Por Zezinho de Caetés
Bem, diante da tragédia que se abateu sobre Paris, na última
sexta-feira 13, é muito difícil fugir do assunto, para tentar comentar política
no Brasil. Deixar de tratar este acontecimento que afeta a humanidade para
comentar sobre o encontro do PMDB em Brasília é até um sacrilégio.
Não tenho tantos conhecimento de política internacional
(talvez um pouco mais do que o Marco Aurélio Top-Top Garcia) , mas, num mundo
globalizado como o de hoje, é impossível viver sem estar antenado ou ligado (num
português moderno), com o mundo. Por isso, recorro ao Paulo Fino, um jornalista,
de quem transcrevo o texto abaixo (“O
grande desafio da luta contra o terrorismo” – 16/11/2015 – Blog do Noblat),
para ser mais detalhista sobre o tema, enquanto eu comento apenas pelas
beiradas.
Ninguém pode negar que o terrorismo é o mal maior que as
sociedades têm que enfrentar, no momento. O caso de Paris em quase nada difere
de outros, mesmo os que ocorreram no Brasil, como o atentado do Rio Centro,
que, para justificar a fama de ser brasileiro, parece que não deu muito certo,
ao contrário do caso parisiense, onde morreram mais de 120 pessoas. E como se
sabe, o terrorismo é um mal porque se diz que dá certo quanto maior é o número
de pessoas mortas. E quanto mais inocentes morrerem maior é nota dada para sua
eficiência.
Com esta visão, o atentado de 2001, com as Torres Gêmeas,
ainda é o campeão neste século, mas, os atletas desta modalidade, estão
batalhando lá pelos lados da Síria e Iraque para quebrar o recorde da Al Qaeda, na modalidade de tiro ao alvo e
explosão de bombas. E estão visando grandes eventos e acontecimentos no mundo
ocidental para suas vitórias mortais.
Hoje, lendo a mídia, descobri que até agora, foram gastos
pelas nossas autoridades, apenas 1% do que foi planejado para gastar em segurança
com as Olimpíadas, do próximo ano, no Rio de Janeiro. E, do jeito que o Brasil
se encontra, com um governo central em frangalhos, com a presidenta
incompetenta, que no passado já foi praticante das mesmas modalidades
praticadas pelo Estado Islâmico, os atletas que se apresentaram em Paris, só
nos resta rezar para que eles não aproveitem aqui este evento para suas
práticas tenebrosas.
Ou seja, hoje estamos todos no mesmo mundo, e o combate ao
terrorismo deve ser preocupação de todos, mas, com a grande preocupação, também
do Paulo Fino, no texto abaixo, de não jogar fora o bebê com a água suja do
banho. Será que precisamos sair do Estado de Direito e da Democracia para
combatermos aqueles que desejam acabar com eles? Eu, tal qual o jornalista,
como otimista contumaz, acho que podemos sim, desde que a classe política se
conscientize do problema e crie leis, que tenha este fim.
Mas, mesmo sendo otimista, como manter o otimismo, quando
sabendo que no Brasil não se sabe, oficialmente o que seja “terrorismo”? Estão tentando fazer uma
lei para que descubramos o que ele significa, e está difícil, porque, não se
sabe se o MST é uma organização terrorista ou não. Por alguns dos seus atos, eu
não teria a menor dúvida.
Fiquem com o Paulo Fino, neste momento de tristeza mundial,
e meditem sobre que esportes poderemos ter nas nossas Olimpíadas, se não
soubermos o que é terrorismo.
“Fluctuat nec mergitur - A
locução latina do brasão de Paris pode bem servir de orientação para o que se
impõe agora fazer depois da tragédia da passada sexta-feira, quando uma série
de ataques terroristas coordenados ceifaram a vida a pelo menos 132 pessoas e
deixaram centenas de outras feridas, 100 das quais em estado crítico – o maior
derramamento de sangue ocorrido na capital francesa desde a última guerra
mundial.
Estes atentados foram o momento “Torres Gêmeas” da França e percebe-se
a indignação sem limites que suscitaram e a vontade de retaliar. Quer o
presidente François Hollande, quer o primeiro ministro Manuel Valls insistiram
que o país “está em guerra contra o terrorismo” e não se deixará intimidar.
Foi reintroduzido o controlo de fronteiras e no contexto do estado de
emergência entretanto declarado, as organizações policiais passaram a ter mais
poderes para realizar buscas, restringir movimentos, efetuar detenções e
interrogatórios.
São medidas necessárias e compreensíveis. O perigo é que, invocando a
“guerra contra o terrorismo” e a exemplo do que aconteceu nos Estados Unidos
com o Patriotic Act, se possa ir longe demais, acabando por restringir
seriamente as liberdades que são o distintivo da civilização ocidental e em
nome das quais se trava o combate. Medidas excepcionais como as que se tomaram,
por exemplo, em Guantánamo – onde durante anos foram mantidos num limbo
jurídico à margem de toda a legalidade muitos prisioneiros sem culpa formada –
não têm justificativa à luz dos princípios do Estado de Direito.
Explorando a onda de indignação suscitada pelos crimes terroristas e
visando ganhos imediatos nas eleições locais do próximo mês, forças políticas
mais conservadoras como o Front National, de Marine Le Pen, já pedem mais:
regresso definitivo das fronteiras, detenção preventiva de suspeitos e
restrições drásticas à imigração.
Noutros países do velho continente, como a Polónia e a Eslovénia, por
exemplo, também de imediato se ergueram vozes pedindo medidas restritivas
contra os imigrantes e pondo até em causa o que nesta área já foi aprovado pela
União Europeia.
A investigação policial já realizada indica, porém, que embora de
origem árabe, os envolvidos na matança não vieram de fora - são jovens cidadãos
franceses, pessoas que a República francesa, apesar da sua política de
assimilação, por alguma razão não conseguiu integrar e se tornaram por isso
vulneráveis à propaganda jihadista. E vulneráveis a ponto de se tornarem numa
espécie de quinta coluna do Estado Islâmico, não hesitando matar a sangue frio
dezenas dos seus compatriotas e estando também disponíveis para morrer, como
mostra o facto de irem equipados com cintos de explosivos. Uma realidade que
impõe séria reflexão e medidas corretivas.
Alguma coisa terá de ser revista também na frente externa.
Designadamente, o fomento de grupos radicais para serem utilizados como arma
política ao sabor das conveniências – grupos que, como aconteceu no
Afeganistão, acabam muitas vezes por sair fora de controlo; a complacência com
que são tolerados regimes como o da Arábia Saudita que apoiam correntes
islamistas radicais e ainda a facilidade com que se derrubam governos que na
realidade poderiam ser aliados contra o extremismo islâmico, como aconteceu no
Iraque e na Líbia e esteve a ponto de suceder também na Síria.
O reforço da luta contra o terrorismo, através, por exemplo, de uma
troca mais ágil de informações entre os serviços de segurança, é uma
necessidade evidente. Mas medidas como essa têm que ser temperadas com a
necessária clarividência. É nos momentos
de maior gravidade que se impõe mais cabeça fria. Sob pena de se insistir em
políticas que gerem mais rejeição interna e, no plano externo, migrações em
massa que acabam, como estamos agora a assistir, por suscitar na Europa um
reflexo condicionado de regresso às fronteiras nacionais, com o perigo de
ressuscitar os velhos demónios que já por duas vezes mergulharam o continente
no abismo da guerra.
Fluctuat nec mergitur - lema de resiliência, significando
literalmente “abalada pela ondas, mas sem nunca afundar”, a divisa parisiense
indica-nos também o caminho: resistir aos embates, preservando o essencial, não
permitir que os acontecimentos mudem a alma da cidade e, por extensão, da
própria França – o seu espírito livre. Reforçar a segurança, preservar a liberdade
- este é o grande desafio da luta contra o terrorismo.”
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