Por Carlos Sena (*)
De novo a seca. – Ô NOR, Deste? O
que tu deste de ruim a esses políticos, NORDESTE, que nunca quiseram nos livrar
da seca? – Ô NOR, Deste? Repetidamente te pergunto: o que deste ou fizeste de
tão ruim pra esses parlamentares que nós botamos em Brasília e que por ti nada
fizeram, exceto por eles próprios, sós? Será que Pelé teve mesmo razão dizendo
que brasileiro não sabe votar? Mas nós, do Nordeste, quase não somos Brasil no
quesito “acabar com a seca pra sempre”! Essa visão, certamente perdura, mas os
nordestinos não deram “nós nos destinos”... E porque não temos destinos
travados, a gente tem mudado a nossa saga. Há seca lá fora, mas há dentro de
nós úmidos sentimentos de que nós não sucumbiremos pelo fato de sermos da
região do equador. Há eco lá fora. Há dor lá fora. Mas dentro dos nordestinos
há mandacarus firmados que nos garantem sermos fortes, tementes a Deus, mas
destemidos pra vencer o chão tórrido e deixá-lo verde como a nossa esperança
contida em atitudes.
Nascer no nordeste é como nascer
em qualquer canto. Afinal, não se nasce
sem espaço físico e este é o nosso chão. Aqui “boi como sede pode até beber
lama”, mas a lama nossa de cada dia é o nosso lodo que o mundo todo escorrega
querendo-a pra si, mas não pega. Temos dentro de nós o limo que a aridez do
tempo não consegue secar; temos dentro de nós o velame e a macambira que se
misturam com a esperança que nos tem mantido de pé, como que mostrando ao mundo
que aqui a gente pode até ter seca, mas ninguém seca por dentro como esses políticos
que estão no Planalto Central.
Eu pensei em fazer uma crônica
leve. Uma crônica-canção em tom menor para acompanhar a asa branca no seu
regresso. Lá fora o chão está rachado, dentro de nós não. Por isto meu cantar
se agrava – tons graves na minha denuncia – semibreves notas que denotem que
não temos mais carência de nota “dó” por parte dos poderosos. Temos lá fora a
canção em SOL. Dentro de nós não há nó. Há nordeste unido, ungido pela auréola
que do sol se ilumina e do cruzeiro do sul se nos descortina em forma de
constelação. “Meu sinhô uma esmola para um homem que é são, ou lhe mata de
vergonha ou vicia o cidadão”... Pois é. Seu Luiz, o velho LUA tá mandando a asa
branca voltar. Como se vê, LUA, SOL, ESTRELAS são um componente que a gente
logo encontra por aqui como forma de superação. “Quando olhei a terra ardendo,
qual fogueira de São João, eu perguntei a Deus do céu, por que tamanha
judiação”? “E qualquer desatenção”, faça não, viu seu político?
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 19/05/2012
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