podem ser julgados como qualquer cidadão comum. Mas, o que tem isto
de engraçado? Nada, a não ser como foi a votação do projeto no Senado. Havia uma
verdadeira guerra para não aprovar nada dele, e de repente, o projeto foi
aprovado por unanimidade. Lá em Bom Conselho havia o ditado que dizia: “Esmola grande o cego desconfia!” E eu
fiquei me perguntando o porquê de tudo isto e logo descobr. É que o principal
defensor do projeto era o bom-conselhense Randolfe Rodrigues, que deve ter
citado, na surdina, para os outros senadores, a velha frase do Coronel Zé
Abilio: “A Lei é como uma cerca, quando
ela é muito alta a gente passa por baixo e quando ele muito baixa a gente pula”.
Aí, ao invés de ficarem discutindo o tempo todo, começaram a medir a altura da
cerca.
E, além disso, nossa musa a Dilma, que andava a dar
palestras pelo exterior, gastando nosso dinheiro, e não posso dizer nem igual
ao Lula, porque quem pagava a ele era a Odebrecht, divertindo os gringos como
já vimos em semanas anteriores, agora voltou. Seu objetivo no momento, como o
de todos que habitaram o governo antes do Temer é tentar que o Lula volte. E
para isto a produção de piadas é imprescindível. No Rio Grande do Sul, enquanto
a plateia sedenta de humor gritava “Fora
Temer” ela dizia: “Eles têm uma visão
de entregar o Brasil. De vender o Brasil.”, e quando a plateia já urrava
com suas hilariâncias ela completava: “Esse
país sofreu um golpe de Estado. Fui afastada sem crime de responsabilidade por
um bando de corruptos.”. Então a piada do “golpe”, tão usada em seus shows, ainda é sua maior jogada.
Entretanto, o mote do humor petista a Dilma não abandonou: “O que não podemos deixar é eles ganharem no
tapetão. Tem uma imensa desonra para todos nós se eles tentarem falsificar esse
processo eleitoral, impedindo Luiz Inácio Lula da Silva de ser candidato, não
interessa por que meios.” Ou seja, a única inovação na tentativa de fazer
rir é voltar à sua piada de que “faria o
diabo para se eleger”. E como deu certo daquela vez, embora o Brasil tenha
chorado muito, agora ela quer repetir com Lula. E ataca com sua campeã do riso:
“... se Lula não concorrer será a
consolidação do “golpe”. E, quando a plateia ouve a palavra “golpe”, não tem jeito, o riso abunda.
E este show no sul, foi maravilhoso porque contou com a presença
do nosso pândego maior, o Lula. Seria impossível esta coluna esquecer. Vejam as
pérolas que ele contou no show e não riam se forem capazes:
“Não entendo o motivo
de tanto ódio ao PT.”
Piada hermenêutica que precisa de grande poder de
interpretação ou está desempregado para sorrir. A pandeguice do homem vai mais
longe:
“Tem um tipo de gente
que não suporta a ascensão dos pobres. Tem gente que não suporta uma menina
negra da periferia estudar Medicina. Tem gente que não suporta pobre entrando
em teatro.”
Todo mundo fica esperando, até que ele conclua dizendo que,
ele não se enquadra entre esta gente, mas, foi tudo culpa da Odebrecht, que não
o ajudou em nada a entender de pobre. Mas, ele não o faz. Então a risadaria é
geral, quando se lembra a situação do Brasil atual e o que Lula tanto fez para
que chegasse a tal ponto. Quando se pensa que tudo vai acabar falta gente viva,
e que morreu de rir, ele atacou dizendo que a Dilma caiu, porque a elite machista
“ainda acha que mulher é só um objeto de
cama e mesa”. Dilma ao seu lado já ria tanto que pediu para ir ao banheiro,
para fazer o que ela sempre faz no banheiro, tanto fez na presidência.
Enquanto isto, o Lula, avermelhado pela emoção de voltar aos
palcos do humor depois da performance lá na Paraíba, reinaugurando a transposição
do Velho Chico, e lembra a velha ameaça do sisudo Moro:
“Eles não querem me
prender por corrupção. Querem me prender pelo meu jeito de governar. Mas, como
diz Fidel Castro: ‘A História me absolverá.’”
Se é como dizem que a saudade de Fidel, em Cuba é tanta, que
os cubanos estão cancelando os registros de nascimento dos filhos que tem nome
de Fidel, para esquecê-lo, o povo tem que rir. E ele não se faz de rogado em
sua cruzada pelo riso:
“Se esses trogloditas
que estão aí não sabem governar, eles têm de entender que tem gente que sabe e
que já governou. Não sei o que vai acontecer comigo, mas eles podem se
preparar, porque nós vamos voltar e vamos recuperar a indústria naval deste
país. Eles têm que saber que a Petrobras vai voltar a dar alegria ao país; que
o BNDES voltará a ser um banco de desenvolvimento; que a gente vai regular a
mídia.”
Com as delações que vem aí sobre o BNDES, e com que se passou
na Petrobrás, esta fala do Lula rivaliza com muitos personagens do Chico
Anísio, principalmente, o Justo Veríssimo que dizia: “Eu quero que pobre se exploda!”, só que o Lula diz, “Eu amo os pobres!” e acende o pavio de
uma bomba por traz. O público vai ao delírio. Quem diria que superaríamos o
Ceará em termos de comediantes. E, para completar o show ele diz, talvez
pensando no Bozó, aquele que adorava dizer que trabalhava na Globo:
“A Globo precisa
escolher logo seu candidato, porque terei imenso prazer em derrotar o candidato
da Globo”.
Não sei se é verdade mas dizem que a plateia saiu
embevecida, porque o candidato da Globo é o Luciano Hulk. O homem é realmente o
pândego do século.
Bem, nesta semana que agora entra, teríamos o grande show do
Lula, programado para o dia 3 de maio em Curitiba, no qual ele responderia ao
sisudo Moro sobre se o triplex do Guarujá é dele ou não. Pois não é que o
Sérgio Moro que não gosta de humor, adiou o depoimento para dia 10?! Só o
motivo do adiamento é assunto para esta coluna, pois é hilariante. A Polícia
Federal está prevendo, pela fama de comediante do Lula, uma multidão para ver o
show in loco e poderia haver tantos
ataques de riso, que o Moro resolveu adiar. Mas, o show promete.
Só os fatos
anteriores já seriam suficientes para matar alguns dos nossos leitores de riso,
mas, para sermos completos, não poderia deixar de falar do Roberto Requião que
foi o relator do projeto de Lei do Abuso de autoridade. Não, não é porque ele
queria brigar com o Randolfe Rodrigues, e sim, pela forma que ele fingia
defender algo que ele mesmo sabia que depois não acreditava. Quando o projeto,
totalmente diferente do que ele defendeu e escreveu durante tanto tempo foi
aprovado, e a câmera focalizou sua cara, eu mesmo não aguentei e estou rindo
até hoje. Muito mais até do que quando vi o Senador Hélio José perder os
dentes.
Vejam, os dentes do senador do senador caindo:
E o comentário do senador Magno Malta, que perde a ovelha
mas não perde a piada, e defesa do senador sobre o fato:
Espero voltar na semana que vem, ainda como os dentes na
boca e sem cair o queixo.
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