Por Zé Carlos
Visitei Bom
Conselho recentemente. De minhas viagens por lá sempre surgem letras na minha
cabeça, que insistem em se juntar para produzir alguma mensagem. Desta vez não
foi diferente, e estou escrevendo sobre as coisas que vi por lá.
Há coisas que
vemos e gostamos, outras que nos são indiferentes e aquelas que nem gostamos de
lembrar. Entre estas últimas, ouvi de alguém que Seu Clívio, como eu chamava o
Professor Clívio Lima Cavalcanti, estava doente. E me perguntava se eu ainda
tinha contacto com Lucinha Peixoto, que dizia ser aluna do professor, e pedia
para que eu a avisasse.
E a conversa
continuou, enquanto eu lembrava de coisas de minha juventude, na qual, posso
dizer que o Seu Clívio teve uma enorme influência. E não foi só por ter sido
meu professor de desenho, inglês e matemática, como também por ter sido uma
espécie de orientador em alguns esportes de sua predileção. Não sei se todos
sabem que ele era um grande admirador de muitos esportes e que era um bom
entendedor de basquetebol, sem contar sua destreza nos jogos de voleibol.
Não me lembro
bem o ano em que o Brasil foi campeão mundial de basquete, há muito tempo
atrás, e, incentivado por ele, ficava com a cara colada no rádio ouvindo a
transmissão das partidas, parece-me pela Rádio Tupi.
E, no
futebol, do qual não era um exímio jogador, foi o primeiro a me fazer saber o
que era um “individual”, que vinha a
ser uma espécie de preparação para entrar nas partidas. Isto tudo, como um dos
fundadores do Sport (penso que era Sport Clube de Bom Conselho, mas não tenho
certeza), que não sei se chegou a jogar ou não. Só sei que ele e o Seu Zezinho
Sá Barreto eram os maiores entusiastas da equipe.
No entanto,
foi mesmo no ramo do ensino que o Seu Clívio mais influenciou minha vida. Desde
as aulas de Desenho, que me serviram para mostrar que se eu fosse viver de ser
desenhista eu já teria morrido de fome, passando pelas aulas de inglês, onde
aprendi que “ the book is on the table”, até a Matemática, na qual era um exímio
mestre.
Fui um bom
aluno de Matemática, e descobri que algo de que você não gosta pode passar a
gostar devido à influência de um bom professor. E seu Clívio foi um deles e
influiu em toda minha vida, como o fazem nossos primeiros professores.
Hoje, lendo
as notícias de Bom Conselho, soube que ele faleceu. Lembrei tudo de novo,
voltando um pouco àquela cidade, agora um pouco mais triste. Deveria eu ficar
triste? Eu até acho que não, embora tenha ficado. Afinal de contas, Seu Clívio
teve sempre a vida que sempre deve ter sonhado desde seus tempos de marinheiro,
como ele gostava de contar.
Depois do
Ginásio São Geraldo, foram poucos os meus contactos com ele, embora sempre
tivesse notícias, pela sua atuação em muitos campos da sociedade de Bom
Conselho, que posso dizer, nossa terra, mesmo não sabendo onde ele nasceu. Foi
muito importante para a cidade, principalmente para nós que tivemos o
privilégio de sermos seus alunos.
Sei que, uma
grande amiga e sua aluna, a Lucinha Peixoto, se já souber do acontecido,
sentirá muito seu passamento. O que posso prometer é que farei o possível para
avisá-la.
Meus
sentimentos aos familiares e aos bom-conselhenses que perdem mais uma de suas
boas referências.
Que vá em
paz, Seu Clívio!
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