Por Zezinho de Caetés
Ontem vi o debate, o primeiro na TV, entre os candidatos a
presidente. Confesso, dormi na terceira fala de Dilma. Eu não consigo mais
aguentar aquilo acordado. Já que é para enganar o eleitor que, pelo menos,
inove na enganação. Quando ela bate naquela tecla de que a economia vai mal
porque ela não quis que o povo ficasse desempregado nem tivesse desconto na
conta do Bolsa Família, o tédio me leva ao sono.
O que vimos foi um único candidato com capacidade de levar
este país a uma melhor situação, embora com as dificuldades que a herança
maldita de Dilma trará: o Aécio Neves. Só ainda não me decidi votar nele, a
partir deste debate, porque senti que à Marina deve ser dada outras oportunidades
para mostrar a que veio como “viúva”
do Eduardo. Até ontem só vi enganação e frases de efeito e a tentativa de fazer
um governo com todos os brasileiros. Esta história eu já vi antes e terminou
com o protagonista indo à televisão e dizendo: “Não me deixem só!”. E realmente não deixaram. Ele saiu junto com a
mulher do Palácio do Planalto, para nunca mais voltar.
No entanto, o que me traz aqui, é transcrever para vocês um
texto do imortal Merval Pereira que saiu em seu blog no último dia 27. E ele
trata do que o seu título diz: “A outra
eleição”. E é difícil discordar dele quando ele diz que a morte do
ex-governador de Pernambuco nos garantiu uma nova eleição. E isto não se aplica
só à eleição para Presidente de República, mas, passa, principalmente, pela
eleição em nosso Estado, como mostra a última pesquisa do IBOPE que faz o
candidato de Eduardo, o Paulo Câmara, ter condições de vencer as eleições o que
era praticamente impossível de deduzir das pesquisas anteriores. Posso dizer
que o quase “showmício” do enterro
está funcionando, até agora. E eu acho isto bom, para ver se o PT vai embora de
uma vez do nosso Estado. Não. Não estou sendo injusto com meu conterrâneo Lula,
porque gostaria que ele voltasse a Pernambuco, embora não para ser político mas
para ser um acadêmico na Academia Caeteense de Letras, que ainda é o meu sonho
criar, e a cadeira 13 é dele, pelo conjunto da “obra”.
No plano nacional, a ideia que estamos vivendo uma nova
eleição é até mais evidente. Quem, em sã consciência imaginaria que hoje
tivéssemos certeza de segundo turno e que, assim sendo, a Marina possa ganhar
as eleições? O que o Merval chama
atenção, com muita propriedade, é que para os velhos candidatos ainda não caiu
a ficha que o alvo agora é a Marina e
não a velha rivalidade entre PSDB e PT que, dizem, o Lula quis trazer de volta,
pensando que era uma grande estratégia eleitoral. Claro que não era estratégia
nenhuma. Todos sabemos que o FHC foi quem deu, não tendo qualquer culpa, as
três eleições do PT. Ou seja, o discurso do PT do “nós contra eles” elegeu Lula duas vezes e a Dilma uma. E não era
estratégia do Lula não. É que ele só sabe fazer isto, como um disco arranhado.
Agora, com Marina, sua ex-discípula, a coisa mudou, e muito. Agora tem que ser
o “nós contra ela”.
Urge, portanto, que o Aécio Neves demonstre para o
eleitorado que, com Marina ou com Dilma, teremos mais do mesmo. Um pouquinho
menos com a Marina se ela conseguir chamar o Serra, como prometeu, e quem sabe
o Fernando Henrique para o Itamarati? Então estamos numa situação, onde temos
uma nova eleição, e que tudo pode acontecer. Inclusive nada. O que seria o pior
dos mundos que seria o PT continuar no poder. Que Deus nos livre e guarde.
Fiquem com o imortal, que eu vou agora me preparar para ver
o Jornal Nacional onde a Marina se apresentará para ser triturada pelo avião de prefixo WB-PP da Globo. E pasmem, o assunto, provalvelmente, será
outra vez o avião do Eduardo. A Providência Divina a impediu, segundo ela, de
entrar nele naquele fatídico 13 de agosto, mas, pode matá-la agora,
politicamente, por falta de documentos.
