Por Lucinha
Peixoto (*)
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...... O que me levou a sentar aqui foi ainda um
bordejo geral pelo site de Bom Conselho, mas num link específico, onde
encontrei sobre o que queria falar. Fui virtualmente numa festa do Rotary Club
de Bom Conselho e vi as fotos. Belo trabalho. Revi pessoas que conheci mais
jovens e ainda as reconheço, menos jovens mas, ainda jovens, e, não direi de
espírito, porque se os quisesse chamar de velhos o faria diretamente. Numa eu
parei: Seu Clívio.
Começo
pedindo-lhe perdão, professor, por não me lembrar do seu nome completo. Tenho
certeza se a situação fosse ao contrário, se fosse ele que estivesse me vendo
com a inteligência prodigiosa que sempre teve, lembraria do meu nome completo.
Mas, para mim será sempre Seu Clívio. Um dos homens mais bonitos que conheci.
Alto, magro, impecável na vestimenta, porte atlético, um galã enfim. Minhas colegas
suspiravam, e eu com elas, na sua entrada em sala de aula. Foi um dos
professores melhores que tive, incluindo os de fora de Bom Conselho.
Tive outro
tão bom quanto, mas era padre (nada contra) e feio que doía, o frei Romeu
Perea, meu professor de religião e estudos sociais. Mais bonito, só Leninho. O
resto foi resto.
Ele, Seu
Clívio, foi meu professor várias vezes no Ginásio São Geraldo. Inglês, Desenho,
Matemática, das que me lembro. Em várias séries. Lembro de vários casos que o
envolve e a mim, direta ou indiretamente.
Certa feita,
na displina de desenho, parece-me no primeiro ano ginasial, para a qual
usávamos dois livros textos um grande (em tamanho) e outro pequeno. Os meus já
estavam muito usadinhos mais eram bonitos ainda. Devo antecipar que em matéria
de desenho sou uma negação. Mesmo hoje a minha linha reta não é a menor medida
entre dois pontos, coitado do Euclides se me tivesse como assistente. Logo devo
dizer que isto não foi por causa do Seu Clívio. Minhas colegas aprenderam muito
com ele. Desculpem-me, voltando ao ponto, nesta disciplina houve uma prova. Eu
sempre fui estudiosa mas, esta matéria me cansava, a tendência para as artes
plásticas era nula. Numa questão dela, tive que pedir ajuda de uma colega, não
vou dizer o nome para não envolvê-la nesta história de baixo nível moral, mas,
se ela lembrar, devo dizer aqui, ela não usava as “coxas” para colar, era uma das mais estudiosas da sala.
Para encurtar
a história, na passagem de papéis entre nós duas, fomos flagradas pelo Seu
Clívio. Sua ação foi imediata, tomou a prova das duas. Até hoje me sinto mal em
ter prejudicado a colega, no entanto a dor maior é não ter falado para o Seu
Clívio que ela não tinha culpa de nada, e sim eu. Não sei o que vem primeiro,
se a consciência ou a idade, no meu caso foi a idade, hoje me sinto pior ainda.
Outro fato,
não é bem um caso e sim uma constatação, me perdoe outra vez nobre professor,
mas quase não conseguia assistir às suas aulas de Inglês. Sempre ria quando
tinha que repetir, do livro, a palavra “pupil”
que significa aluno. E no livro adotado tinha umas cem vezes esta palavra. Era
o Seu Clívio falar “pupil” e me dava
ataques de riso. Não sei se ele notou. Penso que não, pois se o fizesse eu
teria ido para diretoria umas dez vezes.
O mais interessante
caso, envolve matemática e desenho, eu penso que já lá pelo terceiro ano, pois
o assunto eram coordenadas cartesianas, maravilhosamente explicado pelo
brilhante professor. Não sei se matemática era sua matéria preferida, mas, para
mim era em que ele era o melhor. Para pessoas não geniais como eu as matérias
mais abstratas como a matemática, não entram muito depressa. Quando Seu Clívio
desenhou aqueles dois eixos e mostrou que para direita e para cima se contavam
os números positivos, e para esquerda e para baixo se contavam os negativos, eu
não entendi nada. Tive a ousadia de perguntar para que servia aquilo, na
prática.
Era ousadia
sim, porque naquela época minha prática não era das mais complexas. Ele, depois
de me olhar de cima abaixo com aquele ar de superior, o que era de fato,
naquela ocasião, me deu uma explicação envolvendo a posição de um navio em alto
mar. Não entendi muito o exemplo mas aprendi que muitas coisas, que pensamos
estar longe de nossa prática cotidiana, podem servir-nos muito quando bem
utilizadas.
Eu não sou
uma rotaryana, no entanto, só ao ver tantas pessoas que conheci e outras de
quem só ouvi falar, como o Saulo, o Luiz Clério (não sei porque não me lembro
dele mais jovem, pelos cabelos, deve ser meu contemporâneo, mas os meus são um
pouco mais pretos, ao natural é claro) e outros, já começo a apreciar o Rotary.
Não sei também o que é o Conselho focalizado na comemoração mas, tendo uma
mulher como Presidenta, mesmo não me lembrando dela, ninguém segura o Rotary de
Bom Conselho. Parabéns, Marilene (não uso dona pois, pelo que mostram as fotos
você deve ser mais nova do que eu).
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(*) O texto
acima, da Lucinha Peixoto, foi publicado em 2009 no Blog da CIT (aqui). E ao escrever
sobre o falecimento do Seu Clívio, esta semana, eu lembrava que ele existia,
embora não soubesse aonde. Como me pediram para avisar a Lucinha da morte do
seu ex-mestre e eu não consegui fazê-lo, resolvi publicar o texto que achei.
Continuarei tentando.
Como todas
que a liam (e ainda leem), a Lucinha era conhecida pela sua prolixidade, e tive
que cortar uma parte do artigo, deixando de lado aquilo que não interessa,
deixando apenas o essencial que, no fundo, no fundo, é mais uma homenagem ao
nosso velho e excelente professor Clívio.
A moça que está na foto com o Seu Clívio (que Lucinha não conheceu no texto original) é Rosário, cunhada de Marilene, e irmã de Tião Fernandes, que também nos deixou saudades algum tempo atrás. (Zé Carlos)
Em Tempo: Desculpem, mas, me informa um leitor que a jovem da foto é a Glória e não a Rosário. Peço desculpas pelo erro, aos leitores e à Rosário. O restante das informações está correto porque a Glória é irmã de Rosário. (Zé Carlos)
Em Tempo: Desculpem, mas, me informa um leitor que a jovem da foto é a Glória e não a Rosário. Peço desculpas pelo erro, aos leitores e à Rosário. O restante das informações está correto porque a Glória é irmã de Rosário. (Zé Carlos)
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