Por Zezinho de Caetés
Tempos atrás, mesmo sendo de outra área de estudo, com a
qual ganhei a vida, eu fiz um curso de economia, que me ajuda muito, certas
horas. Principalmente, nesta fase na qual os candidatos vão à TV, muitas vezes,
enrolar o grande público. E, pelo que eu vejo, ao público a que eles se dirigem
é facilmente enrolável, por
desconhecimento da matéria.
Aprendi naquele curso que economia, esta importante ciência
social, trata da escassez de meios para satisfazer as necessidades humanas,
pelo menos desde que Adão comeu aquela fatídica maçã no paraíso, infringindo a
lei de Deus, e Este o mandando ganhar o pão com o suor do seu rosto. E, quando
hoje vejo, nos debates eleitorais, algum candidato falando de economia, parece
até que voltamos ao paraíso. Todos prometem que a partir de 2015 tudo será uma
maravilha, o Brasil será o Brasil Maravilha. E ai de quem disser o contrário.
O candidato Aécio Neves cometeu a heresia de dizer que pode
tomar medidas impopulares para reverter as burradas que o PT cometeu no poder,
e isto é motivo de ataque da gerenta presidenta, que diz entender de economia,
e promete que, com ela no governo, o salário mínimo vai aumentar tanto, que em
4 anos, todos estarão ganhando apenas ele, e o Brasil será um país com justiça
social com todos na classe média. O que todos esquecem de explicar é como isto
será feito.
Então, hoje vendo que Economia é para quem entende, eu
transcrevo abaixo um texto do talvez futuro Ministro da Fazenda (isto se o
Aécio ou a Marina ganhar as eleições, pois esta disse que governará com PSDB, e
um candidato melhor ao posto é impossível) o Arminio Fraga, que coloca
organização nas mentiras inventadas no PT ao longo do tempo. O texto foi
publicado na Folha de São Paulo em 28/08/2014, e se intitula: “Mitos do PT”. Eu não seria tão educado
e o intitularia, se tivesse a capacidade de escrevê-lo de “MENTIRAS DO PT”, que é o título que dou a esta postagem para vocês
meditarem fim de semana a dentro. Fiquem
com o Arminio.
“Não é de hoje que o PT adota uma retórica agressiva e populista para
marcar suas posições. Em tempos de campanha, esta prática se radicaliza,
adquirindo tons cada vez mais berrantes, e chegando frequentemente a se
desentender com os fatos. Abaixo alguns exemplos.
O primeiro mito, mencionado em entrevista na televisão pela própria
presidente Dilma, é que a culpa do baixo crescimento é da economia
internacional. Não é verdade. Nos governos FHC e Lula, o Brasil cresceu a taxas
médias muito próximas das da América Latina. Para os anos Dilma, o crescimento
projetado está 2% ao ano inferior ao da região, o que demonstra que não foi
problema externo, foi interno mesmo.
O segundo diz que "basta estimular a demanda e o resto se
resolve". Não tem sido bem assim. Falta investimento, vítima de
preconceitos ideológicos e má gestão. A produção e a importação de bens de
capital afundaram nos últimos meses. A infraestrutura virou uma barreira ao
crescimento. O investimento está flutuando em torno de 18% do PIB há anos,
valor insuficiente para acelerar o ritmo de crescimento. É preciso elevar esse
porcentual a 24% até 2018, que é a nossa meta.
O terceiro é que os problemas da indústria serão resolvidos com medidas
pontuais. Na verdade, a indústria nunca esteve tão mal. As taxas de juros estão
para cima e o câmbio para baixo. O complexo sistema tributário é custoso e
cumulativo, prejudicando as exportações e o investimento. A logística não está
à altura das necessidades do país.
O quarto é o "querem fazer um arrocho", em resposta à posição
honesta de que (para voltar a crescer) o país necessita corrigir muitas de suas
políticas. A verdade é que a economia está devagar quase parando, amarrada por
uma enorme e crescente incerteza sobre seu futuro. As perspectivas para o ano
que vem são sombrias, como mostram todos os indicadores de confiança
disponíveis. O arrocho, com dispensas e suspensões de contrato de trabalho, já
chegou, vamos cair na real.
O quinto é o estridente "vão fazer um tarifaço". Aqui cabe
perguntar, antes de mais nada, que situação é essa e como chegamos nela. Falo
do irresponsável represamento dos preços de combustíveis e de energia, e da
taxa de câmbio. No campo dos combustíveis, sofre a Petrobras asfixiada em seu
fluxo de caixa, sofre o setor de etanol, onde as falências crescem, e sofre o
meio ambiente, com o absurdo subsídio implícito a combustíveis fósseis. No
setor elétrico, um movimento voluntarista de redução de tarifas saiu pela
culatra, e vem gerando uma dívida bilionária com as distribuidoras de energia.
Por último, a repressão da taxa de câmbio desestimula as exportações e
pressiona ainda mais o deficit em conta corrente, hoje em 3,5% do PIB.
Em sexto lugar, há a acusação de que "o governo FHC sempre cortou
o gasto social". Acusação falsa, como demonstra Samuel Pessôa em artigo
recente nesta Folha. Medido como a soma de INSS, Lei Orgânica da Assistência
Social, abono salarial, seguro-desemprego e bolsas, o gasto social cresceu
cerca de 1,5 ponto do PIB em cada um dos governos Itamar/Collor, FHC, Lula e
Dilma (esta em cerca de 1 ponto até agora). Na verdade, o governo FHC
representou uma guinada no foco do gasto público na direção da educação e da
saúde, ponto nunca reconhecido pelo PT.
Finalmente, o governo diz que "quebraram o país e nós pagamos o
FMI". Em 2002, o Brasil quase quebrou, sim, em função do medo do que faria
o PT no poder (e que Lula resolveu, para seu eterno mérito). No segundo
semestre de 2002 o governo FHC (com anuência da oposição) tomou um empréstimo
com o FMI de US$ 30 bilhões. Cerca de 80% do empréstimo foram reservados para o
próximo governo, sendo 20% desembolsados (e não gastos) em dezembro de 2002 e o
restante já durante o governo Lula. Portanto os recursos ficaram, na prática, à
disposição do governo Lula.
O populismo e a mentira são inimigos da democracia e da boa política.
Temos que melhorar a qualidade do debate público, que deve ser baseado em fatos
e dados.”
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