Por Zé Carlos
Bem, a semana foi quente! Que o digam os sírios que tomaram
quase 60 mísseis Tomahawk pela proa. O Trump, depois de uma noite com Melania,
resolveu tornar outra vez os Estados Unidos os senhores do mundo. Não se pode
negar que são mesmo. No entanto, tem que se zelar pelas leis e pelos bons
costumes, mesmo quando se tem mais força. Para esta coluna, onde o humor
abunda, o que importa é o preço dos mísseis. Li que cada um vale mais ou menos
1 milhão de dólares. Imaginem, se ao invés deles, ogivas mortíferas, levassem
este dinheiro para o povo sírio?! Eu mesmo estaria rezando para que alguns
caíssem lá em Brasília, para financiar a Reforma da Previdência.
E já que estamos falando de Brasília, o centro do humor nacional, não poderíamos deixar de
falar do que lá se passa. E o Renan continua a brilhar. Depois que ele soube o
número de votos que terá em Alagoas para o Senado e também que não pode se
candidatar a deputado federal nem a governador, partiu para a única cartada: Se
voltar contra o governo Temer, cujo grau de aprovação não chega a 10%, para ver
se consegue ser candidato único. Chegou a uma situação, que, o chamado agora de
“Trump do Agreste”, se não for
candidato único, o outro será eleito, independentemente de quem seja, ele
perde. Daí bate o desespero, e vemos o que estamos vendo: Cada vexame é uma
piada.
E, como o Temer, não tem feito muitas piadas, a não ser
deixar que a Reforma da Previdência não seja uma verdadeira reforma e sim um
arremedo, somente, para se livrar do Renan, diz sobre ele:
“Eu compreendo o
Renan, as dificuldades dele. De alguma maneira, ele sempre agiu dessa maneira.
Ele vai e volta. Então eu estou tratando com muito cuidado, politicamente, até
porque não posso a todo momento estar brigando com quem não é presidente da
República”.
Vejam a sutileza da piada, quando ele diz que o Renan “vai e
volta”. Ou seja, Renan não é mais o “Trump
do Agreste” e sim o “ Bumerangue da
Alagoas”.
E como meus 16 leitores e meio sabem, toda semana aqui, eu
escolho o campeão das piadas. E já estávamos quase destituindo a Dilma do posto
de nossa musa do humor, quando lemos uma entrevista que ela deu à Folha de São
Paulo. Dizem que o show não foi ao vivo porque ela estava se preparando para um
show na América, do qual falamos a semana passado. Daqui a pouco tratamos dele.
Por enquanto, vejamos uma análise rigorosa dentro dos altos padrões
humorísticos a que esta coluna se propõe.
Folha - O julgamento
do TSE começa já com o parecer do procurador eleitoral Nicolau Dino, baseado
nos depoimentos de delatores como Marcelo Odebrecht, dizendo que a campanha da
senhora recebeu R$ 112 milhões de caixa dois em 2014.
Dilma Rousseff - Eu
fico estarrecida, primeiro, com o cerceamento de defesa do qual estou sendo
vítima. [Marcelo Odebrecht] está fazendo delação de acordo com seus interesses.
Portanto, tudo o que ele diz pode servir de indício para investigar, mas não
para condenar. O STF [Supremo Tribunal Federal, que homologou a delação do
empreiteiro] nem abriu investigação [criminal] ainda. É estarrecedor que um
procurador use como prova o que não é prova.
Em segundo lugar, ele
faz uma soma de laranja com banana. O senhor Marcelo Odebrecht diz que R$ 50
milhões [dos R$ 112 milhões] foram doados em 2009 e faz uma relação disso com o
Refis [ele diz que prometeu os recursos ao ministro da Fazenda, Guido Mantega,
depois que a Odebrecht foi beneficiada por uma medida provisória. O valor teria
se transformado em crédito que só foi usado na campanha de 2014]. Ora, em 2009
eu tive um câncer e sequer era candidata a Presidência.
Além disso, terminamos
a eleição de 2010 com uma dívida de R$ 10 milhões. E não usamos nada desses R$
50 milhões para cobrir esse débito? Esses R$ 50 milhões são uma ficção, uma
coisa absolutamente ridícula.
