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quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Um Feliz Natal, com Nelson Barbosa, o Breve





Por Zezinho de Caetés

Também estou de recesso, mas, é impossível ficar calado diante das baboseiras que aprontam nossos políticos, nesta época em que o impeachment iria tomar o lugar do Natal e o nosso STF não deixou.

Ontem li a coluna do Zé Carlos, e só me restou fazer o que ele faz no texto: Rir, e rir muito. E para não ficar para trás eu os deixo com um importante escrito da Mirian Leitão (“A dúvida continua” – 22/12/2015 – O Globo), onde ela disseca o novo Ministro da Fazenda e suas dúvidas a respeito da combalida economia brasileira, depois de Levy, o Caído, deixar o cargo com aquele seu eterno sorriso de Mona Lisa arrependida.

Todos sabemos que o Nelson Barbosa é o novo pau mandado da Dilma, nossa presidenta incompetenta, e que agora só pensa naquilo: Se livrar do impeachment. E, o que nos alegra, aqueles que queremos vê-la pelas costas, é que com a situação econômica que se apresenta, ela não resistirá muito. O ótimo seria que ela aplicasse em si suas próprias palavras quando diz que devemos pensar mais no Brasil e menos em nós mesmos, e renunciasse logo ao cargo. Certamente, o país voltaria a ter confiança e sairíamos mais rápido da crise.

Mas, sonhar não é para economistas. Teremos que adentrar 2016 ainda carregando este peso morto, que é o poste que meu conterrâneo o Lula nos legou. Este, por sinal, agora só nos tem a dizer uma coisa, o seu silêncio, porque se falar alguma coisa a Lava Jato o pega de jeito. Tem que ficar dizendo o que sempre disse: Eu não sabia...

Mas, neste quase Natal, deixo-lhes com a Mirian Leitão, que detalha as dúvidas nossas e do Barbosa, que esperamos seja Barbosa, o Breve. Se não voltar aqui antes, em algum impulso verbal, Feliz Natal para todos e todas.

“O ministro Nelson Barbosa disse o que o mercado queria ouvir e mesmo assim a desconfiança permaneceu. Este é o primeiro desafio: vencer a dúvida dos investidores sobre o compromisso dele com o que fala e sobre a capacidade do governo de tornar realidade o que está prometendo. Em parte porque tudo o que ele promete depende de um Congresso convulsionado.

Barbosa disse que vai perseguir a meta de superávit primário que foi estabelecida pelo Congresso. Sem descontos, portanto. Ele sempre defendeu que uma série de despesas não entrasse na conta para se calcular o superávit, o que torna o número um engano. Ele perdeu a briga no Congresso, e disse que assim será feito.

— O principal gasto primário da União é a Previdência, por isso o governo enviará ao Congresso no começo do ano uma nova reforma focando na questão da idade mínima —, me disse o ministro.

A mesma afirmação ele fez na teleconferência com o mercado ontem, ao meio dia. Repetiu desde que foi escolhido que o país precisa de reformas para reduzir a despesa obrigatória, e que este é o caminho pelo qual pode avançar o ajuste fiscal daqui para a frente.

Mas para fazer reformas é preciso convicção do governante e isto não tem. Tanto não tem que a presidente Dilma está indo para o sexto ano de mandato e não fez reformas. Quando ela fala, como fez ontem na reunião do Mercosul, continua defendendo uma visão delirante do que está se passando na economia. Para reformas, é preciso também que o partido do governo apoie o projeto do governo. Não há este apoio. Pelo contrário, o PT acha que essa agenda é conservadora e neo-liberal. Terceiro, é preciso que o governante tenha capacidade de articular a sua base de apoio, e se a presidente conseguir essa articulação será para salvar a própria pele e não para defender reformas impopulares.

O ministro Nelson Barbosa tem várias tarefas pela frente. Todas difíceis. Uma delas é urgente. Terá que pagar R$ 57 bilhões de pedaladas, para ficar em dia com o TCU e enfraquecer o argumento pró-impeachment. Todas as opções que Nelson Barbosa analisou neste fim de semana têm problemas. Uma das ideias é emitir títulos da dívida, aumentar o endividamento, para pagar os débitos com o FGTS, Banco do Brasil, BNDES e Caixa. Outra é sacar da conta única do Tesouro, mas para isso será preciso uma ação coordenada com o Banco Central.

— É preciso esterilizar isso para não ampliar a base monetária —, disse.

A terceira hipótese em estudo não resolve todos os problemas, apenas o do BNDES, porque é a antecipação de pagamento do banco ao Tesouro. Os contratos com o BNDES, explicou o ministro, admitem o pagamento antecipado.

Depois de passar o fim de semana em reuniões com as equipes dos dois ministérios, Nelson Barbosa disse que seu programa será pagar as dívidas com os bancos públicos (“pedaladas”) até o fim de 2015, e em 2016 trabalhar para reequilibrar as contas públicas e retomar investimento. Isso é fácil de dizer e difícil de executar.

Como reequilibrar as contas públicas que estão com um déficit nominal de 9% do PIB e que fecha há dois anos com déficit primário? Mesmo no bom cenário, atingir a meta de 0,5% do PIB de superávit primário dependerá de medidas aprovadas no Congresso, entre elas a detestada CPMF que terá que estar sancionada até maio ou junho para ser recolhida a partir de setembro.

O equilíbrio de curto prazo e o ajuste de médio e longo prazos dependerão de um Congresso que passará os próximos meses envolvido com o debate sobre impeachment da presidente Dilma. O ano de 2016 será, além de tudo, um período eleitoral em que os prefeitos das bases onde os deputados são eleitos estarão sendo escolhidos. Tudo parece excessivamente difícil.


E se tudo fosse possível, ainda assim as dúvidas permaneceriam porque o governo que fez o desajuste, e que permanece convencido de que está certo, não fará o ajuste. Ontem, em Assunção, o pior momento da presidente Dilma nem foi o de chamar o povo paraguaio de uruguaio, mas o de voltar a dizer que seu governo manteve o crescimento e o emprego e que só pela demora do crescimento mundial, e pela queda das commodities, é que está em crise. Quem não tem bom diagnóstico não terá a receita para enfrentar a doença.”

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