“Sobrou até para o Pastor Everaldo. Ele vinha bem, ali entre 3% e 4%
das intenções de voto, e tinha planos de até dobrar essas intenções para se
tornar um eleitor de peso no segundo turno da eleição presidencial.
Veio o fenômeno eleitoral Marina Silva e tirou os votos evangélicos do
pastor, um efeito colateral da verdadeira limpa que Marina fez, acrescentando
nada menos que 20 pontos aos 9 que Eduardo Campos tinha na última pesquisa
Ibope: Dilma e Aécio perderam 4 pontos cada; os candidatos nanicos perderam 3
pontos no seu conjunto; a taxa de votos nulos ou em branco caiu 6 pontos; e a
de indecisos, outros 3 pontos.
A questão parece ser que Dilma e Aécio se prepararam para uma eleição e
estão disputando outra, que mudou radicalmente desde a morte de Campos, há 13
dias. Não atribuo esse crescimento de Marina à comoção popular, embora a morte
trágica de Campos tenha dado a ela uma exposição nacional maior naqueles dias
do que terá em toda a campanha eleitoral, com os poucos minutos que tem de
propaganda oficial.
Embora sejam números semelhantes, o crescimento do candidato Paulo
Câmara em Pernambuco, nada menos que 18 pontos nos últimos dias, dando-lhe
condições de aspirar a vencer a eleição para governador, nada tem a ver com os
20 pontos que Marina acrescentou à sua candidatura.
Em Pernambuco, a comoção com a morte de Campos e a politização
proposital de seu enterro pela família, numa homenagem à sua memória política,
vão se transformar possivelmente na vitória do candidato que o ex-governador
havia escolhido para sucedê-lo.
Com relação a Marina, sua votação me parece fruto do despertar de um
eleitorado que estava em busca de um candidato que se identificasse com o
desejo de mudança registrado em todas as pesquisas.
Mudança, sobretudo, de relação política entre o Palácio do Planalto e o
Congresso, e deste com os cidadãos-eleitores. A busca é tão clara que o
candidato tucano Aécio Neves apareceu em pesquisas anteriores em empate técnico
com a presidente Dilma num possível segundo turno, e hoje aparece perdendo por
seis pontos, o que o coloca a dois pontos apenas desse empate, mesmo estando em
terceiro lugar.
Já a candidata Marina está a um ponto do empate técnico no primeiro
turno com a presidente, e aparece na frente 9 pontos no segundo turno. Creio
que, se ela tivesse conseguido organizar seu partido, estaria desde o início
disputando o segundo lugar com Aécio, e haveria mais tempo para que a escolha
fosse feita de maneira racional, como propõem os tucanos.
A presidente Dilma montou toda sua campanha eleitoral no contraponto
com o PSDB, tentando diluir seus fracassos nos 12 anos de governos petistas. Já
Aécio Neves preparou-se para discutir os quatro anos de Dilma, e mostrar-se
como a escolha segura para quem queria dar um fim aos anos de PT no poder. A
mudança segura.
Enquanto seu contraponto era Eduardo Campos, ia no caminho certo, e
tinha até condições de vencer num segundo turno — e continua tendo, como mostra
a pesquisa Ibope —, mas agora está às voltas com uma concorrente que traz
consigo a marca do novo, fantasiosa embora, pois Marina está na política há
muito tempo, já foi vereadora, senadora, ministra de Estado, já esteve em três
partidos diferentes (PT,PV e PSB) e prepara sua Rede para mais adiante.
Mas conseguiu, nesse tempo todo, manter-se fiel a seus princípios
éticos na política, a ponto de dar a sensação a seus seguidores de que ela
nunca esteve envolvida na política tradicional, que rejeita. Por isso,
desconstruí-la será tarefa árdua para Dilma e Aécio.
É possível que boa parte da base aliada da presidente comece a
debandar, em busca de salvar-se na candidatura Aécio, se a vitória de Marina no
segundo turno deixar de ser uma “onda que vem e vai” para se transformar em uma
possibilidade real. Esses partidos só estão com Dilma porque consideravam
inevitável sua vitória, e devem estar lamentando não terem desertado antes,
como fizeram alguns setores do PMDB, do PP, do PTB.
Mas talvez aí seja tarde demais para reverter a situação que se desenha
no horizonte.”
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