Por Zezinho de Caetés
E hoje, mesmo com o mesmo
terremoto na cabeça, acordei ainda com o Temer como presidente. Até onde, eu
não sei. No entanto, apareceu uma
maneira do Temer se tornar herói, e guerreiro do povo brasileiro: Ficar no
governo e fazer as reformas andarem.
Eu falo isto, mais como desejo,
do que com os olhos na vida real. Dificilmente, o Temer continuará, e se o
fizer, será como um “pato manco”,
para entregar a faixa a alguém em janeiro de 2019, o que já seria um grande
feito. Para ele, não para o Brasil.
Ouvi seu discurso de não
renúncia. Ele está em seu direito e até acho que fez bem em adiar o velório por
um tempo. No entanto, sei que enquanto permanecer, tudo vai andar na metade da velocidade
em que andou. Pois, ele se convenceu que não pagou o silêncio do Eduardo Cunha,
mas, faltou convencer a nação.
Os delatores mafiosos da JBS
tinham trânsito livre entre os políticos, e não pensem que era só entre os que
estão no poder, pois dizem vir aí, histórias de seu relacionamento com aqueles
que antes lá estavam, como o Lula e a Dilma. Provavelmente, vem aí mais bombas
e bombas sobre muito mais gente. Como disse ontem, a delação envolve mais de
1800 políticos.
Entretanto, está nas mãos de
nossas autoridades lidar com as informações de uma forma responsável, como
muito bem aborda o editorial de Estadão
de hoje (“A hora da responsabilidade”),
abaixo transcrito, para não jogarmos a criança Brasil, junto com a água suja do
banho da corrupção.
Penso que, depois de 13 anos de
petismo, os que ainda resistiram na política, estão sujos. O problema é
verificar o quanto de sujeira cada um tem. Para mim, não foi uma surpresa total
ver o Aécio Neves pedindo dinheiro de propina para se defender de ter usado
propina. Eu sabia dos métodos envolvidos na compra e venda de votos, mas, o
benefício pessoal, está muito explícito, para não nos surpreender.
Pelo menos, neste aspecto, parece
que o meu conterrâneo Lula, agiu melhor. Só usava as coisas dos amigos, e nada
sabia. Mas, isto é uma piada para o Zé Carlos aproveitar em sua coluna semanal.
Aliás, aqui cito outra para descontrair: “Parece
que o Aécio vai ser preso antes do Lula. Neste país, nem fila se respeita mais!”.
Pelo menos até agora, só prenderam a irmã do Aécio, e ainda não prenderam
o irmão do Lula.
Em suma, estamos num mato cercado
de cachorros, que nos espreitam, tentando cooptarmo-nos para latirmos juntos.
Resistamos, no entanto. E agora, para o bem do Brasil, e por motivos muito
diferentes, daqueles dos petistas, temos que aderir ao Fora Temer! Mas, sem
esquecer o outro grito essencial para pacificar o país de uma vez: Cadeia para
Lula e Dilma!
Fiquem com Editorial do Estadão
para refletirem até a próxima delação, com prudência e moderação. Eu vou esperar
o que resta ainda desta dupla delatora mafiosa, que ao invés de estar presa,
está gozando as delícias do governo Trump em Nova York, provando que, pelo
menos, para eles, a carne não é fraca.
“Este grave momento da vida
nacional deverá passar à história como aquele em que a irresponsabilidade e o
oportunismo prevaleceram sobre o bom senso e sobre o interesse público. Tudo o
que se disser agora sobre os desdobramentos do terremoto gerado pela delação do
empresário Joesley Batista, em especial no que diz respeito ao presidente
Michel Temer, será mera especulação. Mas pode-se afirmar, sem dúvida, que a
crise é resultado de um encadeamento de atitudes imprudentes, tomadas em grande
parte por gente que julga ter a missão messiânica de purificar a política
nacional. A consequência é a instabilidade permanente, que trava a urgente
recuperação do País e joga as instituições no torvelinho das incertezas –
ambiente propício para aventureiros e salvadores da pátria.
O vazamento de parte da delação
do empresário Joesley Batista para a imprensa não foi um acidente. Seguramente
há, nos órgãos que têm acesso a esse tipo de documento, quem esteja
interessado, sabe-se lá por quais razões, em gerar turbulência no governo
exatamente no momento em que o presidente Michel Temer parecia ter
arregimentado os votos suficientes para a difícil aprovação da reforma da
Previdência. Implicar Temer em uma trama para subornar o deputado cassado
Eduardo Cunha a fim de mantê-lo calado, como fez o delator, segundo o pouco que
chegou ao conhecimento do público, seria suficiente para justificar seu
afastamento e a abertura de um processo contra o presidente – o Supremo
Tribunal Federal já autorizou a instauração de inquérito.
É preciso destacar, no entanto, o
modus operandi do vazamento. A parte da delação que foi divulgada não continha
senão fragmentos de frases transcritas de uma gravação clandestina feita por
Joesley Batista em uma conversa com Temer. Não se conhecia o contexto em que o
diálogo se deu, porque a gravação não foi tornada imediatamente pública.
Durante as horas que se seguiram à divulgação da existência do explosivo
material, mesmo que não se soubesse o exato teor do que disse Temer, criou-se
um fato político gravíssimo. A demora em tornar pública a gravação se prestou,
deliberadamente ou não, a prejudicar o acusado, encurralando-o. A versão que
certamente interessava ao vazador, portanto, se impôs.
Até mesmo uma conversa informal,
na qual Temer teria confidenciado a Joesley Batista que a taxa de juros estava
para cair – o que qualquer pessoa medianamente inteirada da conjuntura já
imaginava –, está sendo interpretada como tráfico de informação privilegiada. O
Banco Central informou o óbvio – que não há possibilidade de que Temer tenha
tido conhecimento antecipado de uma decisão sobre juros –, mas, num momento em
que o debate político se resume ao disse que disse frívolo das redes sociais,
prevalece não a verdade, mas o rumorejo.
Não é de hoje que há vazamentos
desse tipo – e isso só pode ser feito por quem tem acesso privilegiado a
documentos sigilosos. Ao longo de toda a Operação Lava Jato, tornou-se
corriqueira a divulgação de trechos de depoimentos de delatores, usados como
armas políticas por procuradores. O vazamento a conta-gotas das delações dos
executivos da Odebrecht que envolvem quase todo o Congresso Nacional, mantendo
o mundo político em pânico em meio a especulações sobre o completo teor dos
depoimentos, foi um claro exemplo desse execrável método.
Enquanto isso, fica em segundo
plano o fato de que Joesley Batista e outros delatores sairão praticamente
livres, pagando multas irrisórias, embora tenham cometido – e confessado! –
cabeludos crimes. Para honrar tão generoso acordo com o Ministério Público, o
empresário saiu por Brasília a armar flagrantes, com gravador escondido no
bolso, a serviço dos que pretendem reformar a política na marra.
Nesse clima de fim de mundo,
revoam os urubus. Parlamentares e líderes políticos, uns mais criativos que
outros, propõem as soluções mais estapafúrdias para uma crise que só existe
porque grassa a insensatez entre aqueles que deveriam preservar a estabilidade
no País.
Resta demandar que a Constituição
não seja rasgada ao sabor das conveniências daqueles que lucram com o caos.”
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