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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

O encontro de Eduardo com Ariano, no céu




Por Zezinho de Caetés

Ontem vi uma charge, num blog, que mostrava um encontro de Ariano Suassuna com Eduardo Campos, no céu. Quer dizer, penso que é no céu porque ambos fizeram em vida muitas coisas que os levam a merecê-lo. Não há como não lembrar de Ariano sem pensar no seu Auto da Compadecida. Como não dar para pensar no Eduardo sem lembrar de sua grande amizade com o seu amigo Ariano. E no sono de ontem à noite me apareceu o João Ubaldo Ribeiro com história que parece uma homenagem. A seguir, eu conto para vocês o que ele me contou de como foi o encontro lá no céu, entre o estes importantes brasileiros. Se me perguntarem se isto é verdade ou não, eu repito a fala do Chicó mais conhecida: “Eu não sei, só sei que foi assim!”

No diálogo a seguir, que me foi passado em sonho, pelo João Ubaldo Ribeiro, o “S” se refere a Ariano e o “E” se refere a Eduardo. E tudo começa na porta do céu.

S: Eduardo, meu querido, o que você está fazendo aqui?

E: Eu vim ao seu encontro, grande mestre!

S: De vez, para sempre?

E: Acho que sim Mestre. Peguei o avião errado e aqui estou eu.

S: Que nada Eduardo, você é muito jovem para ficar aqui comigo. Ah! Já sei, você deixou lá embaixo alguém para tocar a gaita do João Grillo para você voltar à terra, não foi?

E: Bem queria eu, Mestre. Não desconsiderando a sua companhia, que sempre adorei, mas, tinha muito ainda para fazer lá embaixo.

S: Isto não pode ser. Você foi vítima de algum cangaceiro ou cangaceira daqueles que você começou a criticar na política e eles mexeram no seu avião?

E: Claro que não Mestre. Critiquei muito uma cangaceira lá embaixo, mas, o cangaceiro que vive com ela, eu sempre poupei.

S: Não me diga!

E: Pois é, nos últimos tempos eu estava até animado com aquele nosso projeto para ser presidente da república, e de que você ainda foi testemunha. Para isto, não quis fazer o diabo como a determinadas pessoas, mas, engoli muitos sapos.

S: Meu filho, não fale em diabo aqui, que ele aparece!

E: Desculpe, Mestre. O senhor sabe que eu me juntei com a Marina Silva, e só Deus sabe o esforço que fiz para isto. Juntar sustentabilidade com agronegócio não foi fácil. Imagine lá em Uberaba eu vendo aqueles bois todos sujando a atmosfera de gás, piorando o efeito estufa, tendo que aprovar pum de boi para ser eleito, e a Marina querendo colocar escapamento em seus fiofós para aproveitar os gases e gerar energia. Não foi fácil, Mestre. Mas, eu estava conseguindo.

S: Ora, meu filho, se você juntou socialismo com capitalismo lá em Pernambuco e estava dando certo, por que você não juntaria Marina com o Ronaldo Caiado?

E: O pior foi conciliar defender o Lula e criticar a Dilma. Este foi o meu maior problema até agora na campanha, antes de eu vir aqui encontrá-lo. Como criticar o PT sem criticar o Lula? Como criticar a Dilma sem criticá-lo, se foi ele mesmo que criou o que lá chamam de poste. Sim, eu sei que também criei meus postes, mas, eram postes regionais e municipais. Mas, poste federal, não dar para aguentar duas vezes. Quando eu fui ao Jornal Nacional da Globo, a melhor frase que eu disse foi que “A Dilma conseguiu a façanha, de pela primeira vez na democracia fazer um governo pior do que o anterior!

S: Meu Deus, e a Rede Globo agora é de esquerda?

E: Não, Mestre. Eles apenas viram que se não divulgassem os nomes dos outros candidatos, no dia da eleição a Dilma seria candidata única. Imagine que ela tem uma coligação tão grande que o que sobrou para mim e para os outros foram uns minutinhos no horário eleitoral. E eu saí satisfeito de minha performance lá, apesar da insistência do William Bonner de botar minha mãe no meio. Mas, infelizmente, não deu nem para comentar, pois fui forçado a vir aqui lhe visitar antes do que eu previa.

