Por Zezinho de Caetés
Esta semana eu li uma notícia que chegou a me arrepiar. A
manchete era: “Grécia pode ficar até sem
cédulas de dinheiro”. Quem já estudou um pouco de Economia e Finanças sabe
da importância que tem a moeda na vida de uma sociedade. E não é de hoje. Basta
aguçar um pouco a imaginação para ver o que seria uma sociedade onde alguém que
quisesse comprar um penico tivesse que procurar alguém que o produzisse e ao
mesmo tempo, este produtor estivesse interessado em nosso produto, que poderia,
por exemplo, ser papel higiênico.
Sem moeda a eficiência nas transações comerciais cai quase a
zero e geraria um caos imenso. Pois, pasmem, uma eventual - e provável, segundo
alguns analistas - saída da Grécia da zona do euro e, consequentemente, o
retorno do país ao dracma, divisa
usada antes da adoção da moeda única europeia, poderia, em pleno século XXI
gerar este cenário. Pelo menos num prazo curto onde os agentes econômicos não
encontrassem alternativas viáveis.
Sem o euro, como comprar comidas, alimentos e combustíveis.
O dracma, a antiga moeda, nem daria tempo de ser feita e distribuída, e nem se
cogita disto antecipadamente, pois, como o mundo hoje vive de expectativa esta
atitude seria apenas um profecia auto-realizável.
Os estabelecimentos que lidam com moeda, no caso os bancos,
entrariam em colapso e sua nacionalização seria inevitável, ninguém pagaria a
ninguém a não ser em cupons que teriam que privar da confiança de quem
transaciona. Não é difícil prever o caos numa situação como esta. A vida do dia
a dia seria reduzida às coisas simples, e mesmo assim com muitas dificuldades.
Basta imaginar isto, num país como o Brasil para mostrar as
dificuldades. Alguém chegar com um carro num posto para abastecer e ao invés de
da tabela de preços normais (R$ 2,70) teríamos: hoje aceitamos bode assado,
meio quilo vale um litro de gasolina. Noutro, aqui aceitamos limão, um litro de
suco vale um litro de álcool, e já fazemos a caipirinha, que é vendida por um
coração de galinha valendo um dedo na mistura num copo.
A importância da moeda é fundamental num sistema econômico moderno.
Principalmente, hoje que ela não é mais só um intermediário geral das trocas,
mas também um instrumento que leva ao crédito que impulsiona o crescimento. E
por isso mesmo, todos os países zelam pela sua saúde e estabilidade ao ponto de
criarem os Bancos Centrais que cuidam dela com amor e carinho.
E nós brasileiros, que vivemos todo um processo inflacionário,
onde existe uma moeda mas era tão desacreditada que parecia não existir, temos
a obrigação de respeitá-la, cuidando de sua saúde. Embora isto parece está se
tornando secundário no governo da presidenta Dilma. Sua cruzada contra os juros
altos, nos soa como uma marcha rumo à doença de nosso “real”, de que o Lula tanto cuidou, mesmo contra as ideias do
empresário José de Alencar. Nada contra os baixos juros, mas, com já dissemos
aqui, querer mexer com preços é querer voltar a pegar boi no pasto como nos
tempos do Sarney.
Com a estabilidade da moeda não se brinca, e é por isso que
os Bancos Centrais, seus guardiães, devem ser independentes da política
rasteira que tenta se praticar em períodos eleitorais. E para ser justo, este
foi o grande legado do Itamar, Fernando Henrique e Lula (até 2010 quando
resolveu eleger um poste), para as gerações futuras. Esperemos que a Dilma não
sucumba, com a crise internacional, e nos torne uma grande Grécia, ao invés de
enfrentar a crise com reformas em nossa economia (como uma reforma tributária,
por exemplo) para que saiamos dela melhor, e não sem nossa moeda.
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