Por Zezinho de Caetés
Também estou em recesso branco, com a AGD. Aliás, não sei se
é branco, vermelho ou verde amarelo. No entanto, vendo o texto do imortal Merval
Pereira de hoje em seu blog (“Teoria e
prática”), não tive como permanecer em recesso, apesar de achar excelente a
iniciativa do Zé Carlos de colocar textos antigos para não frustrar os
leitores. Coloco-o (o texto) à disposição dos leitores logo abaixo.
Ele é uma espécie de desabafo ao que vem acontecendo no
Brasil em termos de atos políticos vis, para manter no trono a rainha
incompetenta Dilma e para salvar o projeto de poder petista. E hoje, eu até
chego a duvidar se é mesmo para salvar o PT, já que o Lula vem tentando comer
pelas beiradas. O seu silêncio é ensurdecedor. Aí vem bosta de elefante, e
cuidado com ela, porque é pesada.
Diante do meu retiro de final de ano, não posso me estender
muito e deixo-os com o imortal Merval, com seu desabafo, que é o de todos nós,
que nos preparamos para as ruas em 2016. Tenham um Feliz Ano Novo, embora saiba
eu é muito difícil realizar este desejo. Mas....
“Trava-se nesse final de ano interessante embate entre a realidade e a
mistificação, entre o discurso e a prática, em que o populismo político
revela-se na sua plenitude. Há diversos exemplos pelo país, como a aposta no
“bilhete premiado” do petróleo do pré-sal que, assim como o governo federal,
pegou o grupo político que governa o Rio de Janeiro há quase 10 anos de calças
curtas.
Da mesma forma que no país, montou-se no Rio um pretenso esquema de
proteção social que não resiste à realidade da crise financeira, a saúde
pública, que serviu de modelo para propaganda eleitoral, hoje está falida, as
UPAS estão fechadas na maior parte, os hospitais não têm condições de
funcionar.
As UPPs, que pareciam a redenção da política de segurança pública,
estão sendo colocadas em xeque não apenas pelos grupos criminosos, mas pelos
policiais criminosos que lhe retiram a credibilidade junto à população. E a
falta de dinheiro inclui mais um dado negativo nessa equação, colocando em
risco instrumentos fundamentais no combate ao crime, como o Disque Denúncia.
Mas a disputa entre a corporação da Polícia Federal e o ministério da
Justiça, a que está subordinada administrativamente, é a mais exemplar delas,
colocando em confronto o discurso político vazio e a eficiência apolítica de
uma instituição do Estado, não de um eventual governo.
O orçamento previsto inicialmente para a corporação chegava a R$ 1
bilhão, e o corte de 13% imposto atinge “o coração de atividades, como
operações especiais de combate a malfeitos contra o Tesouro”, segundo os
delegados, que em carta exigiram do ministro José Eduardo Cardozo "menos
discurso e mais ações efetivas do Ministério da Justiça em defesa da Polícia
Federal".
O documento afirma que projetos estratégicos da PF “para a segurança da
Nação” já vêm sofrendo processo de desmonte, como o VANT (Veículo Aéreo Não
Tripulado) e o CINTEPOL (Centro Integrado de Inteligência Policial e Análises
Estratégicas), “por absoluta falta de recursos”.
Esse duro questionamento
contrasta com o discurso oficial, cujo melhor exemplo é do próprio ministro
Cardozo, que classificou recentemente de “revolução republicana” as operações
da Polícia Federal de combate à corrupção “(...) uma revolução que fará, para
nós, para os nossos filhos e para os nossos netos, um país diferente daquele
que nós recebemos.”.
Essa “revolução” vem sendo
apresentada como obra da decisão política dos governos petistas, que “permitem”
que a Polícia Federal e o Ministério Público atuem com independência na
apuração dos escândalos de corrupção que proliferam no país. Como se dependesse
do governo o bom andamento das investigações, coisa em que acreditam os
políticos envolvidos na Operação Lava-Jato.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, está convencido de que é
perseguido de acordo com um projeto político do Palácio do Planalto, e o
presidente do Senado, Renan Calheiros, aproximou-se da presidente Dilma, depois
de ter flertado com a oposição, na crença de que ela tem poderes para
controlart a Polícia Federal e, sobretudo, o Procurador-Geral da República
Rodrigo Janot.
Mas não são apenas os envolvidos nas investigações que acreditam nessa
lorota. Também o filósofo Renato Janine Ribeiro, depois de humilhado no cargo
de ministro da Educação a ponto de ter ficado nele por apenas cinco meses,
também é capaz de dizer coisas como essa: "Ouve-se que nunca houve tanta
corrupção quanto hoje e, ao mesmo tempo, que nunca teve tanta gente processada
e condenada. Para isso, a Polícia Federal, que é um braço do Executivo, tem
sido decisiva. O Executivo, se quisesse, bloqueava a ação da PF. Não bloqueou
nem com Lula nem com Dilma. Eles municiaram a PF e hoje se tem maior percepção
sobre a corrupção e menor tolerância".
Ora, se um filósofo como Janine Ribeiro acha que o Executivo pode
controlar a PF, e não é capaz de distinguir um órgão do Estado de um simples
“braço do Executivo”, não é de surpreender que também ele seja capaz de
relativizar o cumprimento das leis. Para Janine Ribeiro, o que há contra a
presidente Dilma são meras “tecnicalidades” que não justificam um pedido de
impeachment.
Burlar a Lei de Responsabilidade Fiscal para se reeleger gastando o que
não há no Orçamento, a ponto de quebrar o país, é uma simples “tecnicalidade”
segundo o filósofo. Como convencer o homem comum de que são essas
“tecnicalidades” que aumentam a inflação, que fazem os juros subirem, que
retiram o dinheiro da saúde e da educação, que Janine aceitou gerenciar sem
planos e, sobretudo, nenhuma possibilidade de fazer qualquer coisa?”
Nenhum comentário:
Postar um comentário