Por Zezinho de Caetés
Ao ler a mídia ontem, eu fiquei tão chocado com o que está
acontecendo no Brasil, que deixei os textos que li para comentar amanhã. Hoje,
comento um do final de semana que é crucial para entender porque descemos tão
fundo neste poço quase sem fundo.
O Ruy Fabiano em seu artigo semanal (“O Quinto dos Infernos” – Blog do Noblat – 12/09/2015) chama-nos a
atenção para o principal legado do PT nestes anos que reinou neste Brasil, nos
últimos 13 anos: A perda do grau de investimento moral da sociedade civil.
Nunca, na história deste país se viveu uma crise tão grande de
moralidade. E pensar que o PT elegeu Lula e Dilma para restaurar a moralidade.
Talvez, seguindo o que disse um político do passado, não conseguindo restaurar
a moralidade, sua meta foi locupletar-se de tudo, mamando nas tetas da nação.
Eles conseguiram, com um discurso de “justiça social”, cooptar os vários setores da sociedade civil, para
o maior engodo da história da República. As promessas iniciais de manter o
equilíbrio das contas públicas, o respeito à moeda, e de reformas que
aprofundassem aquelas legadas pelo governo FHC, foram para o espaço.
Todo este tempo viramos macacos tentando imitar o socialismo
do século XXI do Chávez, que levou já a Venezuela e a Argentina à bancarrota.
No início com o auxílio da conjuntura econômica mundial, onde a China crescia
mais do que os pecados de Mao-Tse-Tung, comprando tudo que era aqui produzido,
a preço bom, tudo foi uma festa.
Lula, meu conterrâneo, ao invés de se tornar um presidiário
do mensalão, tornou-se o pai dos pobres e oprimidos. Onde ele chegava arrastava
multidões. Era o “cara” do Obama.
Hoje, quem diria, virou um boneco inflado com roupa de presidiário. É o triste
fim do Policarpo Quaresma.
Ele ainda se sacode, porque como diz o ditado de nossa época
lá em Caetés, “quem pode, pode, quem não
pode se sacode”, para ver se consegue se candidatar em 2018, no rastro de
um governo desastroso que ele mesmo construiu, criando a gerenta presidenta
incompetenta. Hoje, ele não quer mais nem saber dela, como sempre fez com seus
asseclas, quando não serviam mais para nada.
E, o que tudo indica, agora ele segue célere para ser o
companheiro de cela de Zé Dirceu, a quem ele traiu primeiro. Eu espero que o
juiz Sérgio Moro, este herói de nossa República, atualmente, substituindo o
Joaquim Barbosa, tente obter a delação premiada do Dirceu, porque ele teria
ainda 1 para entregar, e que valesse a pena para Justiça. Já o meu conterrâneo
Lula, se for preso não poderá ter os benefícios da delação. Quem iria ele,
delatar? A Rosemary Noronha, se ainda estiver solta?
Mas, fiquem com o texto do Ruy Fabiano, que é mais detalhado
do que o meu, para mostrar os pecados do PT, e que não há Papa Francisco que
perdoe, muito menos a CNBB, que também pecou muito.
“Entre os desserviços proporcionados pela Era PT, um tem efeito
devastador e exigirá muito tempo para ser recomposto: a perda do grau de
investimento moral da sociedade civil organizada.
Em certo sentido, esse dano é ainda maior que o da perda do grau de
investimento, recuperável pela adoção de medidas econômicas adequadas, em
ambiente político mais confiável.
Mas o dano moral de privar a sociedade de tribunas qualificadas,
espaços não estatais de interlocução pública, não tem preço. Entidades como
OAB, ABI, CNBB e UNE levaram décadas para construir sua reputação, com
participação ativa em todos os movimentos cívicos de envergadura do século XX.
São, porém, os grandes omissos em uma das maiores crises da história
republicana brasileira – e, em certos aspectos, a maior.
Não se ouviu delas uma única palavra condenatória a respeito da
roubalheira na Petrobras, que o jornal mais importante dos EUA, o The New York
Times, considerou, em volume e abrangência, o maior caso de corrupção da
história humana. Muito ao contrário, houve quem relativizasse o escândalo.
Aparelhadas pelo PT, hoje vocalizam os interesses desse partido, cuja
própria sobrevivência está em risco, tal a diversidade de delitos já
capitulados. Os ditos movimentos sociais – CUT, MST, MTST, entre outros – já
nasceram sob a égide partidária, com a missão de cumprir uma agenda ideológica
que está longe de exprimir um ideário comum à sociedade brasileira.
Têm, pois, coerência e representatividade a soldo. Seu declínio
acompanha o do governo petista e das legendas que os patrocinam. Vivem de
dinheiro público, à revelia do público.
Já as entidades da sociedade civil não pertencem a ninguém em especial.
Foram forjadas nas lutas políticas hoje inscritas na história. A OAB, por
exemplo, surge na sequência da Revolução de 1930 e tem participação ativa na
luta contra a ditadura do Estado Novo, a partir de 1937.
Apoiou a queda do governo Goulart, em 1964, mas, uma vez configurada a
determinação militar de não devolver o governo aos civis, tornou-se voz
destacada na luta pela redemocratização.
Exerceu, por meio de seu então presidente, Raymundo Faoro, interlocução
junto ao governo Geisel para construir a agenda da transição para a democracia,
de que constavam, entre outras coisas, o restabelecimento do habeas corpus e
das eleições diretas para presidente da República, que só retornariam de fato com
a Constituinte, em 1988.
A CNBB, por sua vez, num país que já foi bem mais católico, perdeu
musculatura moral ao se tornar força militante atrelada aos chamados movimentos
sociais – que, por sua vez, obedecem a comando partidário. Deixou de ter
qualquer importância, ao ponto de escassos católicos saberem o nome de quem a
preside.
A sociedade foi às ruas, somente este ano, por três vezes, em
manifestações que lotaram as ruas e avenidas das principais capitais. Disseram,
por conta própria, tudo o que esperavam ouvir das entidades que sempre se
ocuparam em vocalizá-la.
E o que elas disseram, quando ousaram romper o silêncio? Exatamente o
que o PT e seus aliados à esquerda repetiam: que se tratava de gente rica,
coxinhas, que nada tinham a ver com o verdadeiro povo (entidade abstrata que só
ganha concretude se se filiar aos movimentos sociais).
O aparelhamento supôs ser possível promover uma revolução em silêncio,
a revolução bolivariana, privada de qualquer debate público, a partir de uma
engenharia política restrita a essas entidades, às quais se somou o que se pode
classificar como uma síntese delas: o Foro de São Paulo.
O logro foi percebido a tempo de sustá-lo.
Alguns dos principais cabeças, na órbita partidária, como José Dirceu,
estão na cadeia. Outros, como o próprio Lula, têm tudo para lá chegar. A
revolução, sob o patrocínio de Simon Bolívar, personagem estranho à nossa
história, abusou do princípio de que os fins justificam os meios e
concentrou-se nos meios, de que a rapina à Petrobras dá um pálido exemplo – e
que não é único.
A Era PT chegou ao fim, ainda que a remoção do governo possa levar
algum tempo. A classe média, sem a qual não haveria PT, nem muito menos as
revoluções – tudo começa e termina nela e com ela -, rompeu com o establishment
petista.
E é sob seus escombros que se buscará algum remédio para o recomeço,
para a sofrida tentativa de recolocar o Brasil de volta não a um paraíso, cada
vez mais distante, mas ao singelo Terceiro Mundo. No momento, estamos no quinto
– o quinto dos infernos.”
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