Por Zezinho de Caetés
Ao contrário de ontem, hoje, comecei o dia procurando textos
sobre a pantomima da reunião do Conselho de Ética da Câmara, que se reuniu para
votar se prossegue ou não o processo que acusa o Eduardo Cunha de mentiroso.
Eu só não digo que perdi uma tarde inteira e um pedaço da
noite vendo o grande espetáculo (na certa o Zé Carlos o explorará em sua coluna
de humor) digno do nosso parlamento, porque em política tudo é possível. Foi um
verdadeiro horror. Só não teve tapa por causa das cadeiras no meio. E para que?
Para julgar um deputado porque mentiu. Triste este nosso
país, onde Pinóquio é o único vilão, só porque cresce o nariz. Na própria
reunião do Conselho, o número de mentiras e lorotas eram tantas que ficávamos esperando o nariz
de todo mundo crescer. Perto deles, o nariz do Eduardo Cunha nem seria visto.
Não posso dizer que o Cunha não mereça ir para cadeia. É
claro que merece, mas, pelo conjunto da obra, e não só por mentir. Dilma mentiu
muito mais e ainda dizem que não há nada de pessoal contra ela, que justifique
um impeachment. Lula, se, pinoquianamente, crescesse o nariz toda vez que
mente, seu nariz já estaria servindo de corda para amarrar bois lá em Caetés.
O problema é o conjunto da obra. Mas, tudo se passa como, ao
ver uma mulher apanhando do marido lá no interior, muito antes da Lei Maria da
Penha, sem nenhuma explicação do agressor, se dizia: “Ele não sabe porque está dando, mas, ela sabe porque está apanhando”.
E isto se aplica muito bem ao conjunto da obra do PT (hoje mais conhecido por
Partido da Trambicagem).
O PT está como uma barata tonta porque não sabe mais o que
fazer para ficar no poder. Com as pesquisas batendo nas cabeças dos seus
chefes, o que querem mesmo, agora, é blindar o Lula, porque sabem que sem ele o
partido vai para o brejo junto com a vaca.
E, quando se esperava uma decisão do Conselho de Ética,
ontem, fizeram tantas chicanas que a reunião que tudo ficou para hoje. E, como
diz o imortal Merval Pereira, no texto que transcrevo abaixo, tirado do seu
blog (“O dilema do PT”), até agora não
se sabe qual é a posição deste partido partido, sobre o que quer fazer com o
Cunha, porque na beira do caminha tinha uma pedra, a Dilma, e ele não sabe se
chuta o balde ou a pedra.
Fiquem com o Merval, que detalha a reunião, que pode decidir
os destinos de muita gente, menos a de Delcídio, que parece já ter sido
esquecido. E as nuvens andam...
“Afinal, o PT quer salvar Eduardo Cunha para salvar a presidente Dilma,
ou quer cassar o presidente da Câmara para tentar salvar a reputação do
partido, se é que isso ainda é possível? O que importa mais para o PT, salvar
Dilma ou a possibilidade de Lula chegar vivo politicamente a 2018?
O ministro da Justiça, certamente atendendo a uma orientação de Dilma,
declarou que o governo não está fazendo pressão contra Eduardo Cunha, que
continua certo de que todas as denúncias que surgem contra ele têm como fonte o
Palácio do Planalto.
Mas o presidente do PT, Rui Falcão, fez um apelo público aos três
representantes do partido no Conselho de Ética para que votem pela
admissibilidade da denúncia que, se acontecer, significará que o presidente da
Câmara não tem mais força para controlar o Conselho.
Ele já recebeu contra 7 dos 9 votos previstos, e não é possível hoje
dizer se os três petistas farão a balança pender contra Cunha, ou se o
salvarão, e nem mesmo se haverá algum voto inesperado contra ele.
Esta noite brasiliense será certamente das mais quentes, muito além do
calor de verão que fez o presidente do Conselho de Ética, deputado José Carlos
Araujo, reclamar do ar condicionado da sala.
As tentativas de retardar a decisão, ou mesmo de aprovar uma punição
mais branda a Eduardo Cunha antes mesmo de começar o processo, aconteceram como
o previsto.
O tempo que perderam discutindo quem chegou primeiro à reunião, quem
furou a fila de presença, foi fundamental para que a votação não acontecesse
ontem mesmo. O deputado Manoel Junior, do PMDB, suplente no Conselho, jogou
como um titular do time de Cunha.
Fez diversos questionamentos
sobre o regimento, confundindo o já confuso presidente do Conselho, apenas para
ganhar tempo, nenhuma questão era fundamental ou realmente necessária.
O deputado Wellington Roberto (PR-PB), que apoia o presidente da
Câmara, apresentou um voto em separado em que, ao mesmo tempo considera que não
há motivos para processar o presidente da Câmara, e pede uma censura pública a
ele.
O que parece uma contradição em termos tem sua lógica. Se o Conselho
considerar que não há motivo para processar Eduardo Cunha, pode haver um
recurso ao plenário para rever a decisão. E tudo indica que hoje Cunha já não
tem maioria para se livrar do processo.
Mas, se o Conselho decidir puni-lo de alguma maneira, encerra-se lá
mesmo a discussão. O deputado Wellington Roberto quer uma punição por que, ao
negar durante depoimento na CPI da Petrobras que possuía contas no exterior,
Cunha não teria mentido, mas faltado com "a responsabilidade do cuidado
nas suas declarações, exigindo o compromisso com a sua exatidão maior do que a
demandada dos demais 512 deputados".
Eis, senhores, um deputado rigoroso, ético, que mesmo sendo
reconhecidamente um aliado de Cunha, quer puni-lo para que pense melhor antes
de falar. Enfim, a reunião do Conselho de Ética foi dominada pela pantomima
costumeira na Câmara, e até mesmo o deputado Chico Alencar quase foi usado para
atrasar mais ainda a decisão final sobre Cunha.
Como também o deputado do PSOL está sendo acusado de falta de decoro no
Conselho de Ética pelo ético deputado Paulinho da Força, uma manobra de Cunha e
aliados contra o PSOL, que liderou o processo contra o presidente da Câmara, o
presidente do Conselho José Carlos Araujo chegou a colocar na pauta da reunião
de hoje o caso de Alencar antes do de Cunha, alegando que o deputado do PSOL
certamente gostaria que seu caso fosse logo julgado.
Mas Chico Alencar disse que considerava mais lógico continuar
analisando o caso de Cunha para depois entrar o seu na pauta.
Hoje, prevêem-se mais manobras regimentais antes que a votação
prossiga, mas, se nada acontecer na noite de Brasília, é provável que a questão
seja resolvida hoje. Uma coisa é certa: os três petistas que compõem o Conselho
de Ética não terão uma noite tranquila.”
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