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segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

A semana - O Conselho de Ética, a Carta do Temer e o novo vírus da Dilma



Por Zé Carlos

Esta foi uma semana que poderia ser lembrada, na história, de semana do humor. Nunca na história deste país, houve tanto riso e tanta alegria. Pode-se até dizer que eram mais de 1000 palhaços no salão, prontos, ao menor chamado, para nos fazer contorcer de rir.

Quem viu, como eu, as reuniões do Conselho de Ética da Câmara, é possível que jamais deixe de mostrar os dentes o tempo todo. Bastava observar o seu presidente, de quem não me lembro o nome, com sua boca de fole, a resfolegar, enquanto os deputados trocavam sopapos no salão, e o Eduardo Cunha, nosso Cunhão, passava majestoso, com todas suas contas na Suíça, adentrando 2016 como o segundo herdeiro na linha de sucessão do trono de nossa rainha, que nem de copas é, de tanta cara de pau.

No entanto, o troféu para o humorista desta semana que passou, foi do Temer, sim aquele que passou 5 anos como reserva da rainha de paus, e só agora notou que fez isto só como figura decorativa. E como é o objetivo desta coluna semanal, fazer seus 12 leitores rirem às bandeiras despregadas, devemos começar pelo seu show original, porque foi feito usando o “correio do amor”, em uma carta hilariante para a nossa musa, a Dilma. Antes de ingressar na missiva, devo dizer que a Dilma também fez vários shows, ou seja, em lugares diferentes, no entanto suas piadas foram muito poucas. Fez show em Paris, na Argentina e noutros lugares do Brasil, e todos riram. E até em Pernambuco, com verão abaixo.

O tema usado por ela foi o impeachment e apenas 3 piadas fizeram o mundo todo rir:

“O impeachment é golpe!”
“Eu nunca cometi um ato ilícito!”
“O Temer sempre foi meu grande amor!”

Como diziam lá em Bom Conselho, que foi das únicas cidades do interior que vi num cartaz dos organizadores das manifestações pró impeachment da Dilma, que planejava uma manifestação, para ontem, dia 13 (a imagem que ilustra este escrito comprova isto - clique para ampliar): “Quem é bom já nasce feito”, e bastou estas 3 piadas para divertir França, Oropa e Brasília. Ela é realmente uma pândega.

 Todovia, para ser justo, como sempre tento ser, o Temer foi imbatível, na criação de humor esta semana. Claro que foi pela famosa carta que ele escreveu para Dilma, e a abordarei daqui a pouco. No entanto, a principal piada do show foi ele dizer que a carta era confidencial, e se alguém vazou o seu conteúdo, foi a Dilma. Claro que era uma piada, porque, se ele quisesse que ninguém soubesse do conteúdo, teria mandado pelos correios, pela tarifa social, que seria uma garantia que nunca ninguém a iria ler, pois jamais chegaria. Mas, não restou dúvida de que vice de pândega, “pandeguinho” é.

E vamos à carta, que foi motivo até de um artigo do Zezinho aqui neste blog. Vamos a ela, pelo menos aos seus trechos mais hilários, porque hoje ela já é assunto vencido, pelo show do Conselho de Ética, patrocinado pelo Cunha, o pela sua empresa de carne enlatada, ao tornar este conselho o circo ao qual já nos referimos.

Primeiro, foi o uso da língua latina para começar a missiva: “Verba volant, scripta manent”. Eu vi tantas traduções para esta frase, que resolvi dar a minha e a verdadeira tradução: “A verba que voa, sai do bolso da gente”. E esta tradução é corroborada pelo meu conhecimento de Latim, obtido com o professor Frederico, com o professor Arlindo e com o Doutor Cirilo lá em Bom Conselho, no Ginásio S. Geraldo, pelo seu conteúdo, que assim inicia:

“Por isso lhe escrevo. Muito a propósito do intenso noticiário destes últimos dias e de tudo que me chega aos ouvidos das conversas no Palácio.

Esta é uma carta pessoal. É um desabafo que já deveria ter feito há muito tempo.”

Ou seja, ele confessa que vivia engasgado de tanto rir com as piadas da Dilma, e pensava que ela não gostaria que ele risse. Agora ele desabafa. E depois de se mostrar triste com a desconfiança da Dilma, em sua veia humorística, ele passa a mostrar porque “é um poço, até aqui, de mágoas”. E até enumera, dando a cadência, para que o riso seja pausado a cada um dos motivos, mostrando quão bom humorista ele é:

1. Passei os quatro primeiros anos de governo como vice decorativo. ...

Quando a plateia começa a se perguntar porque só agora, quatro anos e lá vai pedrada depois, ele descobriu isto, a gargalhada é geral.

2. Jamais eu ou o PMDB fomos chamados para discutir formulações econômicas ou políticas do país; éramos meros acessórios, secundários, subsidiários.

Ora, o PMDB vem fazendo isto há 20 anos, pois está no governo este tempo todo, sem apitar nada, a não ser a passagem dos malotes, só poderia ser assim. E haja riso.

3. A senhora, no segundo mandato, à última hora, não renovou o Ministério da Aviação Civil onde o Moreira Franco fez belíssimo trabalho elogiado durante a Copa do Mundo. Sabia que ele era uma indicação minha. Quis, portanto, desvalorizar-me. Cheguei a registrar este fato no dia seguinte, ao telefone.

Certamente, naquela ocasião, vendo o tom de blague no telefonema, ela deve ter perguntado se ele se referia aos 7 x 1 contra a Alemanha, quando se referiu ao elogiado trabalho na Copa do Mundo. E tome riso!

E continua neste diapasão dizendo que a nossa musa insinuou cobras e lagartos sobre sua gestão decorativa, e que, pasmem, mencionou a piada máxima: “Vai prá casa, Padilha!”, referindo ao seu amigo e correligionário, ministro defenestrado, Eliseu Padilha. Além disso reclama que, quando da visita do vice-presidente americano Joe Biden, amigo dele de infância, Dilma, a “cruela” não deixou nem os dois conversarem para relembrarem o tempo que jogavam bola de gude juntos. E ainda diz que contou algo a Dilma, e que ela mandou um dos seus ministros torcerem a história para ser mais cruel ainda com ele.

Diante de tantas queixas, não restou nada a fazer do que concluir sua missiva dizendo:

“Finalmente, sei que a senhora não tem confiança em mim e no PMDB, hoje, e não terá amanhã. Lamento, mas esta é a minha convicção.”

Tudo pareceria sério, se ele, depois não tivesse aceito uma conversa com a Dilma para em seguida sair dizendo que as relações com ela seriam as mais “profícuas” possíveis. E, aí termina esta parte do show, com a plateia rolando o lero e quase morrendo de tanto rir. Dizem que ele agora mesmo está recebendo as pessoas na coxia, alguns para parabenizar pelo show e outros para dar ideias para os novos shows de conspiração.

Todos vocês sabem que esta é um coluna de humor, e que quando há algo a que ela se refere para o qual não poderia fazer humor de forma nenhuma, eu digo que é “humor negro” e que devemos rir sim, mas, do inusitado da situação e nunca das pessoas. Por exemplo, será que seria possível se fazer humor com a constatação de que hoje, nossas gestantes que foram vítimas do mosquito aedes aegypti, e contraíram o vírus transmitido por ele, da febre zika, podem sofrer para sempre com os seus filhos marcados pela “microcefalia”, que leva a um desenvolvimento das crianças de forma não plena? Pensam que não? Pois vejam o que nossa musa disse, quando veio a Pernambuco para colocar o Exército para participar da guerra ao mosquito:

“Porque o mosquito transmite essa doença porque ele coloca um ovo. Esse ovo tem o vírus que vai transmitir a doença”

Claro que isto é um grande humor negro, porque ninguém evita o riso quando pensa nos ovinhos do mosquito sendo fritos na banha e transmitindo doença por aí. Ou seja, nossa musa é boa até no humor negro. Não estão convencidos ainda, vejam o que ela disse em seguida:

“E, agora, eu queria destacar uma questão, que é uma questão que está afetando o Brasil inteiro, que é a questão da vigilância sanitária: gente, é o vírus Aedes aegypti com as suas diferentes modalidades: chikungunya, Zika vírus. Nós temos de tratar a questão do Zika vírus com muita seriedade.”

Ou seja, nossa mulher sapiens, nossa musa, veio a Pernambuco criar mais um vírus, mostrando seu versatilidade como colaboradora principal de nossa coluna, no humor, seja ele branco, negro, vermelho ou mesmo verde-amarelo.

Só para terminar, e para não correr o risco de perder algum leitor com crise hilária, declaro que nosso colaborador o Lula, deixou o país, embora diga que não foi por ser intimado a depor numa dessas 1800 operações da Polícia Federal, e nem porque seu filho teve o sigilo bancário e fiscal quebrado, e sim para receber mais títulos de Doutor e falar mal da justiça brasileira, pois os estrangeiros não entendem que o ele quer é contar piadas. Quando ele diz que o “impeachment de Dilma” é um golpe, nunca o viram falar sobre o “impeachment do Collor”, e nem riem. Aqui, é uma risadaria geral.

E agora, para concluir mesmo, como os shows de humor, em Brasília acontecem todas as noites, num recente jantar o senador Zé Serra chamou a Ministra Kátia Abreu de namoradeira, e ela não interpretou isto como um elogio. Tacou-lhe vinho na cara. Quem sabe a coluna não contrate logo a dupla Kátia e Zé para contar mais piadas!

Agora vejam o filme do UOL que cuida com mais detalhes das diatribes dos conselheiros de ética, do Cunha e do Temer. Até a Dilma dá uma “palhinha”. Antes vejam o resumo dos produtores do UOL, e que vocês tenha uma boa semana, já se preparando para rirem mais, pois o recesso legislativo só começa na próxima semana, se deixarem, é claro.

“Altas confusões em Brasília. Nesta semana, os deputados saíram na porrada por causa de dois assuntos de alta combustão: a cassação do mandato do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Já o vice-presidente Michel Temer resolveu discutir sua relação com Dilma, por meio de uma "carta particular."”


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