Por Zezinho de Caetés
O texto que hoje comento e apresento a você, abaixo, é ainda
da semana passada (26/07/2014 – Blog do Noblat), no qual o jornalista Ruy
Fabiano, de forma não muito diplomática, mas, justa, desanca a política externa
do PT. O texto chama-se “Militância diplomática”
e resume tudo o que ficou de nossas tradições diplomáticas, e que nos lembra
sempre o Barão do Rio Branco.
Como sabemos, a Diplomacia entre as nações fica muito perto
da diplomacia usada entre as pessoas para que consigamos nossos intentos, sem
violência. Não podemos dizer que a Diplomacia é uma atividade para anjos ou
para santos, embora alguns destes tenham tentado entrar no ramo. Nos dois
aspectos ela é usada para defender nossos interesses, e neste ponto, não há
ninguém mais diplomático do que nosso conterrâneo Lula.
Deste a época de líder sindical que ele se revela um
autêntico embaixador para cooptar as pessoas para sua causa. Lembram-se que ele
já era o Barba, informante do governo
militar, segundo o Romeu Tuma Jr.? Quem diria que um dia, o Sarney, o Collor, o
Jader Barbalho, o Renan, e outros menos famosos inimigos de Lula no passado,
pudessem estar hoje no mesmo palanque do meu conterrâneo, como se nada tivesse
acontecido? O Lula sempre foi um Itamarati ambulante (sem querer ofender o
antigo Itamarati). Mas, incentivado pela sua ignorância em relação ao que se
passa no mundo, fora do PT e do sindicalismo, a política externa a que submeteu
o país, entregue ao Marcos Aurélio Garcia, que ainda hoje deve, ao levantar,
rezar na frente de um retrato do Hugo Chávez, a uma diplomacia não visando os
interesses brasileiros, mas sim visando causar mal aos Estados Unidos e à
Europa.
Ainda continuamos com o “complexo
de boi-de-carro” de que vivemos na pior porque somos fortes mas o carreiro
não nos deixa mostrar nossa força. Então abaixo o carreiro, mesmo que saibamos
que o carreiro pode nos ser útil e até no futuro possamos trocar de lugar. Para
sairmos da pior devemos nos unir a tudo que há de ruim para eliminar o
carreiro, mesmo que dependamos dele para a comida. Boi magro, sim, mas com
orgulho. Isto é diplomacia pessoal, como a do PT é diplomacia partidária.
E esta é a questão relevante mostrada no texto do Fabiano.
Diplomacia e militância partidária faz desta arte útil entre as nações apenas
um exercício de ideologia, no caso do Brasil, o bolivarianismo que deixou a
Venezuela já no chão, e que o Marco Aurélio Garcia tenta empregar todo o tempo
no Brasil.
No caso específico da guerra entre palestinos e israelenses,
a pequenez deste tipo de diplomacia chega ao delírio. É muito menor do que
qualquer “anão”, é uma diplomacia de
formiga. Mas, quem é aliado das Farcs, como ser contra ao Hamas? E este é o PT.
Afinal de contas, em nome do bolivarianismo deixamos o índio boliviano tomar as
instalações da Petrobrás no país, e não dissemos nada. A reação de Lula ao fato
foi muito “proporcional” à sua noção
de diplomacia entre países, isto é, nenhuma. E vou mais longe, se algum dia as
Farc começarem a mandar foguetes todos os dias, atingindo nosso povo, e o PT
ainda estiver no poder, certamente, não se fará nada, porque eles estão lutando
pela ideologia da coca.
A militância petista, se continua no poder, não se enganem,
levará a todos a usar uma estrela vermelha na lapela, do mesmo tipo que o Lula
usava, e que agora renega depois que ela é associada, com justiça, à corrupção.
Bem, para um fim de semana, chega de fazer diplomacia
militante para que não reincidamos no erro e tiremos de vez a Dilma do poder.
Aliás, esta só é diplomática nos estádios de futebol quando a torcida a orienta
para onde ir. Esperamos que ela vá, e não volte. Fiquem com o Ruy Fabiano.
