Por Carlos Sena (*)
Não adianta reclamar que a dor
não passa. Não adianta plástica na cara sem viço na pele se a lei da gravidade
impera. Não adianta ter medo de morrer se essa é a certeza maior que temos em
vida. Não adianta desrespeitar os mais velhos pela ilusão de que velho não irá
ficar. Não adianta massacrar os diferentes se os iguais têm dentro de si
diferenças. Não adianta atrasar o relógio se o tempo não depende de tempo. Não
adianta: adiante, o caminho é um só. O Grand Finale é um só.
Como se vê, nós humanos somos
ainda meio involuídos quando o quesito é a praticidade. A gente se finge de
evoluído talvez por conta do domínio da evolução tecnológica. Ela não é ruim
posto que vem de nós, do nosso conhecimento. O ruim é não se ter essa dimensão
por dentro. Se por fora somos cercados pelas benesses da modernidade, por
dentro há um fosso de incompreensões, rancores, ódio... As organizações
modernas dispõem de excelentes acomodações físicas, computadores de ultima
geração, câmeras, controles remotos, etc. Mas dentro delas, os seres humanos se
apresentam com tímido avanço nas relações interpessoais. Falar do outros,
“derrubada de tapete”, fuxico, fofoca, jogo de empurra, atitudes mesquinhas por
conta de bobagens materiais, vaidades bobas, intrigas, etc., são coisas do
inicio da humanidade na terra. De repente a gente olha pra uma grande empresa
cercada de luxo por todos os lados, mas não fica difícil entender que seus
principais problemas estão nas relações interpessoais dos seus funcionários.
Talvez o que mude seja a gradação: umas mais outras menos!
Talvez se, num exercício de
ficção, a gente soubesse da existência de outros planetas semelhantes ao que
vivemos, certamente não encontraríamos outro tão pouco evoluído como o nosso.
Talvez entre aqui, os conceitos de espiritualidade pertinentes à doutrina
espírita. Esta, em seus ensinamentos nos mostra que vivemos em um planeta de
“expiação e provas”, ou seja, aqui viemos para pagar nossos débitos evolutivos
de outras vidas passadas. Não está em jogo acreditar X desacreditar, mas
compreender. A compreensão da vida passa também por essa possibilidade que, em
pleno terceiro milênio se delineia com grandes perspectivas de aceitação.
Talvez o que nos falte enquanto católicos, evangélicos ou seguidores dos
exploradores Edir Morcego e Mala Feia, seja memo tempo para estudo. E é bom que
isto aconteça o mais cedo possível em nossas vidas, pois talvez não haja tempo
para se compreender com exatidão que não existem acasos em nossas vidas e que a
gente não está sozinho na terra. Assim, não adiantará reclamar que a dor não
passará. As dores da alma inculta e feia cercada por rancores e incompreensões
por todos os lados não passa. E passa. Mas não como a roupa machucada que se
passa ferro e tudo fica lindo.
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 15/05/2012
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