Por Zezinho de Caetés
Os mais jovens diriam: “É surreal!”. Realmente, no Brasil de
hoje tudo é “surreal”, no sentido de que depois dos irmãos Batista,
sim, aqueles que foram mais do que premiados com a delação que abalou os
alicerces de nossa República, tudo é possível.
No entanto, pensando bem, o “surrealismo” no Brasil, não vem de hoje.
Ele começou em 2002 com a eleição do meu conterrâneo Lula para a presidência.
Era o analfabeto vencendo os alfabetizados para um cargo no qual é necessária a
“leitura”, que ele, declaradamente,
nunca teve.
Pegou, no início de governo, as
rebarbas dos ajustes que o FHC havia implementado, depois de iludir o povo com
aquela Carta aos Brasileiros, em seguida pegou o grande “boom” das commodities da
economia mundial, que levou quase todo subsolo brasileiro para a China, e caiu
nas graças do povo, com um processo dito de inclusão, que nada mais era do que
o fruto da ignorância econômica.
Quis transformar o Brasil, num
Estado de Bem Estar Social, tipo Economia desenvolvida, a partir de uma base
fraca de infraestrutura, em todos os sentidos, e que não poderia dar em outra
coisa que não o governo da incompetenta Dilma Roussef, que, hoje se sabe, foi
ajudada pelos meninos da Friboi a se eleger, recebendo rios e rios de dólares.
E a sangria do Brasil continuou,
aumentando o desemprego e a inflação, enquanto a Dilma brigava com o Lula, ou
seja, a grande briga entre o “criador”
e a “criatura” para continuar na
presidência. E foi o que vimos. Por exemplo, 12 milhões de desempregados.
E o que nos salvou foi o
impeachment. Sem ele, tenhamos certeza, este país já seria uma grande Venezuela,
pobre país que sofre hoje a herança maldita do Hugo Cháves. Assim como aqui
ainda sofremos a herança maldita de Lula, e que ele fica relembrando o povo
pobre e sem informação que adora ser enganado.
E, para mim, houve uma esperança
depois do impeachment, mas, até eu fui enganado, como a maioria do povo
brasileiro, letrado ou iletrado. Foi a delação da dupla caipira que nos tirou
do engano, e, pasmem, podemos estar ainda muito enganados pois dos 1829
políticos da delação, o distinto público não sabe do nome nem da metade.
Quem sabe, talvez, ainda hoje, eu
possa ainda simpatizar com políticos que foram subornados, e que estiveram no bolso
dos Joesleys? É, a situação está muito “surreal”.
No entanto, se só fosse isto, que já passamos, tudo estaria bem. E o futuro?
Já hoje, leio que há uma
articulação político-institucional para invalidar a delação premiada de Joesley
Batista. Ela visaria, alegando que a Procuradoria Geral da República foi muito
benevolente com os meliantes delatores e que as gravações não foram autorizadas
pelo STF, livrar os “mandões” da
República. Se o STF atender um pleito destes, as denúncias contra Temer e
contra Aécio, por exemplo, iriam para o brejo e eles se livrariam dos
inquéritos.
Vejam quão “surreal” é o Brasil. Parece até uma mãe que pune o filho por
derramar uma lata de tinta, e depois é forçada a bebê-la porque se descobre que que foi o pai que autorizou o
filho a derramá-la. O fato de que a tinta sujou tudo passa a ser de somenos
importância, e ninguém quer mais saber de limpá-la.
No entanto, tudo que vier agora
da classe política é no intuito de derrubar a Operação Lava Jato, porque ele
está descobrindo que a tinta sujou, digo, porque os políticos enlamearam o
Brasil por muito tempo, e que o Brasil deve se livrar da lama e de quem o
enlameou. O resto é detalhe, que a história vai levando.
No entanto, quando eu vejo, como
ontem, o Renan Calheiros falando no Senado, do alto de seus 12 processos
criminais, que, devemos coibir a ação dos procuradores, eu perco um pouco o
otimismo. Não é que eu seja a favor do abuso de autoridade, porque ninguém é, a
não ser quem abusa. Mas, numa hora dessas, depois de abusarem tanto da
confiança dos brasileiros virem falar de abuso de autoridade, é até ridículo.
E se há uma coisa que não pode
parar no Brasil, não é a Economia ou a Série A do campeonato nacional, é a
Operação Lava Jato, porque se ela parar, para tudo o mais de decente que ainda
supomos que o Brasil tem, seríamos sempre um república de bananas ou de abacaxis.
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