Por Carlos Sena (*)
A gente nem sempre precisa
compreender o mundo, a vida e as pessoas pelo prisma da intelectualidade. Perto
de nós está a lição. A do amor, por excelência nos acompanha por toda a vida.
Por isto, hoje, mamãe, se tivesse que cantar uma canção em seu dia, cantaria
“eu sei que vou te amar, por toda minha vida eu vou te amar”... Houve um tempo
em nossa existência que no seu dia eu só sabia cantar a música que fala do
avental todo sujo de ovo. Ainda canto essa canção, mas acho que a melhor MÚSICA
que se pode entoar pra você é a do Rei. Afinal, Rei e Rainha são complementos e
por isto,
“EU TENHO TANTO PRA LHE FALAR,
MAS COM PALAVRAS NÃO SEI DIZER,
COMO É GRANDE O MEU AMOR POR
VOCÊ.
E NÃO HÁ NADA PRA COMPARAR,
PARA PODER LHE EXPLICAR,
COMO É GRANDE O MEU AMOR POR
VOCÊ.
NEM MESMO O CÉU, NEM AS ESTRELAS,
NEM MESMO O MAR E O INFINITO,
NÃO É MAIOR QUE MEU AMOR NEM MAIS
BONITO.
ME DESESPERO A PROCURAR ALGUMA
FORMA DE LHE FALAR,
COMO É GRANDE O MEU AMOR POR
VOCÊ.
NUNCA SE ESQUEÇA NEM UM SEGUNDO
QUE EU TENHO AMOR MAIOR DO MUNDO.
COMO É GRANDE O MEU AMOR POR
VOCÊ”...
Várias são as canções que invadem
os rádios neste dia. Além das tradicionais tão carregadas de emoção, há canções
que nos ensinaste fora das escalas musicais. Sempre que os filhos desafinam na
vida, certamente não prestaram atenção na “aula” que a mãe proferiu sobre
ritmos existenciais. Houve dias, certamente, que durante suas aulas, minha mãe
deixou a batuta cair. Não havia “maestro” por perto, mas ela, lentamente,
recuperou e continuou nos regendo para que na canção da vida a gente não fosse
de todo desafinada.
A música e as mães têm muito em
comum. Há dias que elas só têm Dó maior pra nos oferecer. Noutros, sol. Noutros
ainda, Semibreve lição de vida – harmonia que nem sempre são assimiladas pelos
filhos, mas que elas não desistem. Pela clave de sol, as mães acalentam o frio dos
nossos invernos; quando chega outono, em pleno Ré da existência elas ficam
paradinhas, querendo descanso, como que a nos dizer que a ultima canção esteja
pra terminar.
Por isto hoje eu canto. Pode ser
a canção do avental todo sujo de ovo. Pode ser uma ode a Nossa Senhora. Pode
ser um concerto de Saint Prieux. Pode ser um baião de dois do Rei Luiz. De um
lado eu canto, do outro ela me escuta e entre nós uma flauta doce faz o
contracanto: “boi, boi, boi, boi da cara preta”... “É tão tarde a manhã já vem,
todos dormem”... “Mamãe, a chama viva que me aquece é você, toda minha vida, eu
só desejo a teu lado viver”... Mas (há sempre um MAS, uma pedra no caminho) um
dia a vida por si só se encerra. Desce o pano do nosso grande teatro do
existir. A música do amor será um réquiem que os anjos entoarão em seu louvor,
pois anjo não se transmuta da terra sem melodia...
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 13/05/2012
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