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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

A outra eleição e o mesmo avião




Por Zezinho de Caetés

Ontem vi o debate, o primeiro na TV, entre os candidatos a presidente. Confesso, dormi na terceira fala de Dilma. Eu não consigo mais aguentar aquilo acordado. Já que é para enganar o eleitor que, pelo menos, inove na enganação. Quando ela bate naquela tecla de que a economia vai mal porque ela não quis que o povo ficasse desempregado nem tivesse desconto na conta do Bolsa Família, o tédio me leva ao sono.

O que vimos foi um único candidato com capacidade de levar este país a uma melhor situação, embora com as dificuldades que a herança maldita de Dilma trará: o Aécio Neves. Só ainda não me decidi votar nele, a partir deste debate, porque senti que à Marina deve ser dada outras oportunidades para mostrar a que veio como “viúva” do Eduardo. Até ontem só vi enganação e frases de efeito e a tentativa de fazer um governo com todos os brasileiros. Esta história eu já vi antes e terminou com o protagonista indo à televisão e dizendo: “Não me deixem só!”. E realmente não deixaram. Ele saiu junto com a mulher do Palácio do Planalto, para nunca mais voltar.

No entanto, o que me traz aqui, é transcrever para vocês um texto do imortal Merval Pereira que saiu em seu blog no último dia 27. E ele trata do que o seu título diz: “A outra eleição”. E é difícil discordar dele quando ele diz que a morte do ex-governador de Pernambuco nos garantiu uma nova eleição. E isto não se aplica só à eleição para Presidente de República, mas, passa, principalmente, pela eleição em nosso Estado, como mostra a última pesquisa do IBOPE que faz o candidato de Eduardo, o Paulo Câmara, ter condições de vencer as eleições o que era praticamente impossível de deduzir das pesquisas anteriores. Posso dizer que o quase “showmício” do enterro está funcionando, até agora. E eu acho isto bom, para ver se o PT vai embora de uma vez do nosso Estado. Não. Não estou sendo injusto com meu conterrâneo Lula, porque gostaria que ele voltasse a Pernambuco, embora não para ser político mas para ser um acadêmico na Academia Caeteense de Letras, que ainda é o meu sonho criar, e a cadeira 13 é dele, pelo conjunto da “obra”.

No plano nacional, a ideia que estamos vivendo uma nova eleição é até mais evidente. Quem, em sã consciência imaginaria que hoje tivéssemos certeza de segundo turno e que, assim sendo, a Marina possa ganhar as eleições?  O que o Merval chama atenção, com muita propriedade, é que para os velhos candidatos ainda não caiu a ficha que o alvo agora é a Marina e não a velha rivalidade entre PSDB e PT que, dizem, o Lula quis trazer de volta, pensando que era uma grande estratégia eleitoral. Claro que não era estratégia nenhuma. Todos sabemos que o FHC foi quem deu, não tendo qualquer culpa, as três eleições do PT. Ou seja, o discurso do PT do “nós contra eles” elegeu Lula duas vezes e a Dilma uma. E não era estratégia do Lula não. É que ele só sabe fazer isto, como um disco arranhado. Agora, com Marina, sua ex-discípula, a coisa mudou, e muito. Agora tem que ser o “nós contra ela”.

Urge, portanto, que o Aécio Neves demonstre para o eleitorado que, com Marina ou com Dilma, teremos mais do mesmo. Um pouquinho menos com a Marina se ela conseguir chamar o Serra, como prometeu, e quem sabe o Fernando Henrique para o Itamarati? Então estamos numa situação, onde temos uma nova eleição, e que tudo pode acontecer. Inclusive nada. O que seria o pior dos mundos que seria o PT continuar no poder. Que Deus nos livre e guarde.

Fiquem com o imortal, que eu vou agora me preparar para ver o Jornal Nacional onde a Marina se apresentará para ser triturada pelo avião  de prefixo WB-PP da Globo.  E pasmem, o assunto, provalvelmente, será outra vez o avião do Eduardo. A Providência Divina a impediu, segundo ela, de entrar nele naquele fatídico 13 de agosto, mas, pode matá-la agora, politicamente, por falta de documentos.

