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terça-feira, 17 de novembro de 2015

O terrorismo nosso de cada dia...




Por Zezinho de Caetés

Bem, diante da tragédia que se abateu sobre Paris, na última sexta-feira 13, é muito difícil fugir do assunto, para tentar comentar política no Brasil. Deixar de tratar este acontecimento que afeta a humanidade para comentar sobre o encontro do PMDB em Brasília é até um sacrilégio.

Não tenho tantos conhecimento de política internacional (talvez um pouco mais do que o Marco Aurélio Top-Top Garcia) , mas, num mundo globalizado como o de hoje, é impossível viver sem estar antenado ou ligado (num português moderno), com o mundo. Por isso, recorro ao Paulo Fino, um jornalista, de quem transcrevo o texto abaixo (“O grande desafio da luta contra o terrorismo” – 16/11/2015 – Blog do Noblat), para ser mais detalhista sobre o tema, enquanto eu comento apenas pelas beiradas.

Ninguém pode negar que o terrorismo é o mal maior que as sociedades têm que enfrentar, no momento. O caso de Paris em quase nada difere de outros, mesmo os que ocorreram no Brasil, como o atentado do Rio Centro, que, para justificar a fama de ser brasileiro, parece que não deu muito certo, ao contrário do caso parisiense, onde morreram mais de 120 pessoas. E como se sabe, o terrorismo é um mal porque se diz que dá certo quanto maior é o número de pessoas mortas. E quanto mais inocentes morrerem maior é nota dada para sua eficiência.

Com esta visão, o atentado de 2001, com as Torres Gêmeas, ainda é o campeão neste século, mas, os atletas desta modalidade, estão batalhando lá pelos lados da Síria e Iraque para quebrar o recorde da Al Qaeda, na modalidade de tiro ao alvo e explosão de bombas. E estão visando grandes eventos e acontecimentos no mundo ocidental para suas vitórias mortais.

Hoje, lendo a mídia, descobri que até agora, foram gastos pelas nossas autoridades, apenas 1% do que foi planejado para gastar em segurança com as Olimpíadas, do próximo ano, no Rio de Janeiro. E, do jeito que o Brasil se encontra, com um governo central em frangalhos, com a presidenta incompetenta, que no passado já foi praticante das mesmas modalidades praticadas pelo Estado Islâmico, os atletas que se apresentaram em Paris, só nos resta rezar para que eles não aproveitem aqui este evento para suas práticas tenebrosas.

Ou seja, hoje estamos todos no mesmo mundo, e o combate ao terrorismo deve ser preocupação de todos, mas, com a grande preocupação, também do Paulo Fino, no texto abaixo, de não jogar fora o bebê com a água suja do banho. Será que precisamos sair do Estado de Direito e da Democracia para combatermos aqueles que desejam acabar com eles? Eu, tal qual o jornalista, como otimista contumaz, acho que podemos sim, desde que a classe política se conscientize do problema e crie leis, que tenha este fim.

Mas, mesmo sendo otimista, como manter o otimismo, quando sabendo que no Brasil não se sabe, oficialmente o que seja “terrorismo”? Estão tentando fazer uma lei para que descubramos o que ele significa, e está difícil, porque, não se sabe se o MST é uma organização terrorista ou não. Por alguns dos seus atos, eu não teria a menor dúvida.

Fiquem com o Paulo Fino, neste momento de tristeza mundial, e meditem sobre que esportes poderemos ter nas nossas Olimpíadas, se não soubermos o que é terrorismo.

Fluctuat nec mergitur - A locução latina do brasão de Paris pode bem servir de orientação para o que se impõe agora fazer depois da tragédia da passada sexta-feira, quando uma série de ataques terroristas coordenados ceifaram a vida a pelo menos 132 pessoas e deixaram centenas de outras feridas, 100 das quais em estado crítico – o maior derramamento de sangue ocorrido na capital francesa desde a última guerra mundial.

