Por Zezinho de Caetés
Triste país este nosso Brasil. Estamos no meio do fogo
cruzado de uma crise, nas quais os principais envolvidos são a Dilma, nossa
presidenta incompetenta, o Eduardo Cunha, o presidento da Câmara dos Deputados,
aquele que tem contas fantasmas na Suíça, e o Lula, o meu conterrâneo.
A pergunta que se faz é: “O que virá depois?”. As pontas deste triângulo amoroso foram
colocadas claramente depois que o Lula assumiu à presidência e mandou a Dilma
andar por este país, para ver se um dia se sentiria feliz, o que significaria
evitar o seu impeachment. E quem era a figura central deste trio? O Cunha! Ou
seja, este homem que era um servo de Deus, e depois descobriu-se que era servo
do demônio, e que se o Brasil não se cuidasse, iria para um caldeirão fervente
que ele ainda está preparando.
É dentro desta visão que coloco para vocês um texto que saiu
ontem no Blog do Noblat, do sempre lúcido Hubert Alquéres (“Fervura no caldeirão”), no qual ele
chama a atenção para o perigo que temos de voltar no tempo e imergirmos em
experiências não democráticas, que sempre são alimentados por crises éticas de
qualquer natureza.
E, quem poderia dizer que o nosso país é um paraíso da
ética? Estamos no paraíso da ética trotskista que nos diz que é a causa que faz
nossos atos éticos ou não. O resto é ética burguesa que só serve aos
exploradores, diz ela. Então quando o Lula se ver à beira da Papuda, o que
poderia ele fazer? Inventar exércitos inexistentes e lorotas do tipo de que a
polícia deveria ser contida pelo Ministro da Justiça, mostrando os dentes como
aprendiz de ditador, e até de homem de esquerda que nunca foi.
E assim terminamos a semana, e quem sabe o ano político, sem
o impeachment da Dilma, que seria a melhor solução para este país, logo abaixo
de uma renúncia honrada, e por isso não esperada, dela. Enquanto o Cunha ainda
brinca de inocente. É triste muito, muito triste.
E se quiserem ficar mais tristes ainda, fiquem com o Hubert,
que eu vou meditar lá em casa, vendo A Regra do Jogo. Lá tem menos corruptos.
“A cínica explicação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo
Cunha, sobre suas contas na Suíça é mais fervura no caldeirão, fermenta a crise
ética e eleva sua temperatura ao infinito. Se não houver uma resposta positiva
e democrática do mundo da política, ele transbordará em cima das instituições
republicanas, queimando tudo e todos.
Arma-se um cenário extremamente preocupante, de convulsão social, de
descrença absoluta no Parlamento e no poder Executivo, de namoro por segmentos
da sociedade, por enquanto minoritários, com saídas antidemocráticas. É aí que
mora o perigo.
A bomba está sendo ativada. Só não a enxerga quem não quer. A greve dos
caminhoneiros é mais lenha na fogueira. Brincam com fogo os que insuflam esse
movimento paredista, na crença de que por aí vão colocar abaixo o governo Dilma
Rousseff.
Diante do colapso moral, setores da classe média veem nas Forças
Armadas a instituição salvadora, como assim enxergaram em 1964. Artigo do
general exército, ex-chefe do Estado Maior do Ministério da Defesa, Rômulo Bini
Pereira, publicado em jornal de circulação nacional, dá bem uma ideia dessas
pressões e do quanto a preocupação com “a decadência moral e ética” já perpassa
o meio castrense - da ativa ou da reserva.
Não há, claro, condições internas e externas para intervenção militar.
Nem as Forças Armadas parecem querer isso. Mas essa história é como a das
bruxas: não cremos nelas, mas vai que elas existam. Em sendo assim, urge fazer
de tudo para esfriar a temperatura da bruxaria.
A questão chave é o resgate da ética como bandeira republicana
indissolúvel da democracia. Todas as vezes que ela saiu das mãos democráticas,
o país perdeu.
Impensável supor que será resgatada pelo lulopetismo. Quando se erigiu
em poder, o Partido dos Trabalhadores rifou essa bandeira, pautou-se por um
estranho código de ética, no qual a causa justifica tudo, e fez do cinismo um
instrumento de se fazer política.
Eduardo Cunha foi beber nessa fonte para vender sua mixórdia no Jornal
Nacional.
No dia 16 de julho de 2005 a nação assistiu, estupefata, a entrevista
de Delúbio Soares ao JN da Globo, na qual o então tesoureiro do PT veio com
aquela versão fantasiosa dos “recursos não contabilizados” para eludir o até
então maior escândalo da história recente do país; o mensalão.
Como o Cunha de hoje, Delúbio estava orientado pela banca de advogados
para mentir, inventar uma história tão inverossímil como a contada por Eduardo
Cunha ao vivo e a cores. Incrível, dez anos depois estamos assistindo o mesmo filme,
com o agravante de que não sabemos qual será o seu final. Se será ou não mais
uma tragédia para o país.
Se não há nada a se esperar do governo e do PT em matéria de resgate
dos valores republicanos (ao contrário, a tendência é a continuidade do pacto
de “proteção mútua” entre a presidência da República e o presidente da Câmara
Federal), das oposições exige-se uma postura diferente.
No seu nascedouro, a socialdemocracia selou compromissos com a
probidade, com o zelo pela coisa pública, com a ética. Aliás, o saudoso Mário
Covas se reelegeu governador em 1998 com uma campanha claramente norteada por
esses valores. Tem, portanto, capital moral para construir e liderar uma saída
positiva capaz de resgatar o apreço dos brasileiros pela democracia e suas
instituições.
Basta entender que os fins não justificam os meios, que nada,
absolutamente nada, justifica aliança, tácita ou não, com Eduardo Cunha. E que
os problemas da democracia se resolvem com mais democracia.
Só desta forma se pode evitar a explosão do caldeirão.”
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