“Sobrou até para o Pastor Everaldo. Ele vinha bem, ali entre 3% e 4% das intenções de voto, e tinha planos de até dobrar essas intenções para se tornar um eleitor de peso no segundo turno da eleição presidencial.

Veio o fenômeno eleitoral Marina Silva e tirou os votos evangélicos do pastor, um efeito colateral da verdadeira limpa que Marina fez, acrescentando nada menos que 20 pontos aos 9 que Eduardo Campos tinha na última pesquisa Ibope: Dilma e Aécio perderam 4 pontos cada; os candidatos nanicos perderam 3 pontos no seu conjunto; a taxa de votos nulos ou em branco caiu 6 pontos; e a de indecisos, outros 3 pontos.

A questão parece ser que Dilma e Aécio se prepararam para uma eleição e estão disputando outra, que mudou radicalmente desde a morte de Campos, há 13 dias. Não atribuo esse crescimento de Marina à comoção popular, embora a morte trágica de Campos tenha dado a ela uma exposição nacional maior naqueles dias do que terá em toda a campanha eleitoral, com os poucos minutos que tem de propaganda oficial.

Embora sejam números semelhantes, o crescimento do candidato Paulo Câmara em Pernambuco, nada menos que 18 pontos nos últimos dias, dando-lhe condições de aspirar a vencer a eleição para governador, nada tem a ver com os 20 pontos que Marina acrescentou à sua candidatura.

Em Pernambuco, a comoção com a morte de Campos e a politização proposital de seu enterro pela família, numa homenagem à sua memória política, vão se transformar possivelmente na vitória do candidato que o ex-governador havia escolhido para sucedê-lo.

Com relação a Marina, sua votação me parece fruto do despertar de um eleitorado que estava em busca de um candidato que se identificasse com o desejo de mudança registrado em todas as pesquisas.

Mudança, sobretudo, de relação política entre o Palácio do Planalto e o Congresso, e deste com os cidadãos-eleitores. A busca é tão clara que o candidato tucano Aécio Neves apareceu em pesquisas anteriores em empate técnico com a presidente Dilma num possível segundo turno, e hoje aparece perdendo por seis pontos, o que o coloca a dois pontos apenas desse empate, mesmo estando em terceiro lugar.

Já a candidata Marina está a um ponto do empate técnico no primeiro turno com a presidente, e aparece na frente 9 pontos no segundo turno. Creio que, se ela tivesse conseguido organizar seu partido, estaria desde o início disputando o segundo lugar com Aécio, e haveria mais tempo para que a escolha fosse feita de maneira racional, como propõem os tucanos.

A presidente Dilma montou toda sua campanha eleitoral no contraponto com o PSDB, tentando diluir seus fracassos nos 12 anos de governos petistas. Já Aécio Neves preparou-se para discutir os quatro anos de Dilma, e mostrar-se como a escolha segura para quem queria dar um fim aos anos de PT no poder. A mudança segura.

Enquanto seu contraponto era Eduardo Campos, ia no caminho certo, e tinha até condições de vencer num segundo turno — e continua tendo, como mostra a pesquisa Ibope —, mas agora está às voltas com uma concorrente que traz consigo a marca do novo, fantasiosa embora, pois Marina está na política há muito tempo, já foi vereadora, senadora, ministra de Estado, já esteve em três partidos diferentes (PT,PV e PSB) e prepara sua Rede para mais adiante.

Mas conseguiu, nesse tempo todo, manter-se fiel a seus princípios éticos na política, a ponto de dar a sensação a seus seguidores de que ela nunca esteve envolvida na política tradicional, que rejeita. Por isso, desconstruí-la será tarefa árdua para Dilma e Aécio.

É possível que boa parte da base aliada da presidente comece a debandar, em busca de salvar-se na candidatura Aécio, se a vitória de Marina no segundo turno deixar de ser uma “onda que vem e vai” para se transformar em uma possibilidade real. Esses partidos só estão com Dilma porque consideravam inevitável sua vitória, e devem estar lamentando não terem desertado antes, como fizeram alguns setores do PMDB, do PP, do PTB.


Mas talvez aí seja tarde demais para reverter a situação que se desenha no horizonte.”

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