Por Zezinho de Caetés
Ontem, mais uma vez, a Polícia Federal cumpriu seu dever, e
noutra operação chamada de Catilinárias, fez com que o japonês da federal
batesse na casa de muita gente, e, desta vez ligados, em sua maioria, ao PMDB.
Eu até já havia entrado em recesso, seguindo o exemplo do
Congresso, onde, mesmo que haja recesso, não será para valer, pois com a Lava
Jato e outras operações levando à PF ao encalço de alguns meliantes no poder,
ninguém quer voltar para casa mais cedo.
Não resisti e fui reler o Discurso de Cícero contra
Catilina, que muitas vezes, já citei sua primeira frase aqui, em latim e que é
muito conhecida: “Quo usque tandem
abutere, Catilina, patientia nostra?” , que vocês têm a tradução no trecho
completo que cito, logo abaixo, do famoso discurso.
Eu li mais do que aquilo que é citado abaixo, e vi, que se
trocarmos o nome de Catilina, pelo de Eduardo Cunha, o título da operação, que
levou o japonês à casa dele, está plenamente justificado. Mas, se alguém fizer
a substituição pelo nome de Lula, ou pelo de Renan, ou pelo de Collor, a
adequação é a mesma.
Agora fiquem com o Cícero que eu continuarei a ler o resto
do discurso que é um primor de oratória política.
“Até quando, ó Catilina, abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo
ainda há-de zombar
de nós essa tua loucura? A que extremos se há-de precipitar a tua audácia sem
freio? Nem a
guarda do Palatino, nem a ronda nocturna da cidade, nem os temores do povo, nem
a
afluência de todos os homens de bem, nem este local tão bem protegido para a
reunião do
Senado, nem o olhar e o aspecto destes senadores, nada disto conseguiu
perturbar-te? Não
sentes que os teus planos estão à vista de todos? Não vês que a tua conspiração
a têm já
dominada todos estes que a conhecem? Quem, de entre nós, pensas tu que ignora o
que
fizeste na noite passada e na precedente, em que local estiveste, a quem
convocaste, que
deliberações foram as tuas?
Oh tempos, oh costumes! O Senado tem conhecimento destes factos, o
cônsul tem-nos diante
dos olhos; todavia, este homem continua vivo! Vivo?! Mais ainda, até no Senado
ele aparece,
toma parte no conselho de Estado, aponta-nos e marca-nos, com o olhar, um a um,
para a
chacina. E nós, homens valorosos, cuidamos cumprir o nosso dever para com o
Estado, se
evitamos os dardos da sua loucura. à morte, Catilina, é que tu deverias, há
muito, ter sido
arrastado por ordem do cônsul; contra ti é que se deveria lançar a ruína que
tu, desde há
muito tempo, tramas contra todos nós.
Pois não é verdade que uma personagem tão
notável. como era Públio Cipião, pontífice
máximo. mandou, como simples particular, matar Tibério Graco, que levemente
perturbara a
constituição do Estado? E Catilina. que anseia por devastar a ferro e fogo a
face da terra,
haveremos nós, os cônsules, de o suportar toda a vida? E já não falo naqueles
casos de outras
eras, como o facto de Gaio Servílio Aala ter abatido, por suas próprias mãos,
Espúrio Mélio
e, que alimentava ideias revolucionárias. Havia, havia outrora nesta República,
uma tal
disciplina moral que os homens de coragem puniam com mais severos castigos um
cidadão
perigoso do que o mais implacável dos inimigos. Temos um decreto do Senados contra
ti,
Catilina, um decreto rigoroso e grave; não é a decisão clara nem a autoridade
da Ordem aqui
presente que falta à República; nós, digo-o publicamente, nós, os cônsules, é
que faltamos.”
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