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quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

“Quo usque tandem abutere, Cunha, patientia nostra?




Por Zezinho de Caetés

Ontem, mais uma vez, a Polícia Federal cumpriu seu dever, e noutra operação chamada de Catilinárias, fez com que o japonês da federal batesse na casa de muita gente, e, desta vez ligados, em sua maioria, ao PMDB.

Eu até já havia entrado em recesso, seguindo o exemplo do Congresso, onde, mesmo que haja recesso, não será para valer, pois com a Lava Jato e outras operações levando à PF ao encalço de alguns meliantes no poder, ninguém quer voltar para casa mais cedo.

Não resisti e fui reler o Discurso de Cícero contra Catilina, que muitas vezes, já citei sua primeira frase aqui, em latim e que é muito conhecida: “Quo usque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?” , que vocês têm a tradução no trecho completo que cito, logo abaixo, do famoso discurso.

Eu li mais do que aquilo que é citado abaixo, e vi, que se trocarmos o nome de Catilina, pelo de Eduardo Cunha, o título da operação, que levou o japonês à casa dele, está plenamente justificado. Mas, se alguém fizer a substituição pelo nome de Lula, ou pelo de Renan, ou pelo de Collor, a adequação é a mesma.

Agora fiquem com o Cícero que eu continuarei a ler o resto do discurso que é um primor de oratória política.

“Até quando, ó Catilina, abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo ainda há-de zombar

de nós essa tua loucura? A que extremos se há-de precipitar a tua audácia sem freio? Nem a
guarda do Palatino, nem a ronda nocturna da cidade, nem os temores do povo, nem a
afluência de todos os homens de bem, nem este local tão bem protegido para a reunião do
Senado, nem o olhar e o aspecto destes senadores, nada disto conseguiu perturbar-te? Não
sentes que os teus planos estão à vista de todos? Não vês que a tua conspiração a têm já
dominada todos estes que a conhecem? Quem, de entre nós, pensas tu que ignora o que
fizeste na noite passada e na precedente, em que local estiveste, a quem convocaste, que
deliberações foram as tuas?


Oh tempos, oh costumes! O Senado tem conhecimento destes factos, o cônsul tem-nos diante

dos olhos; todavia, este homem continua vivo! Vivo?! Mais ainda, até no Senado ele aparece,
toma parte no conselho de Estado, aponta-nos e marca-nos, com o olhar, um a um, para a
chacina. E nós, homens valorosos, cuidamos cumprir o nosso dever para com o Estado, se
evitamos os dardos da sua loucura. à morte, Catilina, é que tu deverias, há muito, ter sido
arrastado por ordem do cônsul; contra ti é que se deveria lançar a ruína que tu, desde há
muito tempo, tramas contra todos nós.



Pois não é verdade que uma personagem tão notável. como era Públio Cipião, pontífice

máximo. mandou, como simples particular, matar Tibério Graco, que levemente perturbara a
constituição do Estado? E Catilina. que anseia por devastar a ferro e fogo a face da terra,
haveremos nós, os cônsules, de o suportar toda a vida? E já não falo naqueles casos de outras
eras, como o facto de Gaio Servílio Aala ter abatido, por suas próprias mãos, Espúrio Mélio
e, que alimentava ideias revolucionárias. Havia, havia outrora nesta República, uma tal
disciplina moral que os homens de coragem puniam com mais severos castigos um cidadão
perigoso do que o mais implacável dos inimigos. Temos um decreto do Senados contra ti,
Catilina, um decreto rigoroso e grave; não é a decisão clara nem a autoridade da Ordem aqui
presente que falta à República; nós, digo-o publicamente, nós, os cônsules, é que faltamos.”

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