Por Lucinha Peixoto (*)
Dei uma paradinha de fim de ano, mas o blog não. Achei umas
coisas interessantes e programei. Não vou dizer quais são porque se tiver tempo
eu desprogramo e entro ao vivo como agora. E volto a um assunto que se tornou
recorrente neste final de ano: a vida em Cuba.
Isto foi em parte o efeito das reportagens do Jornal
Nacional sobre a vida cubana, agora que os dirigentes resolveram “chinalizar” o
país. Isto é, resolveram tornar Cuba um país capitalista de partido único, que
é o que a China está tentando fazer e parece que está indo bem, em termos
econômicos, enquanto mantém as pessoas enquadradas dentro do campo político.
Para mim é uma questão de tempo para que os chineses que já despertaram para as
viagens internacionais, abram os olhos para dentro deles mesmos e pergutem: “E
eu como fico?” “Como, ganho dinheiro, durmo, acordo; como, ganho dinheiro,
durmo... E daí? O que eu posso fazer a mais?” Igual a muitos, e há muito tempo
na maioria dos países, eles descobrirão que querem participar do comando do seu
país, e o partido único é algo pequeno e menor.
Minha esperança é que isto ocorra em Cuba, embora ache mais
difícil por sua proximidade com maior país capitalista do mundo e sua situação
econômica que beira à bancarrota, criada pela corja que o dirigiu, não viu o
bonde da história mudar de direção como os chineses viram.
Penso que hoje, se o governo americano quisesse já teria
derrubado o Fidel e seus comparsas, apenas levantando o bloqueio americano
sobre a ilha. Penso até que, os últimos presidentes americanos são muito
respeitosos com o Fidel e estão esperando que ele desencarne para fazer isto.
Vocês já pensaram no choque de cultura de alguém descobrir
que pode engordar comendo? Imaginem aquele cubano que hoje explora uma
lanchonete em Cuba, mostrado numa das reportagens do Jornal Nacional, se tornar
uma franquia da Macdonald que poderia vender hamburgue a um preço muito mais
baixo. Como eles já estão esquecidos, de tão velha e só lembrada no primeiro de
maio, de sua revolução, enfrentaria outra revolução. A revolução pela comida,
pela roupa, pela moda, pela leitura diferenciada, pela música escolhida, pelas
alternativas profissionais, pelo banho de mar sem correr atrás dos turistas
para ganhar uns trocados, pela possibilidade de votar e ser votado, enfim, pela
liberdade de escolher o que se quer ser, mesmo que isto não seja bom aos olhos
dos “condutores de vida” de plantão, mesmo que seja para “correr atrás de velho
e fugir da polícia”.
Eu não tive tempo de ver a reportagem de ontem, pois fui
passear na cidade. Vi apenas as dos carros e seu novo mercado na quarta-feira.
Só neste setor já começou uma revolução. Vi um senhor com um carro de 1980,
querendo vendê-lo por R$ 10.000,00, quando um 0Km pode ser comprado por R$
5.000,00 e quase ninguém pode comprar pois precisa ter a renda comprovada, ou
sua origem. E como um país que tem um salário médio de menos de R$ 20,00 alguém
pode comprovar renda para comprar algo de R$ 5.000,00?
Mas, eles compram um carro de R$ 10.000,00, pois a renda não
precisa ser comprovada e vem em sua maioria dos parentes que moram em Miami e
em outros países. Dinheiro este que já é incentivado pelos próprios
governantes, porque se não fosse assim já teriam enfrentado uma revolta pior do
que a dos países árabes, gerada pela miséria do povo.
E aí, vêm os “comunistas” brasileiros. Coloquei entre aspas
porque nem mesmos os mais empedernidos comunistas do passado querem agora serem
chamados assim. Eles agora são socialistas. Mas, alguns, como o Marlos Duarte,
meu conterrâneo, fazem tanta propaganda de Cuba, que até o Roberto Almeida o
chama de comunista. Eles, propagandeiam e alardeiam as virtudes do “socialismo”
cubano, como se tivessem falando para os seus camaradas. A primeira coisa é
acusar a Rede Globo de mentirosa, venal, corrupta, etc. etc. E eu sei que um
empresa do tamanho da Globo tem suas derrapadas, mas, querer “tapar o sol com
uma peneira”, para não ver o que ocorre em Cuba é demais.
E o que é pior, do alto de seus carrões de luxo, proclamam
as virtudes da massificação social cubana como um grande feito. Talvez seja o
que a presidenta do alto de sua ignorância deseja para o Brasil, que todos
sejamos classe média, com se isto se resumisse jogar o povo para viver todos
comendo uma vez por dia enquanto ela e os ditadores cubanos vivem em suas
dachas em Brasília e em Havana. Ou seja, nivelar todos por baixo, menos os que
governam. Esta é a realidade socialista, pelo menos dos que insistem em não
mudarem como a Coreia do Norte e Cuba.
Para mim, a melhor forma de ajudar aquele povo sofrido é
dando apoio zero a seus dirigentes. Mas, o contrário é feito pelos nossos
dirigentes que acreditam ainda no Fidel. Eu prefiro acreditar em Papai Noel.
Porém, apenas com estas aberturas, tenho certeza que o povo cubano vai
despertar e arranjar um jeito de se livrar deles. Este é um desejo meu para o
ano que se inicia. Embora eu não gostasse de ver um retrato do Fidel em cima de
um carro como ontem vi o do ditador coreano. Aquela moldura deve ter custado
uma fortuna, uma menor estaria de bom tamanho.
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(*) Texto publicado originalmente em 31/12/2011. Feliz Ano Novo, Lucinha e demais leitores saudosos. (AGD)
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