Por Carlos Sena (*)
Felicidade é paz de espírito.
Mas, como se faz para deixar o espírito em paz? Sendo caPAZ de ser o mínimo nas
coisas graúdas. E, sendo o que te cerca só coisas grandes, sê pequeno se queres
ser grande. A paz de espírito talvez esteja um pouco dessa dinastia. A
felicidade pode estar num frasco de perfume seco. Um frasco de perfume seco pra
muitos é pra se jogar no lixo, mas para alguém pode representar muito. Porque
pra quem não é o dono do frasco seco, também não o foi da essência que nele
continha. Ser feliz com pouco não seria o princípio da paz de espírito?
Houve um tempo, na minha terra,
que o cheiro de terra molhada me deixava quieto, tranquilo, feliz, em paz.
Também lá houve um tempo em que ouvir as beatas cantarem na igreja me deixava
calmo e também em paz. Hoje, relembro um trechinho que dizia assim: "No
céu, no céu, com minha mãe estarei"... Ou das vozes desafinadas e
descompassadas das mulheres rezando o terço, como me recordo e como me trazem paz...
A paz de espírito neutraliza
guerras que o cotidiano nos oferta. Independente de crer no espírito, há uma
paz que transcende o ser mesmo os agnósticos. Porque a paz que os homens
precisam não é a que as religiões professam, mas a que os cristãos tem que praticar.
Afinal, somos todos caminheiros e a estrada tem que ser palmilhada serenamente.
Acreditar que é possível viver em
paz é descobri-la por dentro, independente dos valores lá de fora, "onde a
falsidade vigora" é o que nos traz essa paz de espírito. Simples, como a
água da fonte. Fonte de água benta que arrebenta os altares do egoísmo e do
desamor.
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 12/08/2014
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