O Sacrifício de Isaac (Caravaggio) |
Por Zezinho de Caetés
Eu, ontem, incentivado pelas redes sociais, peguei as
panelas, para panelar meu conterrâneo
Lula, numa entrevista que ele daria na Globo News. Preparei-me e deixei as
panelas ao alcance da mão. Começada a entrevista, não as usei. Tive pena dele.
E não foi só pelas respostas batidas e surradas que sempre dá, junto com as
metáforas estranhas, mas, sim também pela sua condição física. Até o cabelo foi
embora, e a suadeira continua.
E, ainda mais, foi um massacre do começo ao fim. O
entrevistador não teve consciência e praticou uma crueldade terrível. Fez
perguntas para os quais ele não estava preparado para responder porque pensou
que ninguém iria lhes fazer. O Lula está tão acostumado a suas plateias
amestradas, de onde só ouve aplausos e se deu mau do começo ao fim, com raras
exceções, nas quais ele mostrou sua maior qualidade que é a de ser escorregadio
e se mandar sem responder.
Para mim, o ponto alto da entrevista foi, quando perguntado
sobre o caso do seu filho, que andou ganhando mais dinheiro do que aquilo que
ele comprovou ser capaz. Quando se esperava que ele elogiasse a capacidade do
filho em ser um empreendedor e ganhar dinheiro como seu pai, que ficou rico
fazendo palestras pelo Brasil e pelo o mundo, ele diz que o filho tem que
provar que mereceu aquele dinheiro.
Ou, seja, para se safar, mandou o filho fazer o que ele
deveria já ter feito em relação à sua riqueza que o caracteriza como o
presidente que mais enriqueceu no cargo em toda a história do país, como ele
gosta de dizer. Mas, quem sabe ele não foi orientado por Deus, cujo nome usou
em vão, durante a entrevista, para sacrificar o seu filho como o velho Abrãao
foi orientado para sacrificar Isaac? Na certa ele espera que Deus mande um anjo
que segure sua mão na hora do sacrifício. Se este anjo for o Sérgio Moro, vai
dar com os burros n’água.
Certamente, misturar a história do Lula com histórias
bíblicas não é muito adequado, porque podem me chamar de sacrílego, mas, não
resisti, ao constatar que Lula continua o mesmo de sempre, e que o Reinaldo
Azevedo tem razão no texto por ele publicado em seu blog, que abaixo
transcrevo, com o título: “Lula, o morto
assanhado”, que resume tudo. Ou seja, “morreu
e esqueceu de deitar”.
Fiquem com o Reinaldo, que eu vou ver coisas mais
interessantes do que o Lula.
“Lula está mais assanhado que lambari na sanga. Quer falar. Não passe
perto dele com um gravador ou com um microfone. Você corre o risco de ser
laçado para ele lhe dar uma entrevista, nem que seja à força. Mas falar o quê?
Assisti à entrevista dele a Roberto D’Ávila, na GlogoNews. Pois é…
D’Ávila consagrou um estilo ali nos estertores da ditadura. Entrevistava personalidades
do governo e da oposição, sempre com um modo lhano, cara de bom moço, como a
dizer: “Não temam a democracia, senhores de farda”. E conservou a fala mansa.
É injusto dizer que ele não apertou Lula. Ao longo da vida, fez boas e
más entrevistas sem apertar ninguém. É um jeito. No programa que foi ao ar
nesta quarta, isso serviu para evidenciar que Lula, apesar do assanhamento,
definitivamente, não tem mais o que dizer — o que é uma boa notícia.
O ex-presidente ficou o tempo todo com o cenho fechado, grave como
convém a um suposto estadista, mas apelando, como de hábito, às altas
categorias do pensamento político. Disse, por exemplo, que não dava palpite no
governo porque isso seria como um ex-marido dizer ao atual como é a mulher.
Ufa!
Ao falar da crise política, ele se traiu. Disse que, antigamente — no
seu governo, por certo — “a gente falava com os ministros, e os ministros
entregavam os votos”. Entenderam a compreensão que este gênio da raça tem do
Parlamento? Hoje, ele diz, não é mais assim. Por que não? Sei lá! Não ficou
claro.
Para a incredulidade geral, negou que tenha pedido a cabeça de Joaquim
Levy, o que é obviamente mentira! Não só pediu como chegou quase a anunciar a
nomeação de Henrique Meirelles — que não se fez de rogado: decoroso, deixou
claro que só daria entrevistas depois de nomeado. Para não ser inteiramente
desmoralizada, Dilma teve de manter Levy.
Não se é Lula sem uma grande cara-de-pau política, não é? O sujeito que
orientou a Fundação Perseu Abramo a descer o porrete no ajuste econômico
resolveu defendê-lo. Abriu mão, desta feita, da sapiência alcoviteira e optou
pela metáfora de um encanador: “Nós cometemos erros. Dilma percebeu que estava
saindo mais água da caixa do que entrando. Daí a contradição do discurso da
campanha com o que ela está fazendo. Mas ela teve o compromisso de manter [o
ajuste]”.
O quê? Então, em outubro, ele não sabia quanta “água” havia na caixa?
Não existe contradição, mas estelionato.
E a Petrobras? Ah, aí, com efeito, a entrevista caminhou para o terreno
do surrealismo. Lula disse, acreditem, ter tomado “um susto”. Isso mesmo! Foi
surpreendido. É como se João Vaccari Neto, o tesoureiro do PT, não existisse. É
como se Renato Duque, o diretor de serviços, também do PT, não existisse.
E a Lava-Jato? Ah, Lula acha que ela faz um bem ao Brasil. Só se opõe
aos vazamentos. Outra inverdade, não é mesmo? Ele o PT querem a cabeça de José
Eduardo Cardozo, acusado de não controlar a Polícia Federal.
E se a presidente decidisse falar com a oposição, chamar ex-presidentes
para colher sugestões? Por ele, disse, tudo bem, mas seria preciso saber,
alertou, se as pessoas teriam ou não delegação de seu partido. Era, claro!, uma
referência a eventuais divisões no PSDB…
Ora, ora… E das divisões internas do PT, quem vai cuidar?
A menos que Lula diga alguma coisa interessante, este é o último post
que escrevo sobre entrevistas suas.
Nesta quarta, tive a certeza de que, de fato, como personalidade
política, ele já está morto. Um morto assanhado.”
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