S: É meu filho, são os desígnios de Jesus e de Nossa Senhora. Venha comigo que eu vou lhe apresentar a eles e até ver se posso interceder junto à Compadecida para que você volte e cumpra sua missão lá na terra.

E: Claro, Mestre! Já estou até emocionado com um encontro destes!

E ambos se dirigiram para uma dependência do céu, onde estavam Jesus e sua mãe, Nossa Senhora. Lá ao fundo aparecia uma fornalha, onde se podia ler uma faixa: “Bem-vindo, Sarney!” e outra: “Fora Maluf, nosso chefe não quer concorrência!”. E algumas outras tantas que o João Ubaldo não me contou no sonho. Apenas me disse que lá era o inferno e que tanto Eduardo como o Ariano passaram ao largo, e se acercaram de Jesus. E o diálogo continuou:

E: Caro Mestre, então o João Grillo tinha razão. Jesus realmente é meio tostadinho, não é?

Isto foi dito com um ar de riso, seguido de um ar de seriedade, ao se ajoelhar aos pés de Nossa Senhora (NS), que quem como tudo sabe já estava lhe esperando. E disse:

NS: Oh, Eduardo, você por aqui?! Ariano, como vai você?

S: Eu vou muito bem, mas tenho uma queixa e um pedido a lhe fazer.

NS: Diga, meu filho!

S: A queixa é em relação à morte de Eduardo. Ele não merecia vir para aqui tão jovem, e gostaria de lhe pedir que lhe devolvesse a vida tão brilhante que ele teve.

NS: Caro Ariano, você sabe que eu não posso decidir isto sozinha, e mesmo meu filho Jesus, agora está sendo mais democrático e chama o Diabo também para dar sua opinião. Meu filho! [disse se dirigindo a Jesus]. Você gostaria que o Eduardo voltasse á terra?

Jesus: Claro minha mãe, ele é tão jovem, mas, como a senhora sabe tenho que consultar o Capeta sobre isto, pois aqui tudo está se democratizando, e no próximo ano haverá até eleições.

E dizendo isto chamou o Diabo para a conferência. O cheiro de enxofre e de Caninha 51 encheu o ambiente e o Diabo (D) falou:

D: Já quer que eu mande este de volta também? De forma alguma. Só voto a favor disto com uma condição: Que ele, ao voltar, apoie a candidatura de minha amiga Dilma para presidente!

E todos se voltaram para Eduardo para saber sua opinião sobre a proposta do Capiroto, e ele disse laconicamente:

E: Assim, prefiro ficar aqui!!!!

Neste tempo eu acordei e o João Ubaldo sumiu. Agora eu fiquei sabendo porque a Dilma disse que “faria o diabo” para ganhar as eleições. E está fazendo mesmo.

Em tempo: O João Ubaldo ainda me disse que depois desta frase os dois saíram da sala e desceram uma ladeira que há no céu, e felizes, cantarolavam:

“Madeira do rosarinho
Vem a cidade sua fama mostrar
E traz com seu pessoal
Seu estandarte tão original

Não vem pra fazer barulho
Vem só dizer... e com satisfação
Queiram ou não queiram os juízes
O nosso bloco é de fato campeão

E se aqui estamos, cantando esta canção
Viemos defender a nossa tradição
E dizer bem alto que a injustiça dói
Nós somos madeira de lei que cupim não rói”


Acordei com os olhos cheios de lágrimas. “Eu não sei se foi verdade. Só sei que foi assim!”

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Nota da Administração da A Gazeta Digital: Abaixo colocamos letra e música de Madeira do Rosarinho, mas, isto não faz parte do texto do nosso colaborador Zezinho de Caetés. Apenas achamos que o Eduardo Campos, que Deus o tenha, gostaria que continuássemos cantando este frevo genial do Capiba, que tanto foi cantado por ele em vida, e junto com o Ariano Suassuna.

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