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sexta-feira, 30 de março de 2012

CHICO ANIS ESTRELADO




Por Carlos Sena (*)

Chico me lembra de Francisco que me lembra de José que a gente chama de Zé. Chico me lembra de Maranguape que me lembra de seara que me lembra de Ceará. Chico em sua seara, em que Ceará estará montado o riso de agora?

Chico, que chiqueza era teu sarcasmo visceral, debelando a falsa moral deste país sem pais. Chico chiqueza, nem maluco só, mas, só beleza  com seu arsenal de cria ativa idade. A cria de Chico era a criatividade de cada personagem – todos advindos da fonte do Orós que nem sempre roga por nós. Ou dos lábios da Ira que a Pira Cema lhe outorgou infante. Lábios de mel que às tantas mulheres soube dar, mas que só a “Caridosa” de Melo quase lhe fez  murchar em dissabores mil.

“Maior rapoio” é o que nordestedamos. Nós, que destinados somos para a luz dos holofotes das megalópoles, agora te destinamos sem nós. Ô NOR, Deste? Deste, sim, Francisco. Com Francisco nos deste a sabedoria dos livros, com Francisco prosseguiste na sabedoria das telas e nas conjugações das cores em quadros e telas geniais. com Francisco ainda nos deste sem nó belas canções em tons maior do teu tamanho pictórico.

Se Chico e enquanto Chico, só pensavas “naquilo” se o quesito fosse chão, nordeste, sina, torrão, seca, chuva, casamento de viúva. Saúva da seara dos sem terra para a aventura sudestina dos destinos nunca dantes traçados pela cigana sem linhas, sem mãos, sem aceno, sem solidão...

Se Chico, sempre Anis estrelado rumo ao fim sem “ZEFINI”, junto a nós pela voz dos sem ela, dos sem trela, dos que pra fazerem ri primeiro choraram seus prantos mesmo sem canto. Se Francisco, o Fantástico que da vida não era o Show, mas era o gol das nossas gargalhadas, das tiradas hilárias da vida por ela mesma dividida.

Se Francisco era primor na escrita, bendita verve que polia o idioma com suas peripécias eruditas, mais ditas do que sábias, mas sábias e ditas ao mesmo tempo.  Prelo da solidão vencida na sintonia fina da ironia sábia que faz os sisudos sorrirem e os descontraídos farfalhares. Se Chico, a Chiqueza do Véio Zuza, a destreza do homem do Abaitolá.

“Foi pra Galera”... Quem te espera quem te espera? Anis Anísio Francisco Chico do nordeste não precisa de espera. A espera é difícil pra quem sempre soube fazer a hora da existência por si mesma. Foi pra galera sem galeRIA, foi pro céu e nem mesmo ele sabia. Quem como ele sabia da morte se o riso enquanto passaporte da felicidade lhe conferia eternidade?

Salomé do Passo Fundo está inconsolável. Seu “Guri” não era biba, mas virou purpurina no seu maior estilo. Como Francisco era a cor Púrpura do Riso, como Chico era a purpurina sem motivo das noites que só ele restava para apaziguar a mesmice. Como Chico escreveu para Seu Piru, para Dona Cacilda, Seu Galeão Cumbica, Seu Rolando Lero, Seu Boneco, Dona Meirinha, Seu Bicalho, Pantaleão, Terta, Cuinhã, João Cana Brava, Paulete, etc., etc. Como Chico deu a mão a tantos, mas recebeu os pés de muitos. Ofício que ele não cansava nunca, posto que nunca perdera essa verve de nordestino que nunca se vence do invencível.

Como Chico foi quase completo. Como Francisco claudicou se juntando à Collorida que até onde imagino descoloriu sua vida de tanto brilho. Cumpriu, o cearense, mais uma sina de ser caridoso – agora com a Caridosa de Melo que ele tão bem batizou na escolinha. Como Francisco foi franciscano em seu despojamento. Como Chico, foi fiel ao seu juramento de fazer da vida um sorriso e deste país uma piada nem sempre de mau gosto. Como Francisco mostrou ao Brasil com quantos paus os nordestinos fazem uma cangalha. Como cearense disse pro país da sua seara insana de viver até a ultima gota como se orvalho fosse, desde que não fosse de uma rosa qualquer, nem de um pomar qualquer, nem de uma relva qualquer. Como Chico, uma Chiqueza de inteligência bem direcionada para o bem. Chico anis estrelado, junto do firmamento aguardado... No céu, fico pensando quem irá lhe abrir a porta. Rolando Lero? Biscoito? Não. Talvez quem melhor vá lhe saudar seja a Derci Gonçalves com um terrível “PUTA QUE O PARIU, mas você não devia nunca morrer”!
 
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(*) Publicado no Recanto de Letras em 24/03/2012

3 comentários:

  1. EU NÃO CONHEÇO ESSE ESCREVINHADOR POR NOME DE CARLOS SENA, MAS, ABELHUDAMENTE, QUE ELE GOSTE OU NÃO, JÁ VOU COMEÇAR A TRATÁ-LO DE RABISCADOR CACHORRO DA MULESTA. DIZER QUE UM TEXTO DESTE É PRIMOROSO É HUMILHÁ-LO E, QUANTO AO TROCADILHO DA MANCHETE, HÉIN?!?!?! SIMPLESMENTE FENOMENAL!!! TUDO ISSO É UMA CONTRIBUIÇÃO FORMIDÁVEL DOS BLOG's OU BLOGUEIROS DE BOM CONSELHO DE PAPACAÇA PARA TODO O NOSSO AGRESTE MERIDIONAL. E OLHE LÁ, SE NÃO PULAR A CERCA E ESBARRAR OU BATER À PORTA DE OUTRAS PARADAS POR ESSE BRAZIU DA DIUMA!!!

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  2. TODOS ELOGIOS SÃO POUCOS PARA O FENOMENAL CARLOS SENA;UM TEXTO DESTE É COMO DIZ O ALTAMIR PINHEIRO;A VOCÊ CARLOS SENA, SÓ RESTA-ME DIZER.PARABÉNS,PARABÉNS,MIL VEZES PARABÉNS, PRA VOCÊ EU TIRO O CHAPÉU.

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  3. José Fernandes Costa31 de março de 2012 às 09:29

    Carlos Sena, que pena que tu sejas um só. Que dó sentimos quando ouvimos teu grito, no infinito de um poema. Porque tu és um só. Sem ponta e sem nó. De mil fonemas, não de um só fonema. Tenho pra mim que és assim, porque no eu espírito, há um grito de poeta, numa vida repleta de sabedoria. Na prosa, no texto, na poesia. Não és poemático bissexto. Estás para a bondade, a suavidade, a claridade diária. Estás no topo, estás na vária. - E na saudade que não se mede, aqui se despede o admirador, incolor, com alegria, todo dia, sem dor. Com ou sem valor. Não importa. A poesia é VIVA, não é morta. E nos cativa./.

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