“Diplomacia, como se sabe, não é exatamente campo adequado para
exercícios de militância.
O Itamaraty, desde os tempos do Barão do Rio Branco, cultivou o que
veio a se chamar de pragmatismo responsável, o que o tornou considerado nos
fóruns internacionais.
Sendo o Brasil um país ainda periférico, sem grandeza bélica, sempre
evitou entrar em briga de cachorro grande.
Seu ingresso na Segunda Guerra Mundial foi precedido de amplas
negociações com os Estados Unidos, que resultaram na Siderúrgica de Volta
Redonda, na Eletrobras e no consequente up grade em sua infraestrutura
industrial.
Mesmo assim, só o fez, já na etapa final do conflito, depois de ter
navios em sua costa bombardeados pelos nazistas. Cautela e caldo de galinha não
fazem mal a ninguém. Mas esse era o Itamaraty pré-PT, cujas linhas-mestras
sobreviveram aos mais variados governos, incluindo os da ditadura militar.
O PT introduziu na diplomacia brasileira o vírus da militância. O país
deixou de lado seus interesses - comerciais, políticos, estratégicos -,
perdendo mesmo a noção de sua desimportância relativa, e passou a orientar sua
conduta pelo viés ideológico.
A adesão ao bolivarismo chavista – de cuja gênese o PT participou, via
Foro de São Paulo – o distanciou de parceiros tradicionais, como Estados Unidos
e União Europeia.
Em compensação, o país passou a apoiar – e financiar – ditaduras, como
as de Cuba e do Sudão, que contabiliza assassinatos numa ordem de grandeza que
supera a soma de diversas Faixas de Gaza. Seus aliados preferenciais, na geopolítica
global, são países como Coréia do Norte e Irã.
Alia-se a forças criminosas como as Farc, que mantêm campos de
concentração na selva e vivem do que apuram com sequestros e venda de drogas. O
chanceler de fato, Marco Aurélio Garcia, recusou-se a admiti-las como grupo
terrorista, optando pela expressão oblíqua de “forças insurgentes”.
É compreensível, já que suas lideranças sentavam-se lado a lado do PT
no Foro de São Paulo. Grande parte dos assassinatos que ocorrem anualmente no
Brasil – mais de 50 mil, a maioria pobres e jovens – decorre dessa aliança
sinistra, que igualmente supera em muito os até aqui sacrificados da Faixa de
Gaza.
Eis, porém, que, não satisfeito em protagonizar uma diplomacia pelo
avesso no continente, o Itamaraty decide incursionar pelo Oriente Médio. Lula
já havia aparecido por lá, quando presidente, sustentando que sua experiência
de sindicalista, habituado a negociar, seria suficiente para clarear um
conflito que há décadas desafia as maiores diplomacias do planeta.
Expôs-se (e nos expôs) ao ridículo, sobretudo porque, além de não
negociar coisa alguma, optou claramente por uma das partes – no caso, os
palestinos. Eis que agora o ridículo se repete. E, de certa forma, com maior
gravidade, pois a militância diplomática se dá em pleno conflito.
Diplomacia não comporta amadorismo. O Brasil não integra o grupo de
países com expressão geopolítica, que exercem influência na região e nos fóruns
internacionais. O primeiro dever da diplomacia é o desconfiômetro, isto é,
perceber o seu tamanho. Foi mais ou menos isso que, para nosso constrangimento,
nos disse o porta-voz do governo israelense, ao nos qualificar de “anões”.
O conflito de Gaza tem complexidade bem maior que uma negociação
sindical. Não começou hoje e nem se sabe quando, como e se terminará. Apelar ao
cessar-fogo – gesto-clichê que as grandes potências fazem enquanto buscam uma
saída - implica não julgar as partes em conflito.
O Itamaraty valeu-se do jargão, para, em seguida, condenar apenas uma
das partes, exatamente a que não teve a iniciativa do presente embate.
Militância e diplomacia são práticas que se repelem e, quando se insiste em
misturá-las resulta no que se viu: vexame.”
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