Vejam o senso de humor de Dilma e a falta de humor da Folha.
Esta deveria ter perguntado como é que R$ 50 milhões de dólares podem se tornar
um ficção? Segundo às más ou boas línguas este dinheiro sobrou para a campanha
de 2014. Onde ele ficou? Claro, que em forma de crédito. Se eles tivessem sido
reais alguém já deveria estar gastando-os no exterior ou preso. Mas, se pensam
que o humor termina por aí vejam esta:
Folha - A senhora quer
dizer que os investigadores o pressionaram para envolvê-la?</b><br>
Olha, eu tenho a
impressão de que o senhor Marcelo Odebrecht sofreu muitos tipos de pressão.
Muitos tipos de pressão. Por isso, não venham com delaçãozinha de uma pessoa
que foi submetida a uma variante de tortura, minha filha. Ou melhor, de coação.
Dilma Roussef - Ele
nunca teve essa proximidade comigo [para tratar de verba de campanha]. Da minha
parte sempre houve uma imensa desconfiança dele.
Folha - E por quê?
Eu era ministra-chefe
da Casa Civil em 2007 e supervisionava os grandes projetos do governo como as
usinas do complexo do rio Madeira, Santo Antônio e Jirau. E um empresário
começou a dizer que estava muito difícil participar do leilão porque havia uma
espécie de cartel organizado pelo senhor Marcelo Odebrecht. Eu fui averiguar. E
havia um processo de cartelização. Chamada a direção de Furnas [que participou
do consórcio], isso foi imediatamente resolvido. Mas não é só. O leilão já
estava marcado e ele disse em vários locais que ninguém faria lance se o preço
mínimo da energia não ficasse em R$ 130. Decidimos não adiar. E a própria
Odebrecht ganhou por R$ 78,87.
Faça as contas e veja
a diferença de margem de lucro [que a Odebrecht deixou de ganhar]. Ele nunca
deve ter me perdoado.
Vejam senhores e senhoras, mais uma vez, o potencial
humorística da declarante, nossa musa, a Dilma. Ora, ela está falando de um
empresário que está desestabilizando governos, e não só o brasileiro, e diz que
o cara foi torturado para fazer delação, ou, no mínimo foi coagido. Ora, meus
senhores, por que ela não fez nada contra a Odebrecht quando descobriu que ela
estava num processo de cartelização e ainda deixou a empresa ganhar a obra?
Para esta coluna o culpado só pode ser o Lula, se não foi ela. Sem contar que
durante todo seu governo, se não fosse a Lava Jato, a Odebrecht continuaria
deitando e rolando e até defecando em nossas cabeças.
E, já que falamos em defecar, passemos ao ponto alto do show
de humor de nossa deusa:
Folha - Marcelo também
diz que, já com a Lava Jato em curso, avisou a senhora, num encontro no México,
que a sua campanha poderia ser contaminada, pois ele havia feito pagamentos ao
marqueteiro João Santana no exterior.
Dilma Roussef - Eu
viajei ao México para um encontro com o [presidente] Peña Nieto e depois houve
um almoço e uma reunião com empresários. O Marcelo estava lá. No fim do dia, eu
já estava saindo para o aeroporto, atrasada, mas queria ir ao banheiro. Fui
para [o toalete de] uma sala reservada e fiz o que tinha que fazer [risos].
Quando voltei, tá lá o senhor Marcelo nessa sala. Ele começou a falar comigo,
do jeito Marcelo, tudo meio embrulhado. E eu numa pressa louca, olhando pra
ele. Não entendi patavina do que ele falava. “Niente” [“nada” em italiano]. Ele
diz que me contou que poderia ocorrer contaminação. Mas eu não tinha conta no
exterior. Se o João tinha, o que eu tenho com o João? Por que eu teria que
saber?
Todos os meios de comunicação só falaram da ação de Dilma
quando disse que ia ao banheiro, pensando que ela fosse lá defecar ou mijar.
Ninguém tem a coragem de dizer o motivo principal de sua ida ao banheiro. Ela
foi lá fazer o que tinha de fazer. O que foi então? Ela foi simplesmente pensar em como se livrar do
Marcelo e do João Santana, que podem leva-la à cadeia em breve. E sabem o que
ela pode fazer em relação a isto? “Niente!”.
E a entrevistadora não perguntou nem se ela havia lavado as mãos. Que coisa!
Por fim, termino este resumo do grande show da Dilma, dos
quais já estava com saudades, com esta:
Folha - A senhora
soube de algo que comprometa o Temer?
Dilma Roussef - Não,
querida, isso eu não posso dizer. Porque se eu soubesse ele não demorava nem
dois minutos para sair. Já do Moreira eu suspeitava. Suspeito. O Eliseu Padilha
[ministro da Casa Civil] é do Rio Grande do Sul, como eu. Sai na rua e pergunta
para as pessoas quem ele é.
Folha - Se a senhora
sabia tanto, por que eles ficaram no seu governo?
Dilma Roussef - Eu
soube bem lá pelo fim do governo.
Ninguém notou a piada a não ser alguns dos meus leitores que
já estão bolando pelo chão de tanto rir. Se a Dilma pudesse tirar o Temer do
governo já teria atingido os objetivos do PT e tornado o nosso reino uma
ditadura. E, realmente, ela só soube do fato no fim do governo, e quem disse
foi o Eduardo Cunha, aceitando seu impeachment, que era tudo que a pessoal aqui
da coluna sonhava pois teríamos a Dilma como humorista em tempo integral.
O nosso sonho está sendo realizado, aparentemente, pois ela
agora foi para Harvard nos Estados Unidos dá um show cuja tema fundamenta é o “coup” do Temer. Eu até assisti a uma
parte, e só não vi todo o show porque é impossível assistir a tanto humor em tão
pouco tempo, sem ter embolia hilariante. E quando vi o Eduardo Suplicy
aplaudindo a Dilma de pé, pensei logo: Este país é imbatível em termos de
humor, para dar vender e até exportar. Por isso, a Dilma agora usa tantas
línguas para fazer graça. Por exemplo:
Folha - A senhora
conviveu muitos anos com eles.
Dilma Roussef - Eu não
convivi não, querida. “Yo”, no. Agora, há uma coisa gravíssima no Brasil, que
não é se rouba ou deixa roubar, porque isso você pune, prende.
“Yo”, sinto-me
morrendo de rir, e por isso mudo um pouco de assunto, não sem antes dizer que a Dilma continuará dando shows nos Estados Unidos, em vários estados, com seu mais novo sucesso: "Temer deu o "coup"!
A outra peça de humor semanal, foi, sem sombra de dúvida, o
julgamento da chapa Dilma/Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Foi um
show do início até o final, porque, eu realmente não entendi nada. Tantas pessoas
juntas para julgar um caso que aconteceu há mais de 2 anos e meio, e, ao invés
de começar o julgamento, chamam mais testemunhas. Quando um dos comediantes
vestidos de juízes disse que não deveríamos “chamar Adão e Eva, junto com a Serpente” para depor, a plateia veio
abaixo de tanto rir.
Bem, se, estavam faltando shows no Judiciário Brasileiro
desde aquele dado por Lewandowski deixando de cassar os direitos políticos de
Dilma, tudo voltou nesta semana que passou. Agora, por incrível que pareça a nossa justiça vai fazer sua justiça.
Provavelmente, o Tribunal só julgará a chapa que ganhou as eleições
presidenciais em 2014 quando a outra eleição próxima, a de 2018, já estiver concluída.
É muito gasto de tempo, papel e cafezinho, se não fosse o humor que isto
proporciona, o que alimenta esta coluna semanal. Ou seja, se os nossos
tribunais superiores continuarem julgando neste ritmo, aqueles que tem “foro privilegiado” que é um eufemismo para
“costas quentes”, só serão condenados
quando mortos. Se não fosse o apressado do Sérgio Moro, o Zé Dirceu ainda seria
“guerreiro do povo brasileiro”.
Termino por aqui, para manter intacta a saúde dos meus
leitores, mas, sempre na esperança de que na próxima semana, eles morrerão de
tanto rir.
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