Por Zezinho de Caetés
Também estou de recesso, mas, é impossível ficar calado
diante das baboseiras que aprontam nossos políticos, nesta época em que o
impeachment iria tomar o lugar do Natal e o nosso STF não deixou.
Ontem li a coluna do Zé Carlos, e só me restou fazer o que
ele faz no texto: Rir, e rir muito. E para não ficar para trás eu os deixo com
um importante escrito da Mirian Leitão (“A
dúvida continua” – 22/12/2015 – O Globo), onde ela disseca o novo Ministro
da Fazenda e suas dúvidas a respeito da combalida economia brasileira, depois
de Levy, o Caído, deixar o cargo com aquele seu eterno sorriso de Mona Lisa
arrependida.
Todos sabemos que o Nelson Barbosa é o novo pau mandado da
Dilma, nossa presidenta incompetenta, e que agora só pensa naquilo: Se livrar
do impeachment. E, o que nos alegra, aqueles que queremos vê-la pelas costas, é
que com a situação econômica que se apresenta, ela não resistirá muito. O ótimo
seria que ela aplicasse em si suas próprias palavras quando diz que devemos
pensar mais no Brasil e menos em nós mesmos, e renunciasse logo ao cargo.
Certamente, o país voltaria a ter confiança e sairíamos mais rápido da crise.
Mas, sonhar não é para economistas. Teremos que adentrar
2016 ainda carregando este peso morto, que é o poste que meu conterrâneo o Lula
nos legou. Este, por sinal, agora só nos tem a dizer uma coisa, o seu silêncio,
porque se falar alguma coisa a Lava Jato o pega de jeito. Tem que ficar dizendo
o que sempre disse: Eu não sabia...
Mas, neste quase Natal, deixo-lhes com a Mirian Leitão, que
detalha as dúvidas nossas e do Barbosa, que esperamos seja Barbosa, o Breve. Se
não voltar aqui antes, em algum impulso verbal, Feliz Natal para todos e todas.
“O ministro Nelson Barbosa disse o que o mercado queria ouvir e mesmo
assim a desconfiança permaneceu. Este é o primeiro desafio: vencer a dúvida dos
investidores sobre o compromisso dele com o que fala e sobre a capacidade do
governo de tornar realidade o que está prometendo. Em parte porque tudo o que
ele promete depende de um Congresso convulsionado.
Barbosa disse que vai perseguir a meta de superávit primário que foi
estabelecida pelo Congresso. Sem descontos, portanto. Ele sempre defendeu que
uma série de despesas não entrasse na conta para se calcular o superávit, o que
torna o número um engano. Ele perdeu a briga no Congresso, e disse que assim
será feito.
— O principal gasto primário da União é a Previdência, por isso o
governo enviará ao Congresso no começo do ano uma nova reforma focando na
questão da idade mínima —, me disse o ministro.
A mesma afirmação ele fez na teleconferência com o mercado ontem, ao
meio dia. Repetiu desde que foi escolhido que o país precisa de reformas para
reduzir a despesa obrigatória, e que este é o caminho pelo qual pode avançar o
ajuste fiscal daqui para a frente.
Mas para fazer reformas é preciso convicção do governante e isto não
tem. Tanto não tem que a presidente Dilma está indo para o sexto ano de mandato
e não fez reformas. Quando ela fala, como fez ontem na reunião do Mercosul,
continua defendendo uma visão delirante do que está se passando na economia.
Para reformas, é preciso também que o partido do governo apoie o projeto do
governo. Não há este apoio. Pelo contrário, o PT acha que essa agenda é conservadora
e neo-liberal. Terceiro, é preciso que o governante tenha capacidade de
articular a sua base de apoio, e se a presidente conseguir essa articulação
será para salvar a própria pele e não para defender reformas impopulares.
O ministro Nelson Barbosa tem várias tarefas pela frente. Todas
difíceis. Uma delas é urgente. Terá que pagar R$ 57 bilhões de pedaladas, para
ficar em dia com o TCU e enfraquecer o argumento pró-impeachment. Todas as
opções que Nelson Barbosa analisou neste fim de semana têm problemas. Uma das
ideias é emitir títulos da dívida, aumentar o endividamento, para pagar os
débitos com o FGTS, Banco do Brasil, BNDES e Caixa. Outra é sacar da conta
única do Tesouro, mas para isso será preciso uma ação coordenada com o Banco
Central.
— É preciso esterilizar isso para não ampliar a base monetária —,
disse.
A terceira hipótese em estudo não resolve todos os problemas, apenas o
do BNDES, porque é a antecipação de pagamento do banco ao Tesouro. Os contratos
com o BNDES, explicou o ministro, admitem o pagamento antecipado.
Depois de passar o fim de semana em reuniões com as equipes dos dois
ministérios, Nelson Barbosa disse que seu programa será pagar as dívidas com os
bancos públicos (“pedaladas”) até o fim de 2015, e em 2016 trabalhar para
reequilibrar as contas públicas e retomar investimento. Isso é fácil de dizer e
difícil de executar.
Como reequilibrar as contas públicas que estão com um déficit nominal
de 9% do PIB e que fecha há dois anos com déficit primário? Mesmo no bom
cenário, atingir a meta de 0,5% do PIB de superávit primário dependerá de
medidas aprovadas no Congresso, entre elas a detestada CPMF que terá que estar
sancionada até maio ou junho para ser recolhida a partir de setembro.
O equilíbrio de curto prazo e o ajuste de médio e longo prazos
dependerão de um Congresso que passará os próximos meses envolvido com o debate
sobre impeachment da presidente Dilma. O ano de 2016 será, além de tudo, um
período eleitoral em que os prefeitos das bases onde os deputados são eleitos estarão
sendo escolhidos. Tudo parece excessivamente difícil.
E se tudo fosse possível, ainda assim as dúvidas permaneceriam porque o
governo que fez o desajuste, e que permanece convencido de que está certo, não
fará o ajuste. Ontem, em Assunção, o pior momento da presidente Dilma nem foi o
de chamar o povo paraguaio de uruguaio, mas o de voltar a dizer que seu governo
manteve o crescimento e o emprego e que só pela demora do crescimento mundial,
e pela queda das commodities, é que está em crise. Quem não tem bom diagnóstico
não terá a receita para enfrentar a doença.”
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