Por Zezinho de Caetés
Nesta sexta-feira a coisa
amanheceu preta para o mundo e para o meu conterrâneo o Lula. Para o mundo
porque o Trump, fugindo de sua inação interna, resolveu lançar uns mísseis lá
pela Síria, e para o Lula porque parece que a delação do Léo Pinheiro vai ser
retomada, com o mundo de coisas sobre ele que o empresário tem para esclarecer.
Não só sobre ele, mas, sobre
Aécio, Serra e até o Dias Toffoli. Talvez não seja uma delação tão grande
quanto a do Marcelo Odebrecht, mas, com potencial ofensivo maior do que os dos
mísseis de Trump. Afinal de contas, de uma vez por todas, ele poderá dizer de
que quem era o triplex do Guarujá e o sítio de Atibaia, que o Lula diz não ser
dele e todo mundo diz que é.
Fotos mostram ele com o Lula em
poses “íntimas”, inclusive tomando uma
cachacinha com Léo Pinheiro. Ou seja, são amigos de longa data, mais até do que
o Lula era amigo do Emílio Odebrecht. Vamos esperar para ver.
Então o dia deve ser bem
movimentado. Nós aqui, seguimos nosso próprio ritmo, indo à Caixa outra vez
para saber se ainda tenho FGTS vencido e não usado, e ao mesmo tempo, atento à
política nossa de cada dia. E nesta, o assunto da moda é a Reforma da
Previdência que tem mais efeitos políticos e econômicos para nós do que os
mísseis americanos e a delação do Léo Pinheiro.
E encontrei hoje, no O Globo, um
texto da Míriam Leitão que mostra por A mais B, e talvez, mais C, porque esta
reforma é tão importante para o Brasil. Chamado de “No país dos desiguais”, ele mostra o cerne de tudo, e também a
demagogia que está por trás daqueles que estão contra a reforma, por não se
darem conta do tamanho do problema.
Tudo se passa como se não
tivéssemos futuro. O presente nos basta, e até agora todos estivessem vivendo à
tripa forra, pelas benesses distribuídas no passado. Hoje, há bolsas para todos
e aposentadorias para velhos, trabalhadores rurais e as mulheres se trabalharem
um pouquinho se aposentam com base na “dupla
jornada”. O problema é se com o envelhecimento da população isto continuará
acontecendo.
Mas, quem se importa? O futuro a
Deus pertence. Pode até ser que mísseis e mais mísseis americanos e russos se
encontrem no ar e nos atinjam. Então para que pensar no futuro? Isto é a
posição do homem comum. O que nos espanta é a desfaçatez dos nossos políticos
que deveriam zelar pelo nosso futuro. Mas, no meio do caminho temos um Renan,
temos um Renan no meio do caminho!
Se desperdiçarmos esta
oportunidade do mandato tampão de Temer, não fazendo as reformas necessárias
para que o país volte à civilização de que o PT nos tirou, não tem jeito. Entreguemos
nosso futuro a Deus, mesmo com o risco dele não nos ouvir, por não merecermos.
Fiquem com a Míriam, enquanto vou
retirar meu fundo do banco, ou, pelo menos, tentar outra vez.
“Se a Câmara dos Deputados
derrotar a reforma da Previdência estará marchando contra o equilíbrio fiscal,
contra a demografia, contra o bom senso e contra o país. Já fez isso em outras
ocasiões, quando exigiu tantas mudanças que desidrataram as propostas. A Câmara
pode dizer “não” e acabar de vez com qualquer credibilidade que ainda possa ter
nessa legislatura.
Não é este governo que precisa da
reforma. É o Brasil. Os dados são eloquentes e alarmantes. A população de 60
anos ou mais está crescendo a 4% ao ano. Ainda é de apenas 12,5% do país e
mesmo assim a Previdência tem um rombo que cresce exponencialmente, fruto das
regras erradas que concederam a um grupo de pessoas o que não há possibilidade
de dar a todos.
A Previdência precisa oferecer o
básico a todo mundo e para isso a primeira exigência é cortar privilégios como
o das aposentadorias precoces. Quem se aposenta por tempo de serviço tem uma
renda maior do que quem se aposenta por idade no Brasil. Para o segundo grupo,
em geral trabalhadores do setor informal e com salário mínimo, sempre valeu a
idade mínima de 60 anos.
Em nenhum país do mundo, nem
mesmo os mais ricos, existe uma previdência que garanta aposentadoria antes dos
50 para algumas castas, que permite a filhas de certas categorias de funcionários
pensão vitalícia, que permite a acumulação de benefícios, que dá rendimentos
tão altos a grupos da elite. O que quebrou a Previdência não foi o
envelhecimento da população. Este é um país jovem, com 38,6% entre zero e 24
anos e 48,8% entre 25 e 59 anos. Ou seja, 87,5% dos brasileiros têm menos de 60
anos. O que quebrou a Previdência foram os abusivos privilégios de uma
sociedade de desiguais.
O senador Renan Calheiros pode
tentar escapar pela demagogia fingindo ser um rebelde na base aliada, mesmo sendo
o líder do PMDB. Ele já está há muito tempo a caminho da insignificância.
Enquanto se anula, ele ainda faz estragos, porque dá aos deputados a desculpa
perfeita para recusaram a reforma: de que eles não vão votar medida impopular
porque não há garantia de que o Senado vai aprovar. O PMDB pode errar mais uma
vez nesta rara oportunidade que tem de governar o país. Chegou à presidência de
carona com o PT, mas prometendo fazer uma ponte para o futuro. Se o partido
derrubar a reforma estará derrotando a si mesmo e estará provando que é bom
para ocupar o governo, como uma tropa invasora, mas não é bom para assumir as
responsabilidades de governar.
É fácil ficar contra a reforma da
Previdência porque ela traz a amarga verdade de que temos que fazer um novo pacto
se quisermos sustentabilidade fiscal. É fácil ficar contra, porque o estouro
não será amanhã. O país vai piorar aos poucos, vai perder chances, vai desviar
para os mais velhos o que deveria ficar com as crianças, vai tomar decisões
irracionais, vai empobrecer. Amanhã, quando o sistema ruir, ninguém se lembrará
dos nomes dos deputados e senadores que negaram ao país a possibilidade de
reorganizar suas contas diante de uma nova realidade social, fiscal e
demográfica.
A proposta não é perfeita, mas
ela tem princípios basilares que têm que estar em qualquer reorganização do
sistema de aposentadorias e pensões: idade mínima compatível com a expectativa
de vida; igualdade de responsabilidades entre homens e mulheres; redução dos
privilégios de categorias. Ela falha quando não avança, quando protege os
protegidos como os militares das Forças Armadas. Ela falha quando se apequena
diante do tamanho da sua tarefa. Teria que ser mais reforma e não menos.
O Brasil precisa pensar no seu
futuro, se quiser ter um. A cada dia 7 de abril eu revisito o sentimento de que
o tempo passa rápido. É mais um ano de vida. É nesse momento que a visão de
futuro fica mais aguda e clara. Sei que amanhã serei xingada nas redes por
escrever o que estou escrevendo. Não me importo. Este é o meu papel e estou
feliz pela oportunidade de exercê-lo. Eu preciso alertar principalmente os mais
jovens que a reforma da Previdência não resolverá nossos problemas, mas
impedirá que eles se agravem. E pode abrir a porta para a realização de outros
projetos urgentes do país.”
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