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quinta-feira, 17 de maio de 2012

O conto de fadas do dragão da inflação





Por Zezinho de Caetés

No último 11 de maio, a Miriam Leitão publicou em seu blog um texto intitulado: “Juros x inflação: o eterno dilema”, que transcrevemos abaixo. Não temam o linguajar sobre a dança dos índices na economia brasileira. Insistam na leitura que haverá um ganho grande e esclarecedor. Pelo menos, ao contrário da Argentina, estes índices brasileiros ainda são tidos como confiáveis.

No fundo o texto é sobre nosso conto de fadas favorito: o dragão inflacionário. Hoje, que tem menos de 30 anos já perdeu o medo do monstro. Não é um exercício vão relembrá-lo, contando, por exemplo, que os preços da comida nos restaurantes mudavam para cima entre o almoço e o jantar, há pouco tempo histórico. Que havia as famosas maquininhas de etiquetar preços nos supermercados e que já conhecíamos seu barulho. Simplesmente, não tínhamos moeda.

Foi com o Plano Real que o Brasil apresentou em sua era moderna à sua população uma moeda estável e que assim se manteve, e graças a Deus, estamos conseguindo manter, pela jogada inteligente do Lula de manter o Banco Central, como um guardião independente de nossa moeda, como havia feito o governo anterior. Durante todo o governo Lula, o vice José de Alencar bateu na tecla dos juros altos, e graças a Deus nunca foi ouvido. Já agora, no governo Dilma, diante da falta de “factoides” para alavancar sua popularidade, a presidenta agora quer colocar em prática as ideias do já falecido vice de Lula.

E num programa de TV do Governo Federal, nossa presidenta desandou a falar sobre os lucros no nosso sistema financeiro e sobre nossas altas taxas de juros, querendo formar um cruzada pela sua baixa. Ora, todos desejamos juros compatíveis com o mercado internacional, para que o Brasil não seja o lixão dos especuladores com moeda, no mundo. No entanto, é preciso ter cuidado e conhecimento de que os juros são apenas um preço (da moeda) num sistema capitalista, e que sua queda ou tabelamento de forma artificial pode gerar distorções muito grandes que farão mais mal do que a situação atual, se a dose não for correta.

Como um preço, quando os juros baixam as pessoas correm atrás de mais dinheiro para comprar ou para investir, pressionando o sistema produtivo, que, se não responder a contento, apenas gerará aumentos de preços de outros bens e teremos de volta o dragão inflacionário. Para que se tenha um controle adequado deste sistema é necessário que tenhamos um Banco Central independente das injunções políticas, o que parece ter acabado neste novo governo. Eu sempre lembro dos controles de preço do governo Sarney e a corrida para pegar boi nos pastos. Dinheiro não tem 4 pernas, mas, anda muito de acordo com o seu preço.

É a respeito deste perigo que escreve a jornalista, a quem eu deixo com vocês e vou fazer o mercado, ainda sem necessidade de fazer estoques imensos, como fazia antes do Plano Real. Espero que não volte o conto de fada com seu famigerado dragão.

“A inflação voltou a subir, mas continua em queda. A frase parece doida? É que, na economia, tudo depende do ponto de vista. Em abril, a inflação triplicou em relação a março, mas o IPCA em 12 meses continuou na queda iniciada em outubro que levou o acumulado de 7,3% para 5,1%. Muita gente já acha que, quando sair o IPCA de maio, será interrompida a trajetória de queda. A inflação pelo IGP-M, que caiu 14 meses seguidos, saindo de 11% para 3% no acumulado, voltou a subir. Fica claro que os índices estão em transição. Estavam caindo e vão começar a subir.

O mais importante a entender nessa gangorra de índices que sobem e descem é que o Banco Central hoje está encurralado. Aí é que mora o perigo. Está condenado a derrubar os juros porque isso virou uma bandeira da presidente da República.

A presidente Dilma acertou quando apontou o dedo para os spreads gigantescos dos bancos; errou quando chamou os marqueteiros que lhe disseram que esse assunto rende muito em retorno de imagem. Acertou porque com o consumidor mais consciente do que acontece no mercado de dinheiro, ele poderá, com sua pressão de cliente, fazer com que haja mais competição nesse verdadeiro oligopólio: cinco bancos dominam o crédito brasileiro. Errou ao politizar o tema, porque isso pode acabar paralisando o próprio Banco Central.

Ontem, mais uma vez, o BC fez, no Rio, o seu já tradicional seminário de metas de inflação. Hoje, vários analistas acreditam que o Banco Central perdeu a liberdade de fazer política monetária. Se precisar elevar os juros, terá antes que convencer a presidente Dilma de que isso é preciso. Por isso, a inflação voltando a subir no acumulado de 12 meses é tão inconveniente agora.

O balanço do sistema de metas de inflação é altamente positivo. Foi implantado por Arminio Fraga, mantido durante todo o período Henrique Meirelles e defendido até agora por Alexandre Tombini. Tem 13 anos de serviços prestados, passando por crises internacionais, mudanças de governo, períodos de crescimento, de queda do produto, de bolhas externas e altas de preços internos. Quando o índice estoura a meta, acaba sendo levado de volta a ela. O sistema funciona, está provado. O dólar voltou a subir e isso é um risco a mais. A gasolina talvez seja reajustada. Em maio há alta de táxi, energia, água e esgoto.

O sistema de metas sempre soube enfrentar temporadas de altas de preços. Ele não funciona é se o Banco Central não tiver liberdade para subir os juros, se for necessário. Se todos os agentes econômicos acreditarem que o BC não poderá subir os juros, vão se sentir mais livres para reajustar os preços. É nesse dilema, exatamente, que mora o perigo.”

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