Cortejo fúnebre de Eduardo Campos - Madalena - Recife. |
Por Zé Carlos
Todas as semanas venho aqui escrever para os meus leitores
(dizem que já são mais de 5) sobre o que se passou nos últimos sete dias, em
termos de política. O que me dava a base para o que escrevia era um filme feito
semanalmente pelo UOL, no qual os fatos políticos são tratados com muito humor.
Até o momento que escrevo este filme não apareceu na internet. Talvez, pelo
mesmo motivo que tive dúvidas em hoje escrever.
Todos os acontecimentos da semana passada foram superados
por mortes de pessoas, de uma forma ou outra ligadas à política. E eu, realmente, não sei como conciliar humor com morte. Não é uma tarefa fácil para
ninguém. E quando o morto é ligado de forma completa ao assunto que tratamos: a
política, tudo se torna mais difícil, mesmo que fosse a morte de Hitler. Se há
alguma coisa para rir por dentro é o sentimento de dúvida e até de bagunça em
que se transformou nossa vida política, tanto em relação às próximas eleições
quanto à vida brasileira nos próximos anos.
Hoje, não há um só candidato ou eleitor que não tido dúvidas
como proceder no próximo pleito. Todas as campanhas e todas as mentes se viram
envolvidas num verdadeiro pandemônio, cuja marca principal é a incerteza. Os
candidatos se perguntam para onde eu vou agora? E os eleitores perguntam, como
eles vão proceder agora? Eu me considero na condição de um simples eleitor obrigado a votar em outubro.
E o acontecimento que causou todo este imbróglio político
foi a morte de Eduardo Campos. Eu já ia escrevendo “prematura morte”, mas, refreei-me ao perguntar: Existe morte
prematura? E sou obrigado a concluir que não. Foi a morte de Tancredo Neves
prematura? E a de Ariano Suassuna? No caso de pessoas com liderança política
não há morte prematura. O tempo da política é diferente de todos os tempos
porque ela nos envolve a todos, inclusive o político aristotélico que sou.
Ontem quando me levantei meia-noite para ver o cortejo
fúnebre de Eduardo, que passou pela minha rua, fiquei emocionado e ao mesmo
tempo tive vontade de rir, quando via aquela multidão com bandeiras e gritos a
quererem dele participar. Parecia realmente que atrás do cortejo só não iria quem
já morreu. Ri também ao lembrar da homenagem que fiz aproveitando o texto do
amigo Zezinho sobre o encontro no céu entre Ariano e Eduardo (aqui),
e da música que coloquei naquele texto, com mais convicção ainda de que o
Eduardo Campos foi uma espécie de madeira que o cupim no roeu, talvez porque não teve tempo, mas, isto é outra história. Não porque ele fosse um homem perfeito, e um político todo
tempo correto. E sim porque morreu jovem e o Brasil sentiu sua falta.
Li ontem num texto de um jornalista (*) o seguinte: “Sorrir, mesmo em meio à lágrimas, é o
remédio mais indicado para recuperar o fôlego, recobrar a consciência e retomar
o rumo na direção do último apelo do notável moço pernambucano, na polêmica e
histórica entrevista ao Jornal Nacional na véspera de partir: "Não vamos desistir do Brasil."”
E, justificado e confortado por esta frase, eu retomo o
riso, não porque a morte do Eduardo o provoque, mas sim, porque ela pode nos
levar a que, como era sua vontade, não desistamos do Brasil.
E basta pensar em nossa situação econômica, social e
política atual, que nos leva a crer que os brasileiros parecem ter desistido do
Brasil. E se pensarmos exclusivamente na política só temos muitas risadas a
dar, o que nos levaria a recuperar o fôlego e retomar o rumo em direção a não
desistir do Brasil. Se não mudarmos estaremos desistindo e só nos restará rir
mais ainda, para não chorar.
Deixo para a próxima semana, a apresentação do filme de
humor, e, espero, podendo comentá-lo mais à vontade. "Não vamos desistir do
humor".
Vejam abaixo um filme que mostra um pequeno trecho do cortejo fúnebre de Eduardo Campos, feito direto dos estúdios da A Gazeta Digital, que eu juro não teve interferência política para que passasse de frente à sua sede. Agradecemos pela emoção, e espero que nossos poucos leitores também se emocionem.
Vejam abaixo um filme que mostra um pequeno trecho do cortejo fúnebre de Eduardo Campos, feito direto dos estúdios da A Gazeta Digital, que eu juro não teve interferência política para que passasse de frente à sua sede. Agradecemos pela emoção, e espero que nossos poucos leitores também se emocionem.
-------------
(*) Vítor Hugo Soares (Blog do Noblat – 16/08/2014)
Nenhum comentário:
Postar um comentário