Por Zezinho de Caetés
No momento em que escrevo hoje, é
cedo o suficiente para dizer se a malandragem está ganhando ou perdendo. Isto
é, se a “greve geral” está
funcionando ou não. Ou se o país está sofrendo com desfaçatez dos sindicatos ou
não. Eu espero que tudo esteja funcionando.
No entanto, vou tratar aqui de
outro fator, embora não menos relacionado. A vida dura que o Lula vem tendo
junto à Justiça. Desde as últimas delações (Odebrecht e OAS) que só os mais
fanáticos lulistas ainda pensam que ele é inocente. E olhem que não estou
dizendo, apoiadores de Lula, e sim fanáticos, pois seus apoiadores já o apoiam
apenas para não perderem a boquinha, pois se não o fizessem teriam sua vida
política dizimada. Será que estou pensando na Gleisi Hoffmann? Ou no Humberto
Costa?
O fato é que é mais fácil um
camelo passar pelo fundo de uma agulha do que o Lula não ser preso. Se não for
neste processo sobre o qual iria depor no dia 3 e agora passou para o dia 10 de
maio, será por outros não sei quantos que ainda virão. E são muitos podem crer.
Os mais espertos do Partido dos
Trabalhadores já se afastam, como o Leonardo Boff, Luciana Genro, Clóvis
Cavalcante, e tantos outros. Os que ficam, têm pouca esperança, mas, que jeito?
E ainda há os que se unem a Lula por puro oportunismo como o Renan Calheiros
que tenta explorar os “votinhos” que
ele ainda tem em Alagoas para não ir cuidar dos bois a partir de 2019.
Ou seja, politicamente, o Lula
está morto, enterrado e esperando o epitáfio mais adequado: “Aqui jaz um bon vivant!”.
Para esmiuçar mais nuances da
vida do meu conterrâneo, leiam abaixo o Murillo de Aragão onde ele discute “Lula e sua bagagem pesada”, publicado
ontem no Blog do Noblat, que vou ficar na espreita para ver se encontro alguém
sério que tenha aderido à greve hoje. Vou usar minha lupa!
“As declarações dos empresários
Marcelo Odebrecht e Léo Pinheiro sobre suas relações com Lula complicaram de
vez a situação do ex-presidente. Mas a questão que envolve a possibilidade de
sua prisão pode não ser resolvida rapidamente. Afinal, prender um ex-presidente
da República provoca amplas repercussões nacionais e internacionais.
No entanto, a situação jurídica
de Lula está cada vez pior e dificilmente ele conseguirá escapar de uma pesada
condenação por parte do juiz Sérgio Moro, à frente das investigações na
Operação Lava-Jato. Lula provavelmente poderá recorrer em liberdade e aí sua
sorte estará nas mãos do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) do
Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A questão crucial é saber se o
TRF4, localizado no Rio Grande do Sul, cujo meio jurídico tem conhecidas
tendências esquerdistas, condenará Lula com celeridade a ponto de torná-lo
inelegível. Como se sabe, uma condenação em segunda instância de órgão
colegiado fará dele um ficha-suja.
Lula, por sua vez, age de forma
clara: transforma-se em vítima e candidato à Presidência para jogar em Moro a
pecha de perseguidor de político popular. O resultado nas pesquisas de opinião
endossa a estratégia de Lula: é o único que estaria assegurado no segundo turno
se a próxima eleição presidencial fosse realizada hoje.
Miais recentemente, o
ex-presidente e o juiz passaram a protgonizar uma polêmica sobre sobre as
condições em que se dará o encontro entre ambos – dia 3 de maio ou mais tarde,
com 87 testemunhas ou menos, embalado por manifestações populares alusivas ao
dia do trabalhador ou um teste de pré-lançamento de campanha.
O embate serve de maneira
conveniente à personalidade marqueteira de Lula, que todos os dias tem assunto
para alimentar a mídia. Com a vantagem de se tratar de uma agenda positiva, que
evita as palavras corrupção e propina, e põe no centro do debate a questão da
democracia.
Recentemente, o sociólogo André
Singer, um dos formadores das teses do lulopetismo, afirmou em artigo que a
estabiidade da democracia só estará garantida se Lula concorrer em 2018:
"No lusco-fusco em que nos encontramos, o destino jurídico do líder
petista será chave”, escreveu.
Caso Lula seja candidato,
raciocina Singer, “a recomposição do tecido democrático esgarçado pelo golpe
parlamentar ganha densidade”. Na hipótese contrária, a instabilidade tende a se
prolongar. Logicamente, o raciocínio de Singer é mais do que um exagero.
Como a próxima eleição não será
realizada hoje e nem se sabe se Lula estará ou não elegível em 2018, tudo o que
vemos é um samba-enredo destinado a transformá-lo em herói do povo mesmo com
evidências chocantes de privilégios indevidos. É a construção de uma narrativa
que funciona, em parte, pelo fato de os demais partidos também estarem sendo
atingidos pelo tsunami da Lava-Jato.
Tal narrativa não funcionará mais
adiante porque a mochila de fracassos e equívocos de Lula está transbordando e
isso custará caro em uma possível tentativa de se reeleger. Em campanha, ele já
não contará com a generosa ajuda das empreiteiras. Além disso, o PT está
desidratado e envergonhado, por conta da sucessão de escândalos em torno de seu
nome. Sem contar o fato de que o mundo sindical não estará unido a seu lado.
Para piorar, caso Lula consiga
chegar a 2018 elegível, sofrerá um bombardeio midiático intenso, já que passou
a personalizar tudo de ruim que aconteceu no Brasil nos últimos anos. Poderá
até chegar ao segundo turno, mas ganhar é outra história.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário