Zé Arnaldo e a vereança

Zé Arnaldo

Por Zé Carlos

Vai parecer até uma cascata de e-mails, mas, para ser compreendido tenho que começar este texto repetindo frases. Recebi o seguinte e-mail do conterrâneo Diretor Presidente (leiam-no e eu volto lá depois):

“Recebi o seguinte e-mail do conterrâneo José Arnaldo Amaral:

“Caras e Caros,

Hoje, generosos amigos e conhecidos do Alto do Vera Cruz me convocaram para representá-los e aos demais irmãos da Terra dos Villelas e de Dantas Barreto na Cãmara de Vereadores.

Aceito ou não ?

Sua opinão é decisiva.

Abçs.”

Eu o respondi com o seguinte e-mail, e estou enviando tudo isto para a A Gazeta Digital, conceituado blog da cidade de Bom Conselho, administrado pelo amigo Zé Carlos, o qual leio todos os dias, para que ele faça o melhor proveito dele, dependendo de  suas políticas editoriais:

Caro José Arnaldo,

Sei que você me conhece, pois somos quase da mesma idade, e eu não poderia dizer nem quem é um pouco mais velho nem quem é um pouco mais novo. Acompanho sua vocação para a política desde muito tempo, como acompanhei a do seu pai, nos velhos e mais belos tempos. Mas, parafraseando o ditado, o bom político “não berra”.

Eu estou agora um pouco afastado dos blogs e do mundo digital por motivos que não merecem aqui serem comentados, mas não poderia deixar de entrar outra vez no circuito, diante de um fato tão auspicioso, como aquele de alguém, com sua bagagem intelectual, cultural e política resolver, depois de algum tempo afastado da busca por cargos eletivos, escolha nossa cidade para recomeçar a cumprir o seu destino e sua vocação.

Eu estou de longe, mas acompanhando quanto Bom Conselho vem sofrendo com a ausência de bons quadros políticos. É época de renovação, e principalmente, no que diz respeito ao nosso legislativo, que sem citar nomes tem uma carência enorme de pessoas com uma capacidade maior para exercer a contento suas funções.

Eu já conversei com a maioria dos vereadores de nossa terra, como o fiz muitos anos antes com pessoas que exerciam a mesma função. Apesar de não me considerar um elitista, penso que nossa câmara precisa ser renovada no sentido de termos pessoas com uma maior capacidade de entendimento de nossa realidade, sem ser aquele somente, que hoje se dá tanto valor, que é o conhecimento de quem precisa de uma cesta básica ou não, e que muitas vezes, quando conclui pela precisão, compra a cesta com dinheiro do seu próprio bolso, e se jacta de ser um vereador excelente porque não sobra nada do seu salário no fim do mês.

Hoje há um radialista jovem, que conheci pessoalmente, embora de forma superficial, mas o vejo atuar em seu programa em uma rádio da terra, que o levará fatalmente a uma cadeira na Casa de Dantas Barreto. No entanto, eu sinto por ele e por Bom Conselho, se isto acontecer. Por ele, porque é um jovem e poderia aprender muito mais a respeito da missão de um vereador em uma cidade, e por Bom Conselho porque, sua população talvez receba muitas mais cestas básicas, mas nunca terá condições de trabalhar para comprá-las.

Eu vi uma entrevista de uma vereadora onde ela justificava ter recebido somente R$ 16.000,00 de diárias num ano para se qualificar. O que não me espanta em nada se o dinheiro tiver sido bem empregado. O que me espantou foi a reação do entrevistador a isto perguntando se ela havia pensado quantas cestas básicas haviam sido ceifadas pela emprego da verba em qualificação. E a polêmica de como teria sido empregado o dinheiro das diárias só cresce e sem nenhum benefício para as pessoas de Bom Conselho. Pois, como até eu mesmo já comentei um dia quando eu tinha a tribuna do Blog da CIT, sobre a questão das diárias, na próxima legislatura os gastos se repetirão e as cestas básicas levarão também o nosso dinheiro, e sem um mínimo de esperança que melhore alguma coisa em nossa terra.

Quando minha ex-colega de trabalho, e amiga, Lucinha Peixoto escreve com tantas tintas que somos campeões em gastos com diárias, eu fico pensando que pessoas com o seu nível intelectual, e do dela, pelo menos gastariam menos desta rubrica, como o fez o Dr. Petrúcio Borges, mesmo se nada fizessem como vereadores. E vou mais longe, em propor que além de você, outras pessoas que andam afastadas da política ou mesmo apenas a rodeando, que tivessem sua coragem e se atirassem também em busca de uma vaga na Casa de Dantas Barreto, ao invés de quererem começar por cima. Não vou citar nomes que estão na minha cabeça, mas, temos uma penca muito grande de candidatos a prefeito, ou seja, que, pleteiam serem prefeitos, mas que por motivos da política não conseguem concorrer ao Palácio do José Abílio, eu questiono por que não tentarem a Casa de Dantas Barreto. Todos sairíamos ganhando, pela renovação da casa, pois só assim temos uma possibilidade de evoluir, que é variando as coisas, mesmo correndo o risco de piorar.

Caro José Arnaldo, eu só posso dizer que vejo, e se tenho bons olhos, e direi que vejo com eles, uma grande chance para Bom Conselho se ele lhe levar para a Casa de Dantas Barreto. E, mesmo não podendo lhe dar o respaldo pessoal, pela minha condição, que considero honrada e benigna, do anonimato, você tem o meu apoio, junto com aqueles que tenha sua coragem de tentar ser vereador, dando a esta função um significado maior do que aquele que vegeta entre as diárias e a distribuição de cestas básicas.

Um abraço do amigo”

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Não é uma surpresa para mim mas, achei tão bem escrito o texto acima (as ênfases em negrito são minhas) que, como o Diretor Presidente (DP) me faculta o que com ele devo fazer, eu o transformo num “e-mail aberto”. Antigamente havia as “cartas abertas”, hoje já evoluímos pois ninguém mais sabe escrever cartas e sim mensagens eletrônicas.

A ideia do Zé Arnaldo se candidatar a vereador é como um trago da Caninha 51, uma boa ideia. E eu só tenho que reforçá-la e dar o meu apoio pessoal, mesmo estando de longe e sem muita noção do que se passa nos subterrâneos da política de nossa terra.

No entanto, pela amizade que tenho com o Zé Arnaldo (e é triste dizer, sou mais velho do que ambos os dois citados acima, mas, não tanto para lhe dar conselhos) só me retaria alegria se ele fosse fazer parte de nosso legislativo. Da opinião do DP de que ele só faria melhorar nossa câmara com sua presença, é muito difícil de discordar. E é muito mais difícil de discordar quando ele menciona o fato de que há muitos candidatos ou pré-candidatos que talvez fossem muito melhor sucedidos no legislativo do que no executivo.

Eu corro o risco calculado aqui de citar nomes. E por que o risco? Porque hoje a coisa mais difícil é encontrar um neurônio sadio em minha cabeça. Mas, por exemplo, o Álvaro Gomes, além de ter sido um bom secretário, tem um porte incrível para vereador. O José Tenório (e jamais eu o chamaria de Zé Oião, sabendo o que soube lá no cafezinho do Luis Clério), além de um eximido orador, conhece os problemas desta cidade na ponta da língua e dos dentes. O Fernando Benjoino, que não sei porque já está entregando o bastão político ao seu filho, quando sei que ele é mais novo do que eu, e vive na terra. O próprio Luis Clério, com sua capacidade de articulação política, seria uma excelente aquisição para a Casa de Dantas Barreto. O Hélio Urquisa, o Valfrido Curvelo, a Narriman Amaral, Emanuel Luna,  e tantos outros, só para citar alguns que se aproximam de minha idade (menos Narrimam, é claro), pois não me atrevo a falar em gente mais nova, por desconhecimento de causa.

Ou seja, dentro da mensagem do DP eu notei sua meta básica de dizer que não há cargos mais baixos ou mais altos na política municipal, como a maioria pensa. Se houver vocação para coisa pública, e para servir ao público (o que deveriam serem coisas iguais), um vereador ou um prefeito tem o mesmo peso político. Por exemplo, temos ainda muitos ex-prefeitos vivos e atuantes, mas, até agora não vi nenhum deles falando em se candidatar a vereador. Por que seria? Temos só uma vaga para prefeito e 11 para vereador, levando a relação candidato vaga ser maior do que a do curso de gastronomia na UFPE. Será que é porque em ambos os casos considera-se a comida muito importante?

Bem, eu devo terminar, pois, como político aristotélico, o que posso fazer é desejar ao Zé Arnaldo que tenha sucesso nesta sua nova caminhada. Fingindo que concordo com minha amiga Lucinha Peixoto, e diria que só não dou um apoio maior, pela distância em que estou, e pelo o muro onde habito,  que não permite enxergar muito bem as coisas de nossa terra, ou pelo menos, não tão bem quanto o pessoal do Alto do Vera Cruz.