Por Zezinho de Caetés
Hoje, ninguém pode discutir, o
fato mais importante, talvez da semana e do ano, é encontro do Lula com o
Sérgio Moro em Curitiba. Seria algo normal se o meu conterrâneo fosse um “cara” normal. Mas, faz tempo que ele não
é, para o bem ou para o mal.
Eu vejo os meios de comunicação
hoje, quase parados, como eu estou, porque qualquer assunto que se aborde, só
nos leva a Curitiba, a capital da Lava Jato. E é sobre esta operação que eu
transcrevo o texto de um editorial do Estadão de hoje, chamado de “A importância relativa da Lava Jato”.
Como qualquer coisa que dá certo,
há sempre os que tentam tirar proveito delas para fins os mais diversos. É do
jogo político. E, penso eu, não se pode dizer, como disse o Gilmar Mendes que
as ações dos procuradores sejam “brincadeiras
juvenis”. Venhamos e convenhamos, o Gilmar pisou feio na bola.
Mas, a reação do Procurador Geral
da República, o Rodrigo Janot, tentando impedir o Gilmar Mendes porque sua
mulher é de uma banca de advogados que prestaria serviço ao Eike Batista,
parece intempestiva. Afinal de contas, data venia, daqui a pouco, para
pertencer ao Supremo dever-se-ia, como diria o Temer, ser filho proveta e
solteiro. Se assim fosse, só sobraria sem impedimentos a Cármem Lúcia porque é
solteira, mas, ainda assim, não é filha de proveta.
Não houve nem tempo de dormir
sobre os loiros da acusação, o Janot já se vê às voltas com as denúncias de que
sua filha trabalharia para a Odebrecht, a empresa, que representa a Lava Jato,
por excelência.
E enquanto dois poderosos da
República brigam, o Brasil segue com o desemprego incólume e o crescimento
estagnado. Neste ponto, parece que atualmente, só o Temer trabalha, e como
trabalha para convencer o país de estamos envelhecendo e não temos fundo para
nos aposentar.
Eu não concordo que a Java Jato
seja apolítica, pois ninguém é, nem mesmo a Santa Madre Igreja, e o Papa
Francisco está se mostrando, de vez em quando um bom Peron. A política faz
parte do jogo e até o Sérgio Moro já descobriu isto; e quem não admite, está
apenas fazendo política. No entanto, há política e Política. A primeira leva só
a querelas que beneficiam apenas as partes envolvidas, enquanto a segundo leva
em conta o bem comum.
Então, nem tanto ao mar, nem
tanto à terra, como dizia meu pai. Temos que ter o equilíbrio necessário para
que a Lava Jato, que foi a coisa melhor que aconteceu ao Brasil desde seu
descobrimento, não sofra por causa de querelas vãs.
E voltando ao fato político do
momento, que é o depoimento de Lula, devo dizer que se houver qualquer tipo de
violência ou mau comportamento em Curitiba, não há dúvida que a culpa será do
PT e de seus asseclas, por não saberem soltar o osso, que roeram por muito
tempo, na hora certa.
O PT se tornou hoje, como vem
agindo, um partido pernicioso para o Brasil,
assim como, mutatis mutandis,
o Neo-Nazismo se tornou um mal para a Alemanha. Tudo isto porque, até agora,
não reconheceu o mal que fez, e, ao contrário, o chefe Lula, diz que quer fazer
tudo de novo, e com a incompetenta Dilma a tiracolo.
Vamos esperar para ver o que resultará
do encontro do século, entre o Moro e o Lula, onde tudo poderá acontecer,
inclusive nada. E espero que tudo corra bem para o Brasil. E isto significa que o resultado seja a
condenação do Lula no futuro, e seu banimento da política brasileira. Pode até
ser que ninguém saiba porque ele está apanhando, e até sinta pena, mas, ele
sabe, certamente.
Agora fiquem com o editorial do
Estadão que é um incentivo à sensatez,
coisa que o Lula não teve ao armar todo este circo em torno de um mero
depoimento, para se safar das safadezas que aprontou. Eu, fico aqui, na roída
de unha para ver o resultado.
“O pedido do procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, para que o ministro Gilmar Mendes, do Supremo
Tribunal Federal (STF), seja declarado impedido de atuar no caso envolvendo
Eike Batista é mais um exemplo de reação exagerada por parte do Ministério
Público (MP). Janot alega que a esposa de Gilmar Mendes integra banca de
advogados “que prestaria serviços” a Eike Batista, o que comprometeria a
imparcialidade do ministro.
Mais do que manifestar zelo pelo
cumprimento da lei, o pedido de Janot coaduna-se perfeitamente com a tentativa
de parte do Ministério Público de utilizar a Operação Lava Jato para denunciar
a generalizada podridão existente nas instituições nacionais. Tudo estaria
podre no País. Trata-se de uma manobra insidiosa, pois se utiliza de uma coisa
boa, como é a Lava Jato, para uma finalidade política no mínimo questionável e
certamente estranha às competências institucionais do Ministério Público.
Não é tarefa da Lava Jato
denunciar as instituições ou promover um movimento de repúdio aos poderes
constituídos. Cabe-lhe investigar com diligência todas as suspeitas e denúncias
levantadas, sem poupar nenhum criminoso nem incriminar nenhum inocente. É um
trabalho sério, que exige extremo cuidado e pode trazer, como já trouxe, muitos
benefícios ao País.
Por mais que impressione a
extensão dos crimes revelados pela Lava Jato, eles não legitimam, no entanto,
que membros do Ministério Público utilizem a operação para fins políticos,
difundindo a ideia de que tudo está podre, exceto – é o que parece afirmarem –
o Ministério Público, que seria, assim, o salvador da pátria.
A realidade não é bem essa. Nem
tudo está podre nem o Ministério Público é o suprassumo da pureza e da
inocência. Caso se lhe apliquem as lentes que alguns do MPF querem impor às
outras instituições, perde também ele imediatamente seu odor de santidade. Como
revelou o site Consultor Jurídico, a filha do indignado Janot é advogada e tem
como clientes, em diferentes casos na Justiça Federal e no Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a Braskem, petroquímica controlada
pela Odebrecht, a construtora OAS e a Petrobrás.
O caso mostra como é fácil
avaliar distorcidamente as situações, no intuito de produzir escândalos. É mais
que hora de agir com prudência e temperança. E isso, é preciso repetir, não é o
mesmo que insinuar – e muito menos garantir – impunidade ao crime e a
ilegalidades. Trata-se apenas de olhar as coisas com realismo.
A Lava Jato é muito importante e
produziu – e deve continuar a produzir – efeitos moralizadores. A operação não
é, porém, a salvação nacional. A prioridade é tirar o País da crise,
assegurando a retomada do desenvolvimento econômico e social, num ambiente
moralmente sadio. Reconhecer essa realidade não diminui a importância da
operação. Afinal, ela é uma persecução criminal. E a vida nacional vai muito
além da mera elucidação e punição de crimes cometidos por empreiteiras e
políticos, por mais importantes que sejam.
A Lava Jato não pode se
converter, como às vezes parece ocorrer, numa ideologia. Hoje Lula da Silva
deverá ser ouvido em Curitiba. Muita gente tem tratado esse depoimento como se
fosse o momento máximo de redenção nacional. Sem dúvida, o evento é importante
para Lula da Silva, já que o processo penal pode lhe render algumas
consequências que ele achava que jamais o atingiriam. A lei é para todos e,
nesse sentido, a Lava Jato tem um sentido pedagógico exemplar. Mas cada etapa
dos processos da Lava Jato não pode paralisar o País.
Sendo importantes, os atos da
Lava Jato não podem substituir a verdadeira prioridade nacional. Há uma
profunda crise econômica, social, política e moral, que precisa com urgência
ser combatida. Reconhecer essa hierarquia de valores não é um apoio velado à
impunidade. É simplesmente não fechar os olhos, por exemplo, aos 14 milhões de
desempregados. É não ignorar que, sem a aprovação das reformas em curso no
Congresso, o Tesouro estará exaurido em 2022 (ver abaixo o editorial Reforma ou
desastre).
É perniciosa a tentativa de
transformar a Lava Jato na grande panaceia nacional. Além de não tirar o País
da crise, esse modo de conduzi-la, como se tudo estivesse podre – como se os
poderes constituídos já não tivessem legitimidade para construir soluções –,
inviabiliza a saída da crise.”
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