Estes atentados foram o momento “Torres Gêmeas” da França e percebe-se a indignação sem limites que suscitaram e a vontade de retaliar. Quer o presidente François Hollande, quer o primeiro ministro Manuel Valls insistiram que o país “está em guerra contra o terrorismo” e não se deixará intimidar.

Foi reintroduzido o controlo de fronteiras e no contexto do estado de emergência entretanto declarado, as organizações policiais passaram a ter mais poderes para realizar buscas, restringir movimentos, efetuar detenções e interrogatórios.

São medidas necessárias e compreensíveis. O perigo é que, invocando a “guerra contra o terrorismo” e a exemplo do que aconteceu nos Estados Unidos com o Patriotic Act, se possa ir longe demais, acabando por restringir seriamente as liberdades que são o distintivo da civilização ocidental e em nome das quais se trava o combate. Medidas excepcionais como as que se tomaram, por exemplo, em Guantánamo – onde durante anos foram mantidos num limbo jurídico à margem de toda a legalidade muitos prisioneiros sem culpa formada – não têm justificativa à luz dos princípios do Estado de Direito.

Explorando a onda de indignação suscitada pelos crimes terroristas e visando ganhos imediatos nas eleições locais do próximo mês, forças políticas mais conservadoras como o Front National, de Marine Le Pen, já pedem mais: regresso definitivo das fronteiras, detenção preventiva de suspeitos e restrições drásticas à imigração.

Noutros países do velho continente, como a Polónia e a Eslovénia, por exemplo, também de imediato se ergueram vozes pedindo medidas restritivas contra os imigrantes e pondo até em causa o que nesta área já foi aprovado pela União Europeia.

A investigação policial já realizada indica, porém, que embora de origem árabe, os envolvidos na matança não vieram de fora - são jovens cidadãos franceses, pessoas que a República francesa, apesar da sua política de assimilação, por alguma razão não conseguiu integrar e se tornaram por isso vulneráveis à propaganda jihadista. E vulneráveis a ponto de se tornarem numa espécie de quinta coluna do Estado Islâmico, não hesitando matar a sangue frio dezenas dos seus compatriotas e estando também disponíveis para morrer, como mostra o facto de irem equipados com cintos de explosivos. Uma realidade que impõe séria reflexão e medidas corretivas.

Alguma coisa terá de ser revista também na frente externa. Designadamente, o fomento de grupos radicais para serem utilizados como arma política ao sabor das conveniências – grupos que, como aconteceu no Afeganistão, acabam muitas vezes por sair fora de controlo; a complacência com que são tolerados regimes como o da Arábia Saudita que apoiam correntes islamistas radicais e ainda a facilidade com que se derrubam governos que na realidade poderiam ser aliados contra o extremismo islâmico, como aconteceu no Iraque e na Líbia e esteve a ponto de suceder também na Síria.

O reforço da luta contra o terrorismo, através, por exemplo, de uma troca mais ágil de informações entre os serviços de segurança, é uma necessidade evidente. Mas medidas como essa têm que ser temperadas com a necessária clarividência.  É nos momentos de maior gravidade que se impõe mais cabeça fria. Sob pena de se insistir em políticas que gerem mais rejeição interna e, no plano externo, migrações em massa que acabam, como estamos agora a assistir, por suscitar na Europa um reflexo condicionado de regresso às fronteiras nacionais, com o perigo de ressuscitar os velhos demónios que já por duas vezes mergulharam o continente no abismo da guerra.


Fluctuat nec mergitur - lema de resiliência, significando literalmente “abalada pela ondas, mas sem nunca afundar”, a divisa parisiense indica-nos também o caminho: resistir aos embates, preservando o essencial, não permitir que os acontecimentos mudem a alma da cidade e, por extensão, da própria França – o seu espírito livre. Reforçar a segurança, preservar a liberdade - este é o grande desafio da luta contra o terrorismo.”

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