Por Zezinho de Caetés
No último 11 de maio, a Miriam Leitão publicou em seu blog
um texto intitulado: “Juros x inflação:
o eterno dilema”, que transcrevemos abaixo. Não temam o linguajar sobre a
dança dos índices na economia brasileira. Insistam na leitura que haverá um
ganho grande e esclarecedor. Pelo menos, ao contrário da Argentina, estes
índices brasileiros ainda são tidos como confiáveis.
No fundo o texto é sobre nosso conto de fadas favorito: o dragão
inflacionário. Hoje, que tem menos de 30 anos já perdeu o medo do monstro. Não
é um exercício vão relembrá-lo, contando, por exemplo, que os preços da comida
nos restaurantes mudavam para cima entre o almoço e o jantar, há pouco tempo
histórico. Que havia as famosas maquininhas de etiquetar preços nos
supermercados e que já conhecíamos seu barulho. Simplesmente, não tínhamos
moeda.
Foi com o Plano Real que o Brasil apresentou em sua era
moderna à sua população uma moeda estável e que assim se manteve, e graças a
Deus, estamos conseguindo manter, pela jogada inteligente do Lula de manter o
Banco Central, como um guardião independente de nossa moeda, como havia feito o
governo anterior. Durante todo o governo Lula, o vice José de Alencar bateu na
tecla dos juros altos, e graças a Deus nunca foi ouvido. Já agora, no governo
Dilma, diante da falta de “factoides”
para alavancar sua popularidade, a presidenta agora quer colocar em prática as
ideias do já falecido vice de Lula.
E num programa de TV do Governo Federal, nossa presidenta
desandou a falar sobre os lucros no nosso sistema financeiro e sobre nossas
altas taxas de juros, querendo formar um cruzada pela sua baixa. Ora, todos
desejamos juros compatíveis com o mercado internacional, para que o Brasil não
seja o lixão dos especuladores com moeda, no mundo. No entanto, é preciso ter
cuidado e conhecimento de que os juros são apenas um preço (da moeda) num
sistema capitalista, e que sua queda ou tabelamento de forma artificial pode
gerar distorções muito grandes que farão mais mal do que a situação atual, se a
dose não for correta.
Como um preço, quando os juros baixam as pessoas correm
atrás de mais dinheiro para comprar ou para investir, pressionando o sistema
produtivo, que, se não responder a contento, apenas gerará aumentos de preços
de outros bens e teremos de volta o dragão inflacionário. Para que se tenha um
controle adequado deste sistema é necessário que tenhamos um Banco Central
independente das injunções políticas, o que parece ter acabado neste novo governo.
Eu sempre lembro dos controles de preço do governo Sarney e a corrida para
pegar boi nos pastos. Dinheiro não tem 4 pernas, mas, anda muito de acordo com
o seu preço.
É a respeito deste perigo que escreve a jornalista, a quem
eu deixo com vocês e vou fazer o mercado, ainda sem necessidade de fazer
estoques imensos, como fazia antes do Plano Real. Espero que não volte o conto
de fada com seu famigerado dragão.
“A inflação voltou a subir, mas continua em queda. A frase parece
doida? É que, na economia, tudo depende do ponto de vista. Em abril, a inflação
triplicou em relação a março, mas o IPCA em 12 meses continuou na queda
iniciada em outubro que levou o acumulado de 7,3% para 5,1%. Muita gente já
acha que, quando sair o IPCA de maio, será interrompida a trajetória de queda.
A inflação pelo IGP-M, que caiu 14 meses seguidos, saindo de 11% para 3% no
acumulado, voltou a subir. Fica claro que os índices estão em transição.
Estavam caindo e vão começar a subir.
O mais importante a entender nessa gangorra de índices que sobem e
descem é que o Banco Central hoje está encurralado. Aí é que mora o perigo.
Está condenado a derrubar os juros porque isso virou uma bandeira da presidente
da República.
A presidente Dilma acertou quando apontou o dedo para os spreads
gigantescos dos bancos; errou quando chamou os marqueteiros que lhe disseram
que esse assunto rende muito em retorno de imagem. Acertou porque com o
consumidor mais consciente do que acontece no mercado de dinheiro, ele poderá,
com sua pressão de cliente, fazer com que haja mais competição nesse verdadeiro
oligopólio: cinco bancos dominam o crédito brasileiro. Errou ao politizar o
tema, porque isso pode acabar paralisando o próprio Banco Central.
Ontem, mais uma vez, o BC fez, no Rio, o seu já tradicional seminário
de metas de inflação. Hoje, vários analistas acreditam que o Banco Central
perdeu a liberdade de fazer política monetária. Se precisar elevar os juros,
terá antes que convencer a presidente Dilma de que isso é preciso. Por isso, a
inflação voltando a subir no acumulado de 12 meses é tão inconveniente agora.
O balanço do sistema de metas de inflação é altamente positivo. Foi
implantado por Arminio Fraga, mantido durante todo o período Henrique Meirelles
e defendido até agora por Alexandre Tombini. Tem 13 anos de serviços prestados,
passando por crises internacionais, mudanças de governo, períodos de
crescimento, de queda do produto, de bolhas externas e altas de preços
internos. Quando o índice estoura a meta, acaba sendo levado de volta a ela. O
sistema funciona, está provado. O dólar voltou a subir e isso é um risco a
mais. A gasolina talvez seja reajustada. Em maio há alta de táxi, energia, água
e esgoto.
O sistema de metas sempre soube enfrentar temporadas de altas de
preços. Ele não funciona é se o Banco Central não tiver liberdade para subir os
juros, se for necessário. Se todos os agentes econômicos acreditarem que o BC
não poderá subir os juros, vão se sentir mais livres para reajustar os preços.
É nesse dilema, exatamente, que mora o perigo.”
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