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quarta-feira, 7 de março de 2012

Testemunhos do Vovô Zé - A evolução tecnológica



Por Zé Carlos

Já faz algum tempo que não me travisto de Vovô Zé. E talvez não faça isto porque agora sou acusado de me travestir de Lucinha Peixoto, e alguém poderia até pensar que é verdade. Como eu gosto tanto do Vovô Zé quanto da Lucinha, embora, como escritor, eu preferia à última, a ela deixo esta questão de quem é quem, pois a ofendida é ela, e o elogiado sou eu. E aproveito para hipotecar minha solidariedade à nobre colega, pelo seu direito, mas do que constitucional, e sim, natural de existir. E sigo em frente, me travestindo, mas, de Vovô Zé, que também tem cabelos brancos, iguais aos meus.

Davi no "desktop"

Miguel no "laptop"

Os meus dois netos são uma verdadeira aula de vida. Um com 3 anos e outro com 8 meses, quando aparecem aqui em casa ou quando eu vou na casa deles em Caruaru, me remetem à meditação sobre vários assuntos importantes. Hoje, ao rever as fotos acima, meus neurônios alquebrados foram parar na revolução tecnológica da era digital.

Apesar de ainda termos um país que não chegou por completo à revolução industrial do século XIX, e que, se deixarmos, a China faz-no voltar no tempo chegando ao escambo de produtos primários, já vivemos a revolução digital. Não é tarefa minha, quando travestido de Vovô Zé, analisar as possibilidades altas de nossa economia se desindustrializar completamente, pois, quando me visto com seu manto, eu só entendo mesmo de netos.

Quando o Davi, meu neto mais velho nasceu, eu ainda visitava à CIT Ltda, e quando conversava com seus componentes, mesmo depois de deixar à empresa, eu dizia que meu neto teria que ser um precoce estagiário do ramo digital, e queria um posto para ele, naquela empresa. Como vocês podem ver na primeira foto, eu já o treinava em casa, num computador que eu tinha, que era chamado de “top” de linha, e ficava imóvel em minha mesa e portanto era batizado  de “Desktop”.

Lembro muito bem de uma discussão no Blog da CIT envolvendo o Zezinho de Caetés e o José Fernandes sobre a língua portuguesa, onde ao defender o acordo ortográfico, tentava criar o português brasileiro, evitando a invasão da língua inglesa dentro da nossa língua pátria. Então ao invés de “Desktop”, ele, mestre de todos nós, dizia que ao invés de complicar a vida dos nossos leitores, criando palavras complicadas para a mesma ideia, no caso, tentando dizer “computador de mesa”, usar a palavra, aportuguesada “desquetope”, que quer dizer a mesma coisa, seria a solução. De vez em quando ele ainda usa sua língua, mas parece que a ideia não pegou bem e continuaremos usando “Desktop”.

Este “desktop” eu ainda tenho, mas, já jogado a um canto, quase como servindo de enfeite de mesa, pois ele agora está longe de ser um “top de linha”. O que uso agora é um “Laptop”, que o Zezinho chamaria de “lapitope” ou “computador de colo”, mas, eu continuo usando este nome inglesado. E esta evolução tecnológica chegou também para os meus netos.

Vejam na foto acima, que o meu neto mais novo, o Miguel, já treina seus dotes digitais num “laptop”. Hoje, já sabemos  que a CIT Ltda não existe mais, para que eu pleiteei um estágio para ele. Entretanto, agora tenho um blog, que apesar de não ser meu, tenho formado uma coalizão que me permite sua governabilidade, apesar de alguns muxoxos.  E hoje, o Miguel, sempre que vem aqui em casa já se comporta como um verdadeiro estagiário. E com 8 meses já demonstra sua vocação.

O Davi, o neto mais velho, depois de ter aprendido tudo no “desktop”, já passou há muito tempo para o “laptop”. No entanto, não pensem que a evolução tecnológica dele parou aí, mesmo que eu não tenha conseguido uma foto para demonstrar isto. Ele já quase abandonou este meio um pouco antigo de nossa era digital, e agora é um especialista em “iPad”, que é um computador, que também chamam de “tablet”, e que preferimos, seguindo a evolução linguística, dizendo que é um “fingertop”, ou seja, um “computador de dedo”.

Mas, não fiquem pensando que fiquei satisfeito em seguir a evolução “desktop”, “laptop”, “fingertop”. E alguém poderá perguntar se o Vovô Zé não estaria satisfeito com o aprendizado dos seus netos. O motivo de não ficar satisfeito, não é pela evolução tecnológica; é apenas o orgulho ferido de que, em tão pouco tempo, quem me ensina a usar o “fingertop” é o Davi, e não o contrário. Ou seja, o Vovô Zé parou no tempo.

No entanto, mesmo com toda evolução tecnológica, que hoje atinge meus netos, todos os netos e nem todos os filhos nem todos avós, eu me emocionei mesmo foi com a notícia de que o Davi, chegou de sua escola, já sabendo escrever a letra “a”, com sua mãozinha e seu lápis. Eu fiquei me lembrando do meu tempo e constatando que só vim cometer tal façanha quando tinha quase 7 anos, diante da palmatória de D. Lourdes Cardoso.

Até quando os meus netos vão ainda usar lápis e papel para escrever ninguém sabe, mas que vou cobrar deles escrever até o “z”, isto eu vou. Também escrever, pelo menos de “1” até “10”. E se eu tivesse ainda uma Cartilha do Povo e uma Tabuada, eu talvez não os forçasse a aprendê-las, mas, as daria a eles de presente. É, Vovô Zé ainda tem muitas coisas das antigas.

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