Zé Milton Correntão |
Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho
Tenho
grande admiração pelos memorialistas. São pessoas de grande qualidade intelectual
que cultua em mente os fatos acontecidos. Guarda e recorda os fatos, pessoas,
na mente e nos apontamentos em cadernos. Tudo que acontece são registrados e
guardados com esmero carinho. Nada lhe escapa tudo finalmente são anotados. São
pessoas qualificadas para relembrar as datas, meses e anos de acontecimentos na
comunidade que passa despercebido por muitos. Essas pessoas sempre estão atento
o que ocorre no meio de onde ele vive. Observa, colhe e registra tudo que
acontece ao seu redor. É um estudioso. È meticuloso no que se fala e nos
comentários de pessoas que estiveram presente no dia a dia da cidade. E, vai
mais além cultua na mente os fatos acontecidos no mundo. É um computador
ambulante. Não tem a tecla de “delete”. Tenho
grande respeito e simpatia por estas pessoas, repito. São pessoas notáveis. São
pessoas admiráveis. Em cada cidade, tem
pessoas deste quilate que recordam o tempo e a vivencia dos nativos que deram
origem a localidade. Em nosso Bom Conselho, temos sempre pessoas capazes de
recordar os anos passados e guardar os acontecimentos presente no seu caderno
de apontamentos, às vezes até rasurados. Muitos já usados e envelhecidos pelo
tempo. Tem consigo fotografias de pessoas da sociedade, políticos, religiosos,
casarões, ruas, avenidas, praças, igrejas, escolas, ginásios, recortes de jornais
e revistas, livros, flamulas, e tantos outros objetos que lhe servem para
recordar aqueles esquecidos fatos ocorridos há anos atrás. São pessoas dedicadas neste trabalho de
relatar e reviver este tempo agradáveis e às vezes tristes. Tenho acompanhado
um destes memorialistas notáveis nas paginas da nossa GAZETA – Zé Milton Correntão – filho da terra que abre o baú e
retira acontecimentos que lembram o passado de muitos conterrâneos. São lembranças
da meninice e adolescência e até da fase adulta, das brincadeiras infantis,
passeios, bailes, desfiles escolares, salas de aulas, serenatas, fofocas nas praças
e uma imensidão de fatos acontecidos. Relembram os nomes dos protagonistas
destas festanças, nome por nome, os locais, mês, anos e assim por diante. O Zé
Milton Correntão é um memorialista autentico, pois revela o seu talento quando
divulga com precisão os acontecimentos ocorridos em Bom Conselho, daquelas
pessoas que estiveram presente na sua vida e da comunidade. Percebemos claramente que o narrador faz o uso da
linguagem poética como ascese, uma busca do seu mundo ontológico e dialógico,
significando e situando a memória dentro do seu próprio texto memorialístico: A
memória dos que envelhecem (e que transmite aos filhos, aos sobrinhos, aos
netos, a lembrança dos pequenos fatos que tecem a vida de cada indivíduo e do
grupo com ele estabelece contatos, correlações, aproximações, antagonismos,
afeições, repulsas e ódios) é o elemento básico na construção da tradição
familiar. Esse folclore jorra e vai vivendo do contato do moço com o velho –
porque só este sabe que existiu em determinada ocasião o indivíduo cujo
conhecimento pessoal não valia nada, mas cuja evocação é uma esmagadora oportunidade
poética. e vice-versa, onde o profundo e a superfície interagem para compor o
ato de criação. É diferente da tentativa de escrita (auto) biográfica, quando
se pretende escrevê-la unicamente como registro e “ilusão” histórica, como se a
existência humana e a memória ou até mesmo os documentos dessa existência
fossem lineares. Por sua vez a escrita memorialista se lança às reminiscências
para também relatar fatos de outrora. E isso pode ser vivido e lembrado através
da literatura, num constante olhar “pela primeira vez tudo que foi visto
antes”. Ao narrar, estamos sempre no entorno e no centro, pois o sujeito que
narra não conta a história de si mesmo sem narrar à história dos que viveram
com ele, dos que lutaram com ele, dos que caíram com ele, dos que foram
silenciados com ele, dos que voltaram a falar com e através dele. Zé Milton
Correntão é um deste seres humano que tem guardado consigo um memorável senso
de expor aquilo que já se passou que ficou na lembrança de muitos de nós. Gosto
de ler os seus os comentários e exercendo esta leitura me leva também a Bom
Conselho do seu